segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Pirenópolis: Patrimônio da Humanidade

     Quando o Centro Histórico da Cidade de Goiás recebeu o título de Patrimônio da Humanidade, em 2001, os pirenopolinos se alvoroçaram com a possibilidade de também alcançarem tal honraria. Isso aconteceu porque Meia Ponte e Vila Boa sempre foram cidades com intensa rivalidade política, tanto que disputaram quem seria a capital da Província de Goiás.

      O incêndio na igreja Matriz em 2002, no entanto, jogou água fria no sonho de Pirenópolis ser incluída na lista do Patrimônio Mundial da Humanidade e abalou profundamente a cidade. A classificação de um local como Patrimônio da Humanidade é feito pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação) e visa catalogar, para preservar, locais de excepcional importância cultural ou natural, como patrimônio comum a ser desfrutado por toda a humanidade.
Mercado S. José, na rua Direita, demolido em 2010
     Não é fácil alcançar o título de Patrimônio da Humanidade, pois os locais que desejam se candidatar devem se encaixar em rigorosos critérios de seleção. O Centro Histórico de Pirenópolis, se encaixaria no seguinte critério: “ser um exemplo de um tipo de edifício ou conjunto arquitetônico, tecnológico ou de paisagem, que ilustre significativos estágios da história humana”.

      E para que serve esse título? Entre as muitas vantagens, poderia citar: o status de ser Patrimônio da Humanidade e ter o nome da cidade em catálogos do mundo todo; fomentação de conservação do patrimônio material; e a possibilidade de obter dinheiro do World Heritage Fund para custear a manutenção dos prédios. Se você tem uma casa catalogada, dentro dum conjunto arquitetônico, como Patrimônio da Humanidade, imensas são as possibilidades de angariar fundos para sua reforma e conservação.

Casarão na rua Matutina, desabou em 2010

     Mas a cada dia que passa, Pirenópolis fica mais longe de conseguir esse título. Digo isso porque sua população ainda não compreendeu a essência da arquitetura dos casarões onde habita. É comum ouvir pessoas que dizem: “a casa está velha, tem que pôr no chão e fazer outra”. Então, do dia para a noite, derrubam o casarão, jogam fora adobe, assoalho de madeira e a estrutura de aroeira. Depois refazem tudo “igualzinho” ao que era antes, só que com tijolo furado, vigas de concreto, telhado de metal, cerâmicas modernas etc. E eu pergunto a você: é o mesmo casarão de antes?

      Para exemplificar o que digo, por ocasião de inscrever o Centro Histórico da Cidade de Goiás como Bem Cultural da Humanidade, a UNESCO sintetizou o seguinte parecer: “Goiás constitui um testemunho da ocupação e colonização do interior do Brasil nos séculos XVIII e XIX. Seu desenho urbano é característico das cidades mineras de desenvolvimento orgânico, adaptadas a seu entorno. Ainda que modesta, a arquitetura de seus edifícios públicos e privados apresentam uma grande harmonia, que é fruto, entre outros fatores, de um emprego coerente de materiais e técnicas locais". (UNESCO/BPI)

Casarão ao lado da Matriz, as pinturas (paredes e teto) de Tonico do Padre desapareceram
     Veja bem a importância de se preservar nosso casario tal qual foi edificado. A avaliação da UNESCO diz que a arquitetura dos edifícios, ainda que modesta, apresenta uma grande harmonia devido “ao emprego coerente de materiais e técnicas locais”. Que é isso? São as paredes de adobe, taipa-de-pilão ou pau-a-pique; são o baldrame de areira e o assoalho de tábuas; são as telhas coloniais; etc. Quem joga isso fora, ainda que levante uma casa com semelhança à demolida, não tem mais um edifício histórico, possui apenas uma réplica sem valor.

      Antes de pleitear ser Patrimônio da Humanidade, o pirenopolino tem que aceitar que sua cidade possui uma arquitetura simples e frágil, com as paredes sem prumo, o madeiramento tosco, o assoalho de tábuas irregulares. E são essas características que singularizam nosso rico acervo patrimonial. Quem quiser ver formosos palácios de mármore que vá passear em outro locais, aqui em Pirenópolis é tudo muito singelo, sem luxo, modesto.


Casarão em reforma na rua Direita: retiram o teto de madeira e puseram de metal
Adriano César Curado

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Imagem e o Imaginário

Imagem do acervo da Família Pina



Esta fotografia registra, no Largo da Matriz, uma embaixada entre o rei mouro José de Pina (Zé de Lulu) e o embaixador cristão Benedito Jayme Siqueira (Dita Zafá), nas Cavalhadas de 1958.

