Pirenópolis
sempre foi uma cidade voltada para a cultura. Comprova isso seu
folclore rico em manifestações espontâneas populares e o interesse
da juventude na manutenção do rico patrimônio histórico.
Entre as
várias formas de arte que sempre fervilhou na mente dos
pirenopolinos está a dramaturgia. Gerações de bons atores se
revesavam nos palcos da nossa terra, em espetaculares apresentações
que, infelizmente, se perderam no tempo.
No
século dezenove, grande era a carência por um espaço físico na
cidade para apresentação das peças teatrais, que eram levadas ao
palco pelo teatrólogo Sebastião Pompeu de Pina. E num terreno
adquirido de Sebastião José de Siqueira, em 1889, deu-se início à
construção do prédio do teatro. E para isso “concorreu o povo,
com donativos que eram vendidos em leilões, e a municipalidade com
pequena importância. Além disso, Pompeu de Pina fazia loterias,
cujos rendimentos eram aplicados àquele fim”. (JAYME, p. 153).
Sua
inauguração se deu em 1899, com a peça “O Judeu”, de Antônio
Manuel. E nos anos seguintes mais de 40 peças foram encenadas. Era
hábito do pirenopolino espalhar colchões pelo chão para as
crianças dormirem e levar lanches para comer durante os espetáculos.
Algumas
peças se destacaram na história do teatro, entre elas "Trinta
Botões", "Juiz de Paz da Roça", "Demofontes",
"Aspasia", "Ezio em Roma", "Artaxerxes",
"Graça de Deus", "Alecrim e Mangerona".
Sebastião
Pompeu morreu em 1927 e o prédio foi vendido a Ilídio, que já
tocava a Pensão Central, situada em terreno um pouco acima, e passou
a ser usado como cinema e raras apresentações teatrais. Em 1942
Leone Mendonça comprou o prédio e o transformou em casa comercial e
salão de bailes. Posteriormente passou a outras mãos e se
transformou em marcenaria, bar, mercearia, lojas etc.
No
início da década de 1980, um banco queria comprá-lo para demolir e
construir uma agência moderna no local. Salvou-o o prefeito Altamir
Mendonça que o adquiriu e, através de convênio com o Governo do
Estado de Goiás, conseguiu restaurá-lo e devolvê-lo à função de
teatro. Mas passou à administração estadual.
Vinte
anos depois da reforma, o prédio se encontrava muito comprometido
por infiltrações e por infestação de cupins. Nesse momento entrou
em ação a Sociedade dos Amigos de Pirenópolis (Soap), com Emílio
de Carvalho (presidente), José Reis (secretário) e Adriano Curado
(tesoureiro), conseguiu a aprovação de um projeto junto à Lei de
Incentivo à Cultura do Governo Federal, obteve patrocínio da
Petrobras e ocorreu a completa restauração do velho prédio.
Em 2010,
o prefeito Nivaldo Melo conseguiu junto ao Governo do Estado a doação
do prédio ao Município de Pirenópolis, três décadas após passar
à administração estadual.
Adriano
César Curado
Fonte:
Livro:
CURADO, Glória Grace. Pirenópolis; Uma Cidade para o Turismo. Goiânia: Oriente, 1980.
JAYME, Jarbas, Esboço
histórico de Pirenópolis. Goiânia: UFG, 1971.
JAYME, José Sisenando.
Pirenópolis: Humorismo e Folclore, Edição do Autor, 1983.
PINA JUNIOR, Sebastião Pompeo. Comédias. Goiânia: Editora Oriente, 1979.