quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Brasília Colonial — Nos tempos do ouro

 
Esqueça os candangos e os grandes empreiteiros dos anos 1950. Muito antes dos caminhões cruzarem a poeirenta Brasília em construção, portugueses se apoderavam das terras hoje ocupadas pelo Distrito Federal e pelos municípios goianos do Entorno. Seus escravos africanos erguiam casas, lojas e igrejas. Eles eram a base de uma sociedade que tinha no topo os ricos donos de imensas fazendas e suas submissas mulheres.

As propriedades rurais, tomadas por gado e cana-de-açúcar, alimentavam pequenas cidades e vilas, habitadas por padres, militares, comerciantes, artesãos e funcionários públicos. Os núcleos populacionais estavam ligados por trilhas e raras estradas de terra, percorridas por tropeiros em lombo de burro e carros de boi. Muitos viajavam em busca de ouro.

Cenário comum a Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Pernambuco e ao Rio de Janeiro dos séculos 18 e 19. Porém, no quase isolado Planalto Central, a vida era mais difícil, principalmente para quem tinha poucas posses. Realidade pouco alterada até o começo da construção de Brasília, mas ainda desconhecida da maioria dos brasilienses e dos demais brasileiros.

Para recuperar essa parte da história do país, uma equipe do Correio passou uma semana visitando cidades e fazendas centenárias dos arredores da capital. Percorreu mais de 1 mil km em estradas de asfalto, de terra e em trilhas. No caminho, encontrou os originais de documentos datados de até 300 anos, casarões centenários intactos e em ruínas, povoados e fazendas que parecem ter parado no tempo, descendentes de poderosos latifundiários e de escravos, pesquisadores e moradores que lutam para preservar a memória da região.

O resultado dessa apuração o leitor confere a partir de hoje, na série Brasília colonial. As reportagens vão revelar a riqueza secular dessas terras e o que ainda resta delas. Tesouro pouco explorado turisticamente pela maioria dos atuais donos e ainda nem mapeado completamente pelo governo ou pela comunidade científica.

Em seu levantamento, o Correio contou ao menos 390 edificações com mais de 100 anos e em estilo colonial, em um raio de até 200km de Brasília. São igrejas, casarões, presídios desativados e antigos armazéns. No DF, os prédios ficam em Planaltina e no Park Way. Em Goiás, eles estão nas áreas rurais e urbanas de Cidade Ocidental, Corumbá, Formosa, Luziânia e Pirenópolis.



Em busca de ouro

Os primeiros povoamentos ao redor do atual Distrito Federal surgiram em função da colonização das terras dos índios da etnia Goyá (grafia antiga) e da corrida ao ouro no Brasil. Mais antigo dos núcleos urbanos da região, Pirenópolis (casarão acima), distante quase 140km de onde seria erguida a nova capital do país, começou a ser ocupado em 1727, quando um grupo de bandeirantes portugueses, vindo de São Paulo, ali fundou as Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte.

Os desbravadores já sabiam da existência do ouro, tanto que, logo após montar acampamento, se lançaram à cata do precioso metal no leito do Rio das Almas. Eles passavam o dia revirando e lavando o cascalho das margens até poder apurar o ouro com bateia, em um dos mais antigos métodos de garimpagem.

Oriundos do norte de Portugal, região do Porto, e da Galícia, em sua maioria, os portugueses logo trataram de construir casas e igrejas, formando um arraial. A ainda imponente Igreja Matriz, cartão-postal do município, eles construíram por volta de 1728 a 1731.

No mesmo período, bandeirantes rumavam para o que viria a ser Corumbá, a vizinha mais próxima de Pirenópolis.

Também atraídos pelo ouro, fixaram acampamento na margem esquerda do Rio Corumbá e, em 8 de setembro de 1730, fundaram o arraial de Nossa Senhora da Penha do Corumbá. Ergueram ranchos de pau a pique, com chão de terra batida e cobertura de palhas de buriti. Um deles virou capela. Os outros serviam de moradia aos bandeirantes e a seus escravos.

Coube aos negros plantar roças de cereais para abastecer o arraial. Acima dessas plantações, havia uma clareira na mata ciliar, onde hoje está a Praça da Matriz, que servia de pasto aos cavalos dos pioneiros de Corumbá.


Igrejas separadas

Uma década depois, à procura de novas minas de ouro, o bandeirante Antônio Bueno de Azevedo partiu de Paracatu (MG), acompanhado de amigos e escravos, em direção a Goiás. Mas não tinha direção certa.

Em 13 de dezembro de 1746, enquanto descansava às margens de um córrego, viu pepitas de ouro. No dia seguinte, ergueu um cruzeiro e dedicou as minas e o povoado à Santa Luzia, futura Luziânia.