Esta foi a última encenação no largo, já que, oito anos mais tarde, as Cavalhadas retornariam, na Festa do Divino de Mauro de Pina, mas agora no campo de futebol Dr. Ulisses Jayme, onde está até hoje.

Se analisarmos bem a imagem, veremos que, naqueles bons tempos de gente educada, não havia sequer uma corda para conter o povo, mas ainda assim ninguém invadia o campo.

Outra curiosidade é o casarão no canto direito da foto, onde atualmente está a casa de dona Ita e seu Alaor de Siqueira. Naquela época diziam que a casa, já uma tapera, era mal assombrada e à noite ouviam-se gritos, arrastar de correntes e pedidos de socorro vindos lá de dentro.



by Adriano César Curado, escritor, poeta e historiador. Baixe gratuitamente seu livro DEUS MORA NO SEU INTERIOR ou entre em contado através de adrianocurado@hotmail.com




quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Guia Sentimental de Pirenópolis

CONVITE PARA EXPOSIÇÃO DE OBRAS DE ARTE E LANÇAMENTO DE LIVRO







O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura de Pirenópolis, através da Secretaria de Cultura, convidam para a exposição de obras de arte do artista Elder Rocha Lima e para o lançamento de seu livro Guia Sentimental da Cidade de Pirenópolis.



Data: 25.02.2011

Horário: 20h
 
Local: Cine-Teatro Pireneus (Rua Direita, Centro)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Carnaval 2011 (preparação)

Informe da Prefeitura Municipal de Pirenópolis sobre a preparação do Carnaval 2011:

"O carnaval de marchinhas em Pirenópolis é um sucesso total e tornou-se um evento consolidado por seu perfil cultural, resgatando a história e tradicionalidade dos carnavais de época. Este ano teremos um evento no mesmo padrão, trazendo a toda comunidade e visitantes o som da centenária Banda Phoenix com as marchinhas alegrando os foliões de todas as idades.


Um presente que Pirenópolis recebeu no ano passado do nosso amigo cartunista Jorge Braga, foi a logomarca do Carnaval Cultural, um verdadeiro sucesso que representou nossa cultura e alegria com muita dignidade. A pedido de vários representantes da comunidade, este ano novamente o alegre Mascarado Pierrô, torna-se figura marcante em nosso evento.


A novidade este ano é a parceria firmada entre Secretaria de Turismo e o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, onde a decoração totalmente reciclada será confeccionada pelas centenas de crianças que participam do programa.


Com o intuito de socializar e envolver a comunidade no desenvolvimento do turismo no município, Pirenópolis abre espaço aos menos favorecidos, tornando cada criança parte fundamental deste evento tão importante para nosso calendário de festividades.


Toda folia será preparada na Rua Direita, uma das principais ruas do centro histórico, onde casarões coloniais nos remetem ao passado tornando a diversão dos antigos e novos blocos carnavalescos garantida.


Os desfiles dos blocos serão realizados no sábado e terça feira, sendo a concentração na Praça do Coreto sentido Rua Direta as 21hs, ao som animado dos tambores dos todos.


A cidade se prepara para receber cerca de 20mil foliões  com apoio da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, entidades do trade e vários Departamentos da Prefeitura, que com muito planejamento e organização, busca estar preparada para atender de maneira segura e tranqüila à todos.


Para tanto são necessárias que sejam seguidas algumas normas por todos que vierem à nossa linda Pirenópolis, são elas:


  • A proibição de som automotivo: Com apoio da Policia Militar, estaremos proibindo som em carros que além de perturbar nossos moradores e visitantes, são um dos principais meios de degradação aos casarões históricos que temos em nosso centro histórico.
  • Proibição de venda de Bebidas em recipientes de vidro: Uma ação fundamental para a segurança de todos é a proibição da Venda de Bebidas em garrafas de vidro, da mesma forma solicitamos aos nossos visitantes que não circulem pelas ruas da cidade com copos e garrafas de vidro. Vamos evitar acidentes!
  • Acampamento em áreas públicas: Nossa cidade conta hoje com várias opções para hospedagem, desde pousadas simples às mais luxuosas. A todos que necessitam de apoio para localizar um meio de hospedagem, informamos que a Secretaria de Turismo poderá informar diversas opções para sua acomodação. (62) 3331-2633 / 3331-1397.


