Dias desses, conversando com um amigo, ele me disse algo em que eu nunca tinha pensado. Será que fizemos um mínimo para melhorar o mundo onde habitamos? Seremos lembrados por algum feito relevante ou nosso nome quedará no esquecimento? Já se foi a geração de nossos pais e agora é a nossa que está no comando. Pensar nisso me dá um frio na coluna! Gostaria de continuar apenas assistindo da confortável poltrona do teatro e nunca ter que intervir na dramaturgia. Mas isso agora já me parece impossível.
Não sei se herdamos um mundo inacabado e vamos deixá-lo um pouco melhor. Nem sei se quando o último que ainda nos tiver na lembrança morrer, se ainda assim persistiremos na história contada. Só sei que uma infinidade de coisas há ainda para se consertar e o tempo é um ser vivo a serpentear ligeiro ampulheta abaixo.
E não falo de melhorarmos o mundo inteiro. Basta que acedamos uma centelha, um lume em nossa própria aldeia. Nossa aldeia vale pelo universo todo. Se eu puder tornar minha Pirenópolis superior em qualidade de vida, em um lar transbordante de bondade, então já terá valido a vinda por estas paragens.
O sonho de muito de nós pirenopolinos, com mais de quarenta anos. é recuar a história pelo menos até a tranquilidade da foto acima. Mas isso infelizmente não é mais possível. A tranquila Pirenópolis só persistirá em nossas lembranças. Não tem importância, pois feliz do homem que traz consigo recordações que valham o sono.
E se não podemos voltar no tempo, que pelo menos tenhamos ânimo de manter preservados nossos valores. Muitos são os desafios que se avizinham. Tem esse time share parede-meia com a Igreja do Bonfim, tem a falta de planejamento turístico a longo prazo, tem a questão da expansão do plano diretor e por aí vai. Novos obstáculos a desafiarem o antigo povo de Meia Ponte. Mas nós já sobrevivemos a tantas intempéries, já saímos incólumes a tantas tragédias, que esses malefícios presentes não nos derrotarão.
E que assim seja!
Adriano Curado