VENTO LENTO
Vento lento
que uivou noite inteirinha
na soleira da minha porta
e moveu pela casa
as recordações adormecidas!
Que me traz, lento vento,
do seu baú de presente
que poça amenizar
a dura saudade
do ausente?
Adriano Curado
VENTO LENTO
Vento lento
que uivou noite inteirinha
na soleira da minha porta
e moveu pela casa
as recordações adormecidas!
Que me traz, lento vento,
do seu baú de presente
que poça amenizar
a dura saudade
do ausente?
Adriano Curado
Acontece que a luta pela igualdade racial não deve se limitar apenas ao dia de hoje. Ela tem que ir muito além, e começar no fim das piadinhas de gosto duvidoso, indo até o dia em que a seleção para um emprego leve em conta apenas o talento.
Nesta ocasião de reflexão, quero lembrar dos milhares de escravizados africanos que foram trazidos para nossa Pirenópolis, quando aqui ainda se chamava Minas de Meia Ponte, e foram forçados a trabalhar em limites extremos, o que lhes encurtou a vida. Era penosa a existência de um escravizado negro.
Ele não tinha direito algum, comia mal, trabalhava demais, passava por humilhações inenarráveis. Não era raro ter o corpo marcado por chibatadas, como na foto acima. Se era reincidente em tentativas de fugas, cortavam-lhe os tendões de aquiles, pois assim ele ainda conseguiria trabalhar, mas ficava impedido de correr. Se tomava conhecimento de algum segredo da casa grande, era cegado ou lhe amputavam a língua. Nem o inferno descrito por Dante se igualou em horror a tamanha atrocidade.
E o pior de tudo isso é termos que sair do contexto histórico para narrar crueldade com negros nos dias atuais. Sim, já avançadas duas décadas neste século XXI, ainda vemos uma polícia racista, uma sociedade regida pelo apartheid, discriminação racial em vagas de emprego, ingresso em universidades, tribunais e palácios. Os negros merecem o respeito do Brasil, que é um país não-branco.
E não me venham com postagens na internet pregando equanimidade racial, enquanto que na realidade há o subjetivismo oculto dos que querem dizer o inverso.
Não carece de levantar faixas de "abaixo o racismo". Basta pura e simplesmente aplicar no cotidiano uma simples regra: igualdade para todos, não importa a raça, a opção sexual, religiosa ou política.
Adriano Curado
PS.: essa fotografia me emociona desde o dia em que a vi pela primeira vez. Trata-se de um casal idoso (o que era raro) de ex-escravizados, em Porto Alegre no ano de 1900. Note que estão de mãos dadas em frente a uma choupana e miram o horizonte com olhar perdido, como se indagassem: e agora?
Nivaldo Melo foi eleito o novo prefeito de Pirenópolis. Que Deus o abençoe para que sua administração seja plena é feliz.
Parabéns a ele.
Com as eleições se avizinhando, conheça os candidatos a vereador em Pirenópolis para o pleito 2020. É importante conhecer as propostas de cada candidato para escolher com sabedoria. Afinal, serão quatro anos como representantes do povo na Câmara Municipal. Não é prudente votar por amizade ou parentesco, tem que conhecer os projetos de atuação do candidato, caso ele seja eleito.
Nossos candidatos a vereador para Pirenópolis são:
Nossa cidade é histórica e turística, e isso traz um certo conflito, o que é natural, entre preservar nossa cultura pura e simples, ou receber novos valores agregados que vêm de fora. Dá para calibrar essas diferenças e conviver pacificamente com o novo. O que não pode é deixar que a massificação nos atinja e leve embora a essência de nossa cidade.
Costumo sempre citar o exemplo de Caldas Novas, cidade que já foi repleta de casarões históricos, com igreja colonial e tudo mais. Tal qual aqui. Mas a especulação imobiliária (igualzinho por aqui agora) apareceu, cresceu e engoliu tudo. Agora eles não têm mais a identidade inicial. É uma outra cidade, com novos moradores, com hábitos e costumes modificados.
Em matéria de cultura é a mesma situação. Os grandes festivais e feiras que aqui se realizam (ou se realizavam) todos os anos, embora de conteúdo plenamente voltado para o turismo, não deixam de impactar nossa cultura local. Isso nem sempre é maléfico, saliente-se. Vejo um exemplo de boa influência nas aulas de música ministradas nas oficinas do Canto da Primavera.
E é bom salientar que a APLAM não vem sendo tratada com o respeito que se espera do poder público. Se antes tinha uma sede ampla e de visibilidade plena na rua Direita, hoje está espremida em um cômodo no Centro Cultural Ita e Alaor.
Dias melhores se avizinham no horizonte. Tenho absoluta certeza de que brevemente nossa dignidade cultural será restabelecida e a história saberá distribuir méritos e desméritos as seus respectivos titulares. Enquanto isso, sigamos resistindo e torcendo pela nossa preservação cultural.
Adriano Curado
Foto nº 01: Canto da Primavera em 2014 - site Agita Pirenópolis;
Foto nº 02: Casal Ita e Alor - domínio público