Estamos sempre trabalhando para tornar o Destino Pirenópolis um local para descanso, tranqüilidade e lazer à todos que nos visitam."

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Futuro




Todos nós, pirenopolinos natos ou de coração, queremos que esta cidade maravilhosa não perca jamais sua excelente qualidade de vida. Embora eu me reporte sempre ao passado, bem sei que devemos voltar nossos olhos é para o futuro, onde existirá a comunidade que idealizamos no presente. E que comunidade será essa?

Sabemos que hoje muitos são os problemas sociais de Pirenópolis. Podemos exemplificar que, há bem pouco tempo, não tínhamos meninos de rua, significativos índices de violência, engarrafamento do trânsito e por aí vai. Todos esses problemas são desafios que precisam ser estudados com urgência, e a solução deve ser encontrada na união entre o gestor público e a sociedade organizada.

A organização é tudo. Apenas a título de exemplo, cito a cidade de Roma, tão pequena e distante, mas que foi capaz de conquistar quase todo o mundo na antiguidade. E como ela fez isso? Através da organização. Seu exército era  o mais organizado e seus comandantes grandes mentes estrategistas.

Não resolve culpar a prefeitura pelas mazelas da cidade, como se o prefeito soubesse uma magia para resolver tudo. Digo isso porque os municípios brasileiros estão falidos e essa situação somente se resolverá com a reforma do nosso sistema tributário. E o Município de Pirenópolis, em especial, tem dívidas antigas parceladas por décadas, que abocanham significativa fatia de seus repasse e arrecadação.










Li hoje no DIÁRIO DA MANHÃ, Caderno Opinião Pública, p. 2, uma interessante matéria escrita por Juarez Alvarenga e intitulada “Fuga para o interior”, onde o autor nos conta que com “a evolução grandiosa dos meios de comunicação e facilidade dos meios de locomoção, o progresso se universalizou. Trazendo com ele a homogeneização cultural e a projeção individual, independentemente de fronteiras. Começa timidamente, mas já visível, a desmetropolização do século XXI. As grandes metrópoles começam a ficar inviáveis psicologicamente e paradoxalmente os municípios começam a ficar viáveis economicamente. Este retrato começa a trazer o êxodo contrário à segunda metade do século XX. Primeiro, o homem interiorano não está mais emigrando, segundo, o homem metropolitano está iniciando o processo de deslocamento para o interior. O século XXI será do interior. O espaço já não é mais problema. Com a homogeneização cultural e o avanço tecnológico não é necessário mais ficar estrategicamente num grande centro para ter um grande futuro”.

Pirenópolis faz tempo que começou a receber jovens profissionalmente ativos e a prova disso é o surgimento dos condomínios verticais, antes inimagináveis numa cidade para onde só se mudavam aposentados. Por outro lado, a carência de vagas de trabalho para pessoas com pouco ou nenhum estudo é desafiadora. Quem tem o hábito de caminhar devagar pelo setor Alto do Bonfim sabe o que digo. A parte mais próxima do Morro Santa Bárbara é uma impressionante favela cuja renda principal vem da extração da pedra.

Aliás, a pedra ainda é a principal atividade econômica de Pirenópolis, ganha longe do turismo. E diferente do turismo, o dinheiro da mineração circula dentro da cidade, movimenta o comércio das vendinhas dos bairros, põe a comida na mesa da grande maioria dos pirenopolinos. Já a atividade turística é outra realidade. Noutra postagem falarei mais sobre este assunto.








Voltemos ao tema atual. O pirenopolino Mauro Cruz sugeriu, no meu entendimento de forma correta, a criação do CONSELHO DAS CIDADES, um órgão colegiado integrante do Ministério das Cidades, composto pelos mais variados segmentos da sociedade local. Por ser um órgão que tem natureza deliberativa e consultiva, ali poderão ser expostos os temas que desafiam a cidade e possivelmente encontradas soluções satisfatórias.

Eu sinto que tem muita gente interessada na melhoria de vida em Pirenópolis. Basta citar como exemplo a questão do som automotivo, depois que publiquei duas postagens sobre o assunto, além de diversos comentários, choveu de mensagens no meu e-mail pessoal, muitas com sugestões interessantes para resolver o assunto. Senti também o grande temor dos pirenopolinos com a proximidade do Carnaval e a possível “invasão” da cidade por baderneiros.