A notícia logo se espalhou. Em menos de um ano, o arraial tinha mais de 10 mil habitantes. Uma enormidade para a época.

Como em Pirenópolis, a primeira grande edificação de Luziânia foi a Matriz, que começou a ser erguida em 1765, sendo inaugurada em 1767. Mas só a população branca podia frequentá-la. Com isso, os negros começaram a erguer, em 2 de junho de 1769, a Igreja do Rosário (foto anterior).

Os dois templos continuam de pé, mas apenas o dos negros mantém a estrutura original. Após um ano de trabalho, o prédio foi reaberto, completamente restaurado, em setembro do ano passado. Ele fica no ponto mais alto da Rua do Rosário, onde se concentram os prédios históricos da cidade, hoje com mais de 160 mil habitantes.

Mas, muito antes de atingir essa população, Luziânia viveu uma fuga em massa, devido ao declínio dos garimpos. A população caiu de 10 mil habitantes, no pico da mineração, para pouco de mais de 2 mil, ao fim da exploração do ouro.

A minoria branca ficou nas poucas casas do vilarejo e nas sedes das fazendas, que viviam da produção de cana-de-açúcar e da criação de gado. Os escravos que não trabalhavam nas propriedades rurais formaram comunidades em volta delas. A mais famosa, a do Mesquita, fica na área rural da Cidade Ocidental, a cerca de 50km de Brasília e a 25km de Luziânia, onde descendentes dos senhores de engenho e dos escravos conservam a cultura dos ancestrais.



Fogão a lenha

Em pequenas chácaras e ainda grandes fazendas, brancos e negros criam galinhas e porcos soltos, fazem doces e todo tipo de comida em fogões a lenha. “Não gosto da cidade, gosto das coisas antigas”, afirma Benedito Gonçalves Soares (foto principal), 78 anos, herdeiro de uma das mais tradicionais famílias da região.

Ele e dois dos seus irmãos mantêm duas fazendas com características originais. Em ambas, os casarões, com mais de 200 e 300 anos, foram recentemente restaurados. As propriedades ficam no limítrofe de Goiás com o DF, ao lado de onde surge um dos mais modernos e caros condomínios da capital.

A fim de satisfazer o marido, Benedito, Zilda Rodrigues Gonçalves (foto anterior), 76 anos, acorda cedo para fazer, diariamente, bolos e biscoitos, sempre no fogão alimentado a lenha. “Gostaria de morar na cidade, mas meu marido não sai daqui por nada”, pondera ela, descendente de uma das mais poderosas famílias de Luziânia. “Meus bisavós tinham uma fazenda grande, com um casarão de 300 anos e uma senzala, mas depois venderam e acabaram com tudo”, lembra.

Zilda, Benedito e os filhos contam com a ajuda de descendentes de escravos para manter a casa e toda a propriedade em ordem. Os negros, em sua maioria, moram no povoado Mesquita, reconhecido recentemente como área remanescente de quilombo.

Fonte: Renato Alves (texto) e Monique Renne (fotos)

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Resultado concurso literário de Anápolis 2015 para publicação dos livros ganhadores.


A presidente da Associação Literária Anapolina (ULA), Natalina Fernandes, divulgou o resultado do concurso literário promovido em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura neste ano de 2015 no projeto Anápolis em Letras, Fatos e Imagens em sua 5ª edição.

Os aprovados foram selecionados entre dezenas de outros trabalhos por uma comissão de profissionais vinculados à Universidade Estadual de Goiás (UEG) e terão suas obras publicadas pela Editora Keops.

Serão livros distribuídos em diversas modalidades: poesias, contos, crônicas, romances, literatura infantil e juvenil, ensaios acadêmicos, com previsão de lançamento para o mês de outubro/2015.

Abaixo a relação dos premiados:

RESULTADO DAS OBRAS CLASSIFICADAS PARA O PROJETO:
ANÁPOLIS EM LETRAS FATOS E IMAGENS – 5ª Edição Ano:2015

POESIA:

01 - Sóstenes Lima *  /  Obra – A Vida em Texto
02 – Olisomar Pereira Pires* /  Obra – Garatuja
03 – Inês de Fátima Silva Curado* / Obra – Desvarios e Devaneios
04 – Izildinha Aparecida Almeida Porto* / Obra –Quase um Repente
05 – Lilly Araújo * / Obra – Som do Coração
06 – Elaine Machado / Obra – Cora Coralina - Ontem, Hoje, Sempre

ROMANCE:

01 – Paulo Silva /  # Obra – Não Somos Mais Nem Menos
02 – Elizabeth Höerning /  # Obra – Nakishka - Livro Um
03 – Marcos Delson da Silveira / # Obra – Crivo e Sabrina na Cachoeira Dourada
04 – Maria Emildes de Sousa* /  # Obra – Flor do Sertão

CONTOS:

