Largo da Matriz
tomado pela salão paroquial
Foto: Arquivo da Biblioteca Pyraí
Depois
de 1958, seguiram-se oito anos sem outra encenação das Cavalhadas,
época em que a Festa do Divino de Pirenópolis entrou em acentuado
declínio, principalmente por conta do pouco entusiasmo do povo e dos
festeiros que se seguiram. Ocorriam apenas a parte religiosa e
algumas apresentações de dança ou teatro.
Era
preciso resgatar o explendor e o entusiasmo de outrora. Mas isso
dependia de dinheiro e influência, razão pela qual a família Pina
se tornou imprescindível no processo de revitalização dos
festejos.
A mudança então teve inicio quando Mauro de Pina, então
com apenas dezoito anos de idade, foi sorteado imperador, já no ano
de 1966, ocasião em que não existia mais o velho largo (desfigurado
pela praça e invadido por construções), e a encenação das
Cavalhadas migrou-se para um espaço na rua do Campo.
Era um local
improvisado e apertado, nem de longe comparado com o arejado largo da
Matriz. O público era separado dos cavaleiros apenas por uma corda e
os camarotes se amontoavam no lado contrário ao do sol, enquanto que
do lado oposto sobravam vagas.
A
festa de Mauro de Pina foi um grande sucesso. O casarão de seu pai,
Lulu de Pina, que fica em frente à igreja Matriz, foi aberto ao povo
e ali se serviam refeições e bebidas sem restrição do número de
gente.
Muitos jovens da época não se lembravam de como eram
encenadas as Cavalhadas, dado o grande espaço sem sua apresentação.
Tiveram de buscar antigos cavaleiros para que ressurgisse esse grande
teatro a céu aberto, e José de Pina continuou como rei mouro,
enquanto Fiico da Babilônia era seu embaixador. Havia muito
cavaleiro bom naquela nova apresentação, como Joãozico Lopes, Dito
Zafá, Felipe etc.
A
Festa do Divino de Pirenópolis, no entanto, chegou ao seu auge com o
sorteio de Geraldo de Pina, deputado federal e extremamente influente
na infante Brasília, tanto que chegou a levar Juscelino Kubitschek
até a cidade.
Geraldo foi o responsável pelo novo fôlego da festa,
ao promover o início dos festejos com bastante barulho (alvoradas,
zabumba e apresentações da Fênix). No dia 24 de maior, sábado do
Divino, foi feita uma queima de foguetes nunca vista em Pirenópolis,
com uma girândola de 10 mil tiros, além de fogo de artifício e
tiros de ronqueira (morteiros). Centenas de meninas vestidas de
branco saíram do casarão de seu pai, Lulu de Pina, nos rumos da
Matriz.
Devido
à influência obtida nas lides parlamentares, tornou Pirenópolis
conhecida por Brasília, e nessa ocasião a pequena cidade se viu
invadida, literalmente, por uma assustadora massa de turistas.
Isso
só foi possível porque, no plano de revitalização da festa,
Geraldo tomou a corajosa decisão de puxar a primeiro dia das
Cavalhadas para o domingo, o que propiciou oportunidade para que,
daquele ano em diante, os turistas pudessem assistir pelo menos um
dia de apresentação.
No ano seguinte, Duílio Pompeu de Pina foi
sorteado e continuou a promover a festa no mesmo estilo da nossa
safra de imperadores. As Cavalhadas se consolidavam e não mais
deixariam de ser apresentadas nos anos seguintes.
Bibliografia:
BRANDÃO,
Carlos Rodrigues. O Divino, o santo e a senhora. Rio de Janeiro:
Funarte, 1978.
CARVALHO, Adelmo. Pirenópolis, coletânea
1727-2000, história, turismo e curiosidade. Goiânia: Kelps,
2000.
CURADO, Glória Grace. Pirenópolis, uma cidade para o
turismo. Goiânia: Oriente, 1980.
FERREIRA COSTA, Lena Castelo
Branco. Arraial e coronel. São Paulo: Cultrix, 1970.
JAYME,
Jarbas. Esboço histórico de Pirenópolis. 2 v. Goiânia: Imprensa
da UFG, 1971.
JAYME, José Sisenando. Pirenópolis (humorismo e
folclore), 1983.
SILVA, Mônica Martins da. A festa do Divino –
romanização, patrimônio e tradições em Pirenópolis (1890-1988).
Adriano
César Curado