O ouro que foi extraído das minas de Meia Ponte era enviado ao rei de Portugal e serviu principalmente para aformosear o Convento de Mafra. Mas a povoação se localizava em um local estratégico, no entroncamento de estradas, e isso lhe foi favorável para o desenvolvimento do comércio e o
intercâmbio com os mercadores que por aqui passavam.
Sobre o assunto conta Paulo Bertran*:
“Pirenópolis não deixou especial fama por suas lavras de ouro, mas logo estabeleceu-se como ponto central das vias de comunicação das minas que a todo ano brotavam em solo goiano e tocantinense. [...]
A essa terrível azáfama de riqueza e miséria assistia uma Pirenópolis bem assentada nos caminhos e na mercancia, povoada majoritariamente por família cujos fundadores vieram do norte de Portugal.
Na sua imediata área de influência, fundaram-se os arraiais auríferos de Córrego de Jaraguá (atual Jaraguá-GO), de Santa Rita do Rio do Peixe (Capela), de Santo Antônio do Campo do Rio São João, no Maranhão, extinto, e o de Nossa Senhora da Penha de Corumbá (Corumbá de Goiás).”
Por isso, muito além de garimpeira, a população meia-pontense era comerciante e soube se aproveitar bem da localização privilegiada de sua povoação. Isso explica bem porque a vila permaneceu apesar do declínio da mineração ainda no século XVIII.
Adriano Curado
Imagem: Desenho de William John Burchell retratando Meia Ponte em 1827.
Pesquisa:
BERTRAN, Paulo. História da terra e do homem no Planalto Central. Brasília: Verano. 2ª ed., 1999, p. 97.
FERREZ, Gilberto. O Brasil do Primeiro Reinado visto pelo botânico William John Burchell 1825/1829. Rio de Janeiro: Fundação João Moreira Salles; Fundação Nacional Pró-Memória, 1981.