O propósito era fazer diferente, isto é, unir-se formalmente pela Lei dos Homens e sob as de Deus, mas sem os signos e marcas dos segmentos religiosos convencionais. Assim, convidaram-me para celebrar essa união, que se deu num dos mais aprazíveis ambientes deste Planalto Central, sob a égide da Poesia e, obviamente, do Amor que os motiva (L.deA.).
Lorena e Ricardo, 20/06/2015
Estamos juntos
nesta tarde de sábado, dia 20 e é junho, atendendo ao chamado de Lorena
Fernandes Gomes e Ricardo de Pina Freitas, esses jovens lindos e amorosos que,
encantados numa noite pelos sons do ambiente, na harmonia musical dos
cantadores destas terras dos Pireneus, decidiram unir suas vidas. E fazem isso
evocando o nosso testemunho, para nossa alegria, envolvendo-nos em sua
história.
...
Eu sei, como
poucos, o quanto nos encantam os sonhos destas serras e cachoeiras. Não somente
pelo cantar dos pássaros ou o esturro das onças que povoavam as matas em nosso
redor, não apenas pela cascatas que cantam, sob o arranjo do vento nas
folhagens e no troar das chuvas. Há o Sol e a Lua, astros atrevidos aos nossos
olhos e sentidos. O resultado é a sugestão das artes, desde a mistura das cores
e formas sob os pincéis e os cinzéis, tão familiares ao grande santeiro Veiga
Valle até os mais sensíveis olhos e ouvidos de tantos nativos e visitantes,
adventícios e passantes.
Esta terra, no sopé
dos Pireneus de Goiás, atrai viajores eventuais e, sobretudo, os voluntários,
os que aqui vêm para confirmar nossas práticas, nosso folclore, nossas artes e
nossas vidas – e muitos tornam-se parte delas, sim!
Das artes plásticas
aos registros documentais e poéticos, das histórias contadas e dos versos
cantados, aparece a música – a mais expressiva dentre todas as artes, no
conceito deste poeta – que é o referencial maior na história de Pirenópolis das
ruas tortas e dos luares de tantos sonhos e delírios!
E voltando a Lorena
e Ricardo, sinto que as palavras trocadas após o cruzar de olhares, gestos e
presenças, essas coisas costumam seguir-nos nas horas seguintes, embalam nosso
sono e muitas vezes invadem os nossos sonhos.
Foi assim com eles,
sem dúvida!
A gente sabe, a
lembrança fica forte no dia seguinte, e dela, dessa lembrança, nasce a vontade
do reencontro. E este, quando se dá, semeia no peito da gente a semente do
doce, do meigo e do amor.
E foi assim! Alguns
encontros mais, a certificação da alegria e dos prazeres, a sinceridade de
propósitos, a comunhão de ideias e planos... Até que, poucos meses depois,
dá-se um grande momento – precisamente no dia 9 de março – em que o moço olha
com doçura e firmeza no olhar da moça e lhe pede: “Namora comigo!”...
Ela não vacila, põe
mais brilho no belíssimo olhar e aquiesce.
As conversas
seguintes são mais sólidas e profundas, nenhum dos dois oculta mais o desejo de
consolidarem-se, de comungarem suas vidas. Quem sabe não é tempo de se pensar
num futuro longo e promissor, com o propósito de lançar ao futuro a
continuidade de suas origens?
Ora! Tudo isso está
no ideal das pessoas e define-se no mais importante livro da Civilização
Ocidental – a Bíblia – quando conceitua a “continuidade das espécies” num modo
poético e universalmente apreciado, que o poeta traduz assim:
Juntou Deus a água ao pó, e fez-se o barro.
Soprou Deus a escultura e fez-se o Homem.
“Deixará o homem o pai e a mãe e se unirá a
sua mulher e se tornarão uma só carne”. Lorena e Ricardo buscam, juntos, esse
caminho: o da feitura de “uma só carne” a partir de sua união.
Nada mais justo,
nada mais limpo e lindo que isso: a união de gêneros e sexos, com afeição
sincera e lealdade recíproca. Lorena traz consigo projetos e sonhos, que
absorve em amor, porque é de amor que se faz a vida. E, certamente, a vida,
agora nova, há de se expandir para ela e Ricardo: “Uma só carne”, como
preceitua o texto bíblico.
“Fiat pax”
(faça-se a paz) entre os gêneros, porque é nosso propósito a harmonia dos seres
com o almejo à reprodução e à boa formação moral e intelectual, saudável e
duradoura dos nossos frutos.
Quando os nossos
corações pulsam, pela nossa sobrevivência, ou se aceleram pelas nossas emoções,
repetem a energia que imprime a música de todos as coisas. Cada um de nós é
peça de uma grande máquina chamada universo, mas nada é mais importante para
cada um de nós do que nós mesmos – até que encontremos alguém cujo olhar invade
o nosso, cujas palavras se confundem com as nossas e nossos pensamentos começam
a parecer iguais. É o amor que nasce!
O amor é grande,
muito grande! O que nos cabe é pequenino e pouco; se nos parece grandioso é
porque nossas forças são limitadas, mas somos indispensáveis a nós mesmos e aos
que nos são mais próximos – especialmente aos que nos são queridos, como os que
aqui estão em regozijo com este propósito de Lorena e Ricardo.
Somos, então, seres
sensíveis e racionais, ativados por um espírito que nos induz e nos conduz a um
constante aprimoramento social e moral. Não nos unimos em matrimônio sob o
êmulo das riquezas materiais, mas pela ânsia de melhor fazer pelos que nos são
pósteros e, de um modo egocêntrico, mas não egoísta, de também crescermos.
Hoje, o móvel de
Lorena e Ricardo é o amor. E, ao se unirem, fazem-no com preces ao Criador,
pedindo-Lhe que lhes fortaleça esse amor. E que lhes proporcione a paz para a
tolerância ante suas diferenças.
Que Lorena e
Ricardo tenham também, sob a luz do Pai Criador, otimismo para vencer os dias e
seus testes, o futuro e suas surpresas. Sejam abençoados, pois, para alcançar,
se não todos, os principais sonhos dessa união.
...
“O maior
compromisso no amor é ser feliz sem receio”, canta em sua mais recente canção,
em parceria com Paulinho Pedra Azul, o nosso Pádua Cantador – e essa música me
foi mostrada por ele ontem, é muito nova!
Acrescento ainda
que o amor é o desejo de se possuir o que é bom.
O amor é o desejo
do belo, ele é delicado, é virtuoso... O amor é poeta!
Mas é preciso ter
cuidado... O amor pode deixar entrar o ciúme – e o ciúme costuma matar o amor!
Quem ama confia. E o amor vira flor, o amor cria asas e nos leva longe e alto!
Abençoe-os o Pai
dos Homens, dos bichos e das plantas, das águas e das montanhas, dos horizontes
visuais e dos nossos sonhos.
Que assim se faça!
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Texto do escritor Luiz de Aquino Alves Neto