Pirenópolis é uma cidade muito boa para se viver, tem tranquilidade interiorana e diversidade cultural impagáveis. Tem também problemas sérios e que requerem soluções à altura. O que falta, na minha opinião, é maior união e organização. Mas eu acredito que podemos criar um futuro muito melhor que o presente, numa crescente evolução social.



by Adriano César Curado, escritor, poeta e historiador. Baixe gratuitamente seu livro DEUS MORA NO SEU INTERIOR ou entre em contado através de adrianocurado@hotmail.com


 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Máquina do Tempo


 
     Vamos fazer uma passeio diferente? Eu convido você, caríssimo leitor, a embarcar comigo nesta virtual máquina do tempo e juntos recuaremos quase 92 anos. Vamos juntos com o dr. Carlos Pereira de Magalhães, um advogado paulista que por aqui passou, conhecer como era Pirenópolis naquele tempo, saber mais de sua gente, dos costumes, da sociedade política, da mocidade etc.

     Seja bem vindo à bordo.

 
“Pirenópolis, 24 de novembro de 1919 – Estado de Goiás


      Chegando a esta cidade, avisou-me o major Siqueira que deveria aguardar a chegada do senhor Freimund. Que fora a Roncador. (…)

      O velho Cabo Pina, membro de uma rica família goiana, militar reformado e inspetor policial desta praça, levou-me à sua casa, no alto da Lapa, bairro populista. A seu lado, uma pequena chácara para alugar: a casa de telha, bem caiada, dois cômodos, pitorescamente situada entre bananeiras, aluguei-a por um ano, pelo preço de 25 mil réis. Nesse mesmo dia, transferi minha mudança para esta bucólica habitação. (…)

     Estou passando dias agradáveis em companhia do velho Cabo, que assentou praça em 1870, e familiarizando-me com o povo, em cujas veias corre generoso o sangue indígena. O governo federal mantém neste alto um posto meteorológico e na cidade uma estação de Telégrafo Nacional.

 
Região da Serra dos Pireneus
     Coqueiros-da-bahia sombreiam os quintais, viçosos vinhedos antigos ainda não aproveitados para a fabricação de vinho, cajus e toda sorte de frutas tropicais em profusão. Lindos pássaros frequentam esses enormes quintais defendidos por muros de pedras, como tucanos, joão-congo, graúnas e soldados, duas variedades de lindo gorjeio; as rolas fogo-apagou fazem os seus ninhos nos beirais dos velhos telhados. Cidade asseada, que o sol aquece com raios de luz brandos e coloridos, refletindo nas vidraças de mica e nas lajes de itacolomito do seu calçamento. O rio das Almas desliza silencioso sobre o leito de areias douradas, contorneando a cidade. Pirenópolis, antiga Meia Ponte, rodeada de montes, no sopé do Planalto Central, sentinela do norte bárbaro e inclemente, cujas tropas vêm na seca aqui se abastecer. O seu povo é tradicionalista, guarda porcelana do Reino, grandes relógios de parede, fardas e antigas espadas para as Cavalhadas, mas a época áurea exauriu-se em 1851, com o falecimento de Joaquim Alves. Esse grande homem residia em um magnífico sobrado e publicava um jornal, A Matutina Meiapontense. (…)

      O círculo cavalcante atual: o homem do mando, doutor Olavo Baptista, distinto clínico; coronel Félix Jayme, seu adversário; senhor Luís Augusto Curado, o fiel da balança; José Lourenço, o mesmo que me negou na capital apresentação ao presidente, por não ter roupa de casimira, é o homem da ronha política.

 
     Aos sábados, o círculo plebeu em redor da minha chácara matava um boi e distribuía o churrasco, e o restante era vendido no dia seguinte. Ao cair da tarde, rezavam um terço na casa do cortador Balduíno, homem valente e capaz. As meninas do povo ali se reuniam, acendendo no largo uma fogueira. Em torno das crepitantes chamas davam-se as mãos e cantavam velhas canções, obra-prima de tristeza, com voz límpida e argentina:

Pica-pau, lá do sertão
Não é como o daqui não
O de lá bate no pau
O daqui bate, bate, no coração

      Estribilho de uma melancólica endecha de tempos idos. Essas meninas ostentam com graça e modéstia, à luz vacilante da fogueira, os insolentes relevos de uma sadia nubilidade. Brilham em seus cabelos pirilampos alfinetados e no colo airoso colares de pérolas, isto é, de ovos de caramujo grande. Dançam com elegância e decência sob a severa fiscalização do cortador Balduíno, chefe desse quarteirão e responsável pelo que acontecer. Graciosa juventude de espírito alegre e coletivo, unidade e glória de um povo – o goiano, filho de São Paulo.


 
Casarão alugado pelo autor na Lapa
     O major exigiu fosse eu visitar a velha Fazenda do Abade no Planalto Central, abandonada há mais de 30 anos, expulso o seu proprietário, o engenheiro Arena, em 1886, hoje propriedade da viúva dona Maria Amblard de Arena. A Intendência de Pirenópolis tomou posse e a desfruta como sua.



     Parti na companhia de Balduíno, que ia em busca de uma rês para o churrasco do próximo sábado. Durante dois dias a percorremos, à noite dormimos no chão sobre os arreios, a mais de 1.300 metros acima do nível do mar. Às horas mortas, acordei, deslumbrado na contemplação do céu: pareceu-me uma revoada de andorinhas de luz, paralisadas no seu voo para o infinito... Senti a insignificância do nosso planeta e a mesquinharia das suas querelas. A limpidez e o oxigênio da grande altitude nos ofereciam aquele grandioso espetáculo. Pastagens, veredas, capões de mato fechados, cachoeiras de dar vertigem, lavras auríferas, eis o Abade, registrado com 101 quilômetros quadrados de superfície. (…)”

MAGALHÃES, Carlos Pereira de. Cartas de Goiás – No princípio do século XX. São Paulo: Editora De Letra em Letra. 2004, pgs. 143/146

Adriano César Curado

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Caminhões no Centro Histórico (Parte 2)

Carreta estacionada na contramão no Centro Histórico

Carreta no Centro Histórico
Destruição de plantas no Centro Histórico


     Na continuidade da postagem sobre veículos pesados no Centro Histórico, quero contar que presenciei caminhões carregados de areia, pedra e gente, num sobe e desce incessante pela ladeira em frente à igreja Matriz. Deparei até com um trator irresponsavelmente usado como veículo de entrega de carga. Até uma carreta imensa eu flagrei estacionada na porta da residência do Dr. Elim Dutra, ao lado da Pousada das Cavalhadas, e que inclusive quebrou galhas da frondosa árvore que lá existe.

Transporte de pessoas em carroceria



     Já que esses caminhões não cabem com folga nas ruas e becos estreitos de Pirenópolis, o resultado é que danificam constantemente o passeio público, muros e paredes dos casarões. Isso sem falar nas luminárias, que são os alvos preferidos pelos imperitos motoristas.


Candeia destruída

Candeia destruída

Candeia destruída

Candeia destruída


     Será que esperam um acidente feio em Pirenópolis para acabar de vez com o trânsito de caminhões no Centro Histórico? Na cidade de OURO PRETO, pequenos incidentes aconteciam constantemente, alguns até destruíram parte do patrimônio histórico da cidade, mas somente quando uma pessoa morreu é que baniram de vez os caminhões dali. Da cidade de Corumbá de Goiás enviaram-me uma foto de acidente horrível, em que um caminhão destruiu parcialmente um casarão histórico e por sorte não machucou ninguém.



Local de encaixe dos tocos de limitação de bitola

Pista de baixo da Neco Mendonça

Caminhão pela contramão na Neco Mendonça

Tocos removidos

Buraco de encaixe de toco, agora entupido

Placa na estrada para Corumbá

Placa na entrada da cidade

 

     Para facilitar o pernoite dos ônibus que saem cedo de Pirenópolis, o toco central (dos três existentes) da pista direita da avenida Neco Mendonça foi removido. É que assim os veículos podem ali estacionar, sem prejudicar a área da rodoviária. Acontece que os caminhoneiros já descobriram isso e agora (vejam que perigo!) entram pela contramão na avenida para sair por esse escape.




Caminhão carregado de areia no Centro Histórico







     Esta postagem, como todas as demais do blog, tem apenas a intenção de contribuir para a melhoria da qualidade de vida em Pirenópolis. Quero ver minha cidade com plena funcionalidade, com capacidade de acolher a crescente demanda de turistas bons que para lá se dirigem. Problemas como esses nem deveriam existir mais, pois requerem solução fácil de se efetivar.



Transporte de pessoas na correceria de caminhões

Trator usado como veículo de carga no Centro Histórico

Ônibus estacionado na Neco Mendonça

Toco removido



     Não adianta fazer de conta, tem que resolver a questão. Se não é para transitar veículos pesados no Centro Histórico, então a norma deve abranger todo mundo. Pronto! Do contrário, arranquem logo todos os tocos e liberem geral. 
Acidente em Corumbá de Goiás

Acidente em Corumbá de Goiás
 
Adriano César Curado