01 –Adriano César Curado # Obra – Alvorada na Serra
02 – Rondinelli Linhares de Oliveira # Obra – November Rain e Outros Contos
LITERATURA INFANTIL:

01 – Myriam Marques  # Obra – Palavra Gira Palavra
02 – David P. da Rocha - #Obra – Vamos Brincar de Aprender Com Poesia
03 – Flaviana da Silva -# Obra – O Mundo Encantado de Aninha
03 – Marcos Delson da Silveira - # Obra – Crivo e Sabrina na Cachoeira Dourada

LITERATURA INFANTO-JUVENIL:
01 – Valéria Litvac * -# Obra – Qual o Título? Qual sua Poesia?
02 – Alice Miguel da Cruz/Dalci Barbosa/Eloisa Sampaio * -#Obra – Anápolis- de Vida à Cidade.
03 – Bruna Heloísa * -#Obra – Certos e Errados Dias
04 – Maryana Nascimento* - #Obra – Poemas e Sentimentos

CRÔNICAS:
01 – Mauro Hugo Azevedo -#Obra – Em Cada Canto, Um Conto!
02 – Alvinan Magno* =#Obra – Martelos da Afirmação

ENSAIOS ACADÊMICOS:
01 – Éden Vaz - #OBRA – O Canto Patafísico da Modernidade
02 – Juscelino Polonial - # Obra – Ensaios de Sociologia
03 – Walter Simão* -# Obra – Sustentabilidade
04 - Sandra Cristina -# Obra – Sistema Deseducacional Brasileiro
05 – Org. Priscila Santana Silva * = #  Obra – O Uso e Abuso da Publicidade Voltada para o Público Infantil: Realidade dentro do Contexto Anapolino.

LTERATURA RELIGIOSA/AUTOAJUDA
01 – Delnil Batista* - #Obra – O Conhecimento de Si Mesmo (Vol. II)
02 – Silva Júnior - #Obra – Pensando Bem!...

DRAMATURGIA:
01 – José Olímpio Alves de Morais - Obra – Renúncia

ENSAIO HISTÓRICO:
01 – José Fábio da Silva* - #Obra – O Discurso dos Tempos Modernos
02 – Arnaldo Salustiano - #Obra – Dos dois lados da tela: Cultura Caipira, Paisagem e Ruralidade no Cinema de Hugo Caiapônia.


Fonte: Natalina Fernandes - presidente da ULA.

Brasília colonial — Uma fazenda babilônica




Nenhuma propriedade traduz melhor os tempos do ouro e da cana-de-açúcar no Distrito Federal e no Entorno do que a Fazenda Babilônia. Na área rural de Pirenópolis (GO), ela faz jus ao nome devido à sua grandiosidade.

Descendentes dos antigos donos ainda preservam o que de melhor a fazenda sempre teve. A fachada e todos os cômodos estão como há mais de 200 anos. Ao redor, em seus fogões a lenha e suas imensas mesas de madeira maciça, eles cultivam, cozinham e comem os mesmos pratos feitos e consumidos pela família do senhor de engenho e seus escravos.

A fazenda teve origem como um engenho de cana-de-açúcar batizado de São Joaquim, no fim do século 18, quando os proprietários não moravam nela. Entre 1800 e 1805, escravos construíram o imponente casarão em estilo colonial, com o dinheiro do comendador Joaquim Alves de Oliveira. Em pouco tempo, ele transformou a propriedade na maior empresa agrícola de Goiás do século 19.


Na época, toda a fazenda ocupava uma área do tamanho de 50 mil campos de futebol. O comendador era dono do povoado Minas de Meia Ponte, a atual Pirenópolis. Com a agricultura e o comércio, transformou o lugarejo em uma das principais cidades goianas, tornando-o o centro comercial do estado.

Com quase 300 mulas, a tropa de Joaquim de Oliveira levava produtos da Babilônia e de outras propriedades de Goiás ao restante do Centro-Oeste. A caravana trazia nessas viagens produtos essenciais, como sal e ferro, e outros tantos lucrativos ao comendador, como tecidos finos e armas.

Com a patente de tenente-coronel comandante, ele editou o primeiro jornal do Centro-Oeste, a Matutina Meiapontense — que circulou de 1830 a 1835 —, montou a primeira biblioteca do estado e levou um professor para educar a população local.

 


 


Exageros
Dos tempos áureos, a Babilônia mantém impecavelmente conservado o casarão sede. Grossos esteios e vigas de madeiras, com paredes de adobe e pau a pique, sustentam o prédio de 2 mil metros quadrados. Algumas vigas medem dois palmos de largura e atravessam vãos de até 15m.

Coberto com telhas-coxa, o telhado é feito de caibros roliços, com cerca de 20cm de diâmetro, próximos uns dos outros. Encaixes precisos e cavilhas de madeiras unem o madeirame. Até as dobradiças das portas são feitas de madeira. Havia carência de metal no início do século 19, devido à dificuldade da importação por causa do custo da longa viagem.

Os pregos usados na construção, principalmente nos assoalhos, são quadrados, feitos manualmente em bigornas. Muros de pedras ainda cercam o casarão. Erguidos pelos escravos, eles também circundam o curral, outras construções da propriedade e cruzam boa parte do pasto.

 

Na sede da fazenda, destaca-se ainda a capela — toda original —, na varanda, que acompanha toda a frente da casa. O altar, estreito e ao fundo, é encimado por um pequeno nicho onde se encontra a imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre um retábulo de madeira. Chamam atenção ainda os diversos espelhinhos redondos, correntes pintadas e meias-luas, provavelmente herança dos artistas escravos africanos.

Na parede contígua à casa, há uma janela treliçada com vista para a sala. “Da sala vê-se o altar. Era também uma maneira de contemplar as mulheres, que assistiam às missas acomodadas na sala. Os homens assistiam em pé, na varanda. Apenas o padre ficava dentro no interior da capela”, conta Telma Lopes Machado, 62 anos, integrante da quarta geração de proprietários da Babilônia.

O comendador morreu em 1851. Com a decadência da cana-de-açúcar e do algodão, em função dos altos custos com o transporte das mercadorias, os herdeiros decidiram se desfazer da propriedade. Revendida, ela chegou à família de Telma, que faz de tudo para manter a propriedade produtiva e de forma original.

Senzala
Dos tempos do comendador, desapareceu a senzala, que abrigava os escravos. Ninguém sabe a data da sua extinção. A única certeza é a de que o prédio existiu. Há vestígios perto do muro de pedras e um desenho colorido de Tonico do Padre (Antônio da Costa Nascimento, um artista local), de 1864.



  


Arqueólogos goianos fizeram escavações há oito anos e encontraram restos da senzala e dos seus ocupantes. Com base em documentos guardados na sede, também dá para se ter uma ideia de sua dimensão. Era a única da região toda arruada, servida de água e sanitários — na verdade, latrinas.

Telma e os parentes ainda guardam outras relíquias. Uma delas é a imagem de Nossa Senhora da Conceição, com 21cm de altura, esculpida por José Joaquim de Veiga Valle. Nascido em Pirenópolis em 1806 e morto na Cidade de Goiás, em 1874, ele é a maior referência da arte sacra goiana e o mais importante artista do estado até o século 19.

Para manter viva a história da Babilônia, Telma e três ajudantes preparam quitutes da tradicional cozinha goiana, feitos em fogões a lenha e oferecidos aos visitantes. Alguns, como doces preparados em tachos de cobre, levam um dia para ficar prontos.

Em uma área equivalente a 1.020 campos de futebol, a Babilônia atual mantém criações de cerca de 1,2 mil cabeças de gado leiteiro e de corte. O que se planta serve de alimento aos donos, aos 14 empregados e aos turistas que pagam pelo café sertanejo, com até 40 itens.

 

Com toda essa riqueza, a propriedade acabou tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1965, quase 25 anos depois do centro histórico de Pirenópolis. O órgão entregou a propriedade como nova, em 2008, após quase dois anos de restauro.

Como chegar
Pirenópolis fica a 150km de Brasília. O acesso se dá pela BR-070 ou pela BR-060 (com entrada por Abadiânia). Para chegar à Fazenda Babilônia, é preciso andar mais 24km, até o Km 3 da GO-431, estrada que leva ao sentido contrário à capital do país.

Visitação
Além de restaurar a sede da Fazenda Babilônia, o Iphan recuperou o antigo paiol para servir de receptivo aos visitantes. No local há sala de recepção, banheiros e uma lojinha com artesanato e guloseimas feitas na propriedade rural, como há 200 anos. Sábados, domingos e feriados, ela é aberta aos turistas de 8h30 às 16h30. A entrada custa R$ 12. Quem tem até 12 anos não paga.

Além do passeio, é oferecido um café com 40 itens da culinária goiana. Se quiser conhecer a propriedade e comer, o visitante adulto paga R$ 50. Para a criança, o serviço custa R$ 25. De segunda a sexta-feira, as visitas precisam ser agendas por meio de um desses telefones: (62) 3331-1226; 9294-1805; 9291-1511.



Renato Alves (texto) e Monique Renne (fotos)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Lagolândia, a vila esquecida perto de Pirenópolis

 
 
Os brasilienses buscam o sossego em Pirenópolis, a 150km do Distrito Federal. Mas poucos sabem que há ainda mais tranquilidade em uma vila da cidade histórica. Distante 43km da sede do município, o distrito de Lagolândia parou no tempo. Com 500 habitantes, o lugarejo conserva hábitos do início do século passado, um conjunto de casas centenárias, uma natureza selvagem e uma das mais intrigantes histórias de fé e messianismo do país.

Lagolândia, que um dia foi município mas perdeu o status por ver a sua população decrescer por causa da migração para os grandes centros em função da falta de emprego, não oferece serviços de internet nem de telefonia móvel. A comunicação com outras localidades ainda é feita pelos antigos telefones fixos e serviços dos Correios, como cartas e telegramas. 
 
 
 
Além de um posto da estatal, o povoado conta com um posto de saúde, uma escola — apenas com o ensino fundamental –, meia dúzia de bares e um mercadinho. Dessa forma, os jovens nascidos ou criados em Lagolândia vão deixando a terra natal em busca de melhores oportunidades nas cidades próximas, como Pirenópolis, Anápolis e Goiânia. Quem fica não reclama.

O ex-lavrador Benedito Moura, 69 anos, viu os filhos seguirem tal caminho, mas preferiu continuar em Lagolândia justamente por causa do marasmo. “Movimento aqui, só no fim de semana, por causa do povo que mora em Brasília, Goiânia e Anápolis e vem descansar em suas casas no povoado. Prefiro assim, mesmo dependendo de gente para ganhar meu dinheirinho”, ressalta ele, dono de um dos bares do lugarejo.

Cidade fantasma


O fenômeno descrito por Benedito faz com que a maioria das casas antigas de Lagolândia permaneça fechada durante a semana, dando ares de cidade fantasma ao povoado. Mesmo em dias de sol é difícil encontrar alguém nas poucas ruas do lugar, pois os poucos postos de trabalhos ficam no campo, em fazendas da região. Carro é objeto tão raro quanto aparelho celular. Cavalos, charretes e bicicletas sãos mais presentes nas vias de pedras centenárias, o que dá um ar ainda mais bucólico. 
 
Nesse ambiente Angélica Siqueira Santos, 25 anos, decidiu criar os filhos Bharyan, 3 anos, e Bhredd, nascido há duas semanas. Ela e o marido, pedreiro, decidiram trocar Anápolis por Lagolândia há quatro meses. Compraram uma casa antiga em frente à única praça do arraial por R$ 60 mil. “Essa casa tem uns 100 anos. Meu marido não quis reformá-la nem por forro porque a acha bonita assim, com os telhados à vista”, contou ela, destacando ainda as portas e janelas de madeira grossa e pesada. “A gente veio para cá por causa dos nossos filhos. Aqui eles podem crescer sem medo de violência e sem aprender as maldades da cidade grande”, completou Angélica.

Técnico de enfermagem do posto de saúde local, Ubiratan Wictovik, 54 anos, também mora em uma das casas coloniais em torno da praça. Nascido em Lagolândia, preferiu viver para sempre lá, ao lado dos pais. Ele foi o único dos 11 filhos do casal de goianos a fazer tal escolha. “Gosto dessa calmaria. Só sinto falta da internet e de um celular”, comenta. “Pois essa é a nossa maior felicidade (morar com o filho). O lugar mais longe que fui é São Paulo. Não gosto de barulho tumulto”, diz a mãe, Maria Wictovik, 76 anos.

A paz em Lagolândia é constatada também por meio das estatísticas policias. O último assassinato registrado no distrito ocorreu há 12 anos. Agora, os locais temem apenas o crescimento desordenado, por causa do asfaltamento dos 7km de estrada ainda não pavimentada, na direção à Pirenópolis. A benfeitora fez explodir os preços dos imóveis antigos do lugarejo. Os casarões localizados em frente à praça chegam a R$ 200 mil. Até dois anos atrás, não passavam de R$ 100 mil. E a tenência é aumentar mais.

O mito de Dona Dica

Na muito arborizada e bem cuidada praça de Lagolândia estão enterrados dois corpos, o de uma mulher considerada santa pelos locais e o do marido dela. A mulher é conhecida como Santa Dica de Goiás, tema do filme A República dos Anjos (1991). O busto de Santa Dica lidera o espaço dividido entre bancos, flores, imagens de Nossa Senhora e o sepulcro sombreado da Santa.

Nascida em 17 de janeiro de 1903, na Fazenda Mozondó, à 40km de Pirenópolis, Dica foi batizada como Benedita Cipriano Gomes. Reza a a lenda que, aos 7 anos, ela adoeceu, tendo perda total dos sinais vitais. Durante o banho do defunto, no entanto, os familiares teriam notado que Dica suava frio e muito. Com receio de enterrá-la, mantiveram o velório e, após três dias, Dica ressuscitou.

A história logo se espalhou pela região como um milagre. Romarias de fervorosos e crédulos roceiros migravam para pedir-lhe a benção e conseguir graças. Em poucos anos, já adolescente, Dica comandava legiões de adoradores que seguiam suas ordens com fiel devoção e em torno de sua casa formou-se povoado, Lagolândia .

Dica instituiu sistema de uso comum de solo e aboliu o uso de dinheiro. A ela eram atribuídas curas milagrosas. Dica dizia receber os espíritos do Dr. Fritz, da Princesa Silveira e de um comandante. Esperava a vinda do Messias para a libertação das doenças e pobrezas.

Nova Canudos

Dica também rezava missas e dava conselhos. Pregava a igualdade, abolição de impostos, a distribuição de terras. Dizia que a terra era de propriedade do Criador e foi feita para todos. Em sua fazenda não havia cercas e todos os recursos, oferendas e colheitas eram revertidos à comunidade.

Com o tempo, a influência de Dica começou a incomodar os políticos e os coronéis goianos. Eles temiam um episódio semelhante a Canudos, o povoado criado pelo messiânico Antônio Conselheiro no sertão da Bahia. Tal como em Canudos, não havia cobrança de tributos nem diferença de classes em Lagolândia, que virou uma espécie de comunidade socialista.

E, como fez com Canudos, o Estado decidiu agir contra os seguidores de Dica, quando eles já eram 15 mil, sendo 1,5 mil homens capacitados para o uso das armas e cerca de 4 mil eleitores. Em 14 de Outubro de 1925, a guarda estadual atacou o povoado e suposta santa mandou os devotos se lançarem nas águas do Rio do Peixe. Segundo o mito, anjos aparavam as balas que castigavam o povoado para protegê-los. E Dica reteu as balas com os longos cabelos negros.

O certo é que Dica acabou presa e levada para a capital do estado na época, Goiás Velho. Mas a prisão dela durou só seis meses. Pressionados pela população e sem provas criminatórias, o governo acabou cedendo. Dica ingressou na política, seus seguidores votavam em quem ela mandasse. Formou exército e recebeu a patente de cabo do Exército Brasileiro. Em 1928, casou com o jornalista carioca Mário Mendes, eleito prefeito de Pirenópolis em 1934. Eles tiveram cinco filhos e adotaram mais dois.

O exército de Dica participou da Revolução Constitucionalista de 1932 indo guerrear, com 150 homens, em São Paulo de onde voltou sem nenhuma baixa, resultado atribuído aos milagres da líder.  Dica morreu em 9 de novembro de 1970, em Goiânia, e foi sepultada, conforme seu desejo, debaixo de uma gameleira em frente à sua casa em Lagolândia.

Texto e fotos de Renato Alves e Minervino Júnior

Fonte:

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

7ª edição da Festa Literária de Pirenópolis


A Festa Literária de Pirenópolis – Flipiri chega a sua 7ª edição com tema “Literatura e Afeto”. O evento que já se consolidou entre os melhores do gênero realizados no Brasil, atraiu no último ano, cerca de 20 mil visitantes e a organização promete repetir o sucesso. A Flipiri nasceu em 2009 a partir uma parceria entre a Prefeitura de Pirenópolis e o Instituto Cultural Casa dos Autores, com a missão de incentivar a leitura e promover a literatura brasileira. O evento vai além dos cinco dias de festa, as atividades estendem-se para os povoados rurais, além das escolas públicas urbanas, com a Flipiri itinerante, que leva os escritores a comunidades que nunca tiveram acesso a este tipo de atividade, ou que nunca ganharam um livro.

Reservem a data na agenda, 28 de outubro a 1º de novembro. Em breve, mais informações!

Fonte site da Prefeitura

Tocha Olímpica em Pirenópolis


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Comércio irregular na rua do Rosário


Bom dia, Pirenópolis!

Já tem um tempo que percebo a livre comercialização de artesanato na Rua do Rosário. Estes comerciantes ocupam as calçadas, impedindo a passagem, levando consigo crianças, bebidas alcoólicas, cigarros e outros objetos. Eles oferecem seus produtos de maneira um pouco não convencional, pois abordam as pessoas com discursos ideológicos criados por eles, e se não der atenção ou não interessar pelos produtos, eles se revoltam e chamam as pessoas de sem educação, egoístas, estúpidas etc. Como se não bastasse utilizarem as calçadas, saem de mesa em mesa oferecendo tais produtos em troca de bebida, comida, cigarro, sempre pedindo atenção, interrompendo conversas e atrapalhando o descanso e diversão de moradores e turistas. Eles são agressivos, portam garrafas de vidro e ameaçam a comunidade. 

Fui vítima de ofensas diversas vezes por estes comerciantes abusados. Pirenópolis não precisa desse tipo de comerciante, que usa a cidade sem deixar nada em troca. Onde está a fiscalização que cobra imposto dos feirantes e deixa livre estes outros? 

Ontem, presenciei uma briga de um morador com um desses comerciantes. A polícia interveio, levando-os para depoimento. 
A cidade pede socorro! 

Algo está dando errado e não estão tomando as devidas providências.

Sérgio Pompêo de Pina Jr.

Eleições do Conselho Tutelar de Pirenópolis

Inicia a Campanha para as Eleições do Conselho Tutelar de Pirenópolis, que serão realizadas no dia 04 de Outubro 2015.

Qualquer pessoa com título de eleitor pode e deve votar em até 5 candidatos.

O Conselho Tutelar é o órgão encarregado pela sociedade que tem a missão de zelar para que tudo aquilo que esteja assegurado em lei aconteça na prática na vida de crianças e adolescentes.

O Conselho é um instrumento nas mãos dos cidadãos para zelar, promover, orientar, encaminhar e tomar providências em situações de vulnerabilidade pessoal e social das crianças e adolescentes, como abandono, negligência, exploração, violência, crueldade e discriminação.

Fonte site da Prefeitura Municipal




sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Vandalismo



Fico aqui pensando o que leva uma pessoa a praticar um ato desses. Algum desocupado subiu na fachada da Igreja Nossa Senhora de Fátima e ali pichou uns rabiscos sem sentido. Um lugar de culto religioso, bem cuidado e pintado, agora tem que conviver com tal aberração.

Essa prática da pichação, para quem não sabe, é crime previsto no artigo 65 da Lei nº 9.605/98, que tem a seguinte redação:

Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.
§ 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

O bem jurídico tutelado pela Lei dos Crimes Ambientais é a garantia de um meio ambiente equilibrado para toda a coletividade, e no tipo em questão, o objeto jurídico é a proteção das edificações e monumentos urbanos da ação danosa dos pichadores que poluem visualmente o meio ambiente.

Adriano Curado



A casa do professor Wilian Assunção também foi pichada

Pompeu de Pina e o futebol


O saudoso Pompeu Christovam de Pina, vez por outra, participava de partidas de futebo. Entre os times que jogou está o Gabarito (foto), cuja escalação era: 

Em pé (da esquerda pra direita) Isaac, Kiu, Antônio Carlos, Zezinho Libaina, Solano, Vinico, Zé Mole e o técnico Demi. Agachados - Sidney, Bernadino, Pompeu, Lúcio, Chibiu e Tião Katitu. — com J Lúcio Jacinto e Dalila Afonso.

Texto e foto: Alencar Camargo Oliveira

Estão abertas as inscrições para o 11º GP Goiás de Mountain Bike



Acontece no próximo dia 18 de outubro, o 11º GP Goiás de Mountain Bike, em Pirenópolis. Uma realização da Liga Goiana de Ciclismo, em parceria com a Prefeitura de Pirenópolis. A largada acontecerá às 9h pontualmente, saindo do Campo de Futebol do Carmo (em frente à Pousada dos Pireneus), e a chegada no mesmo local. O tipo de prova é Cross Country com percurso aproximado de 17,4 Km (equivale a 01 volta).

Mais informações: www.sistime.com.br

Clique aqui e faça sua inscrição!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A luz pela história afora


Eis a fresta de luz que penetra entre as telhas bicentenárias da Fazenda Babilônia e revela que o espírito do casarão antigo ainda está vivo e altivo.

Foto Telma Lopes

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Luiz Augusto e Sinhazinha



Na casa à direita na fotografia viveu por mais de meio século o coronel Luiz Augusto Curado e sua esposa Lina Valle (Sinhazinha). O casarão alto à esquerda era a sua loja comercial, onde se vendiam secos e molhados. Casal honrado e de grandes virtudes, criou ali seus dez filhos e se destacou pelo exemplo que legou.

Sua casa comercial era das mais movimentadas na década de 1930 e ele fazia negócios com comerciantes até do litoral. Usava-se ali a confiança mútua absoluta, ou seja, o fio do bigode. O caipira comprava na loja a crédito e voltava para acertar meses depois, quando a safra fosse colhida. Nunca ninguém rompeu esse elo de honestidade.

Família de grande tradição Católica, os Valle Curado se destacaram na ajuda às corporações religiosas e na efetiva participação em diversas fases dos cultos, como missas, novenas, procissões. Também era hábito ler o Evangelho do dia um pouco antes do almoço.
                                      Adriano Curado

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Prefeitura abre inscrições para curso de recepcionista em eventos

A Secretaria de Desenvolvimento Social informa que estão abertas as inscrições para o curso de recepcionista em eventos. O curso é uma parceria da Prefeitura de Pirenópolis com o Instituto Tecnológico de Goiás (Itego) e é totalmente gratuito. A carga horária é de 270 horas e o curso tem previsão de início ainda este mês, das 19h às 22h. Interessados (maiores de 16 anos) deverão comparecer à Secretaria de Desenvolvimento Social munidos de: Registro de Identidade, CPF, Comprovante de Endereço, Declaração de Escolaridade e uma foto 3×4.

Mais informações: (62) 3331-3660.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Sebastião Pompêo de Pina Júnior

SÉRIE BIOGRAFIAS
SEBASTIÃO POMPÊO DE PINA JÚNIOR


Sebastião Pompêo de Pina Júnior (Pirenópolis, 10.02.1896 – 30.01.1970) foi dentista, advogado, promotor de justiça, músico, maestro, ator, dramaturgo, poeta, encarnador de imagens e compositor.

Aos dez anos de idade subiu ao palco como protagonista da obra “As Duas Torres”, uma longa peça de oito atos, que terminava ao alvorecer e era apresentada em barracões construídos na rua, pois a cidade não tinha um prédio de teatro.

Tocou pistom por muitos anos na Banda Fênix, mas seu instrumento principal era o violino, para o qual se dedicava de forma quase obsessiva, à procura da perfeição. E tocava muito bem.


Era homem de grande cultura. Viajava constantemente ao Rio de Janeiro para assistir peças de teatro, filmes em cinema e recitais de músicas. Aproveitava também para aperfeiçoar o violino com as aulas particulares do mestre Peri Machado, titular do Conservatório Nacional de Música.

Fez parte da Orquestra Ideal, na Cidade de Goiás, e ao regressar a Pirenópolis, iniciou um movimento musical com o clarinetista Otacílio Ferreira e o violonista José da Abadia. Logo aderiram Joaquim Propício de Pina (flauta), Luiz de Aquino Alves (violão), Osmar Tocantins (clarineta) e Hilário Alves de Amorim (violão). Era o final do ano de 1923 e o conjunto se apresentava em saraus e acompanhava árias teatrais.


Casa onde morou Sebastião Pompêo
Foi um sucesso tão grande que decidiram ampliar tal conjunto musical e transformá-lo na Orquestra Pireneus, considerada uma das melhores de Goiás à época devido ao riquíssimo repertório e exímia interpretação por seus integrantes. Mestre Propício convidou a integrá-lo os seguintes músicos da Banda Fênix: Joaquim Thomaz de Aquino, que na banda tocava baixo em si, para executar flauta; Benedito Marcos da Conceição ficou com o baixo em si; Sebastião Brandão, que tocava bombardino, passou para o trombone.

Posteriormente entraram para ao Orquestra Pireneus os irmão Euler e Hélio Amorim (violino) e Braz Wilson Pompeu de Pina (flauta). José da Abadia deixou o violão e passou a tocar o violoncelo de ouvido, pois não sabia música.


Membros da Orquestra Pireneus na histórica foto: da esquerda para a direita, em pé: Euler Amorim, Benedito Marcos da Conceição, Hilário Alves de Amorim, Sebastião Brandão, Benedito de Aquino Alves e Luiz de Aquino Alves. Sentados: Otacílio Ferreira, Braz Wilson Pompeu de Pina, Joaquim Tomás de Aquino, Joaquim Propício de Pina, Osmar Tocantins, Sebastião Pompêo de Pina Júnior, Hélio Amorim e José d'Abadia.

A famosa Orquestra Pireneus tinha como principal atividade tocar no Cinema do Ilídio e também em peças teatrais e saraus. O próprio Tãozico se encarregava de mantê-la atualizada e para isso, quando chegava a Pirenópolis uma gravação de gramofone, transcrevia-a para a pauta, acrescentava alguns arranjos e logo os músicos ensaiavam a nova música. Sucesso absoluto.

Formou-se em Odontologia em 1926 e em Direito em 1937. Segundo seu sobrinho, Dr. Wilno Pompeu de Pina, desistiu da profissão de dentista de tanto levar cano dos clientes. Foi promotor de justiça nas Comarcas de Trindade, Silvânia, Pirenópolis e Formosa.


Após se aposentar como promotor, passou a se dedicar à arte. Começou como encarnador de imagens e para isso possivelmente teve como mestre Agesilau de Siqueira (Lalau), homem famoso nesse ofício.

Depois que Joaquim Propício de Pina faleceu (11.8.1943), Tãozico Pompeu o substituiu como Mestre Capela da Igreja Matriz, passando a reger o Coral Nossa Senhora do Rosário até sua morte em 1970.

Escreveu diversas peças teatrais que foram publicadas com o título de Comédias, em 1979, pela Editora Oriente. Encenou em Pirenópolis mais de quarenta peças teatrais, sendo o autor e o ator de muitas delas. Outro feito seu que merece destaque é o fato de ter zelado, por muitas décadas, do arquivo musical de nossa terra. Se não fosse sua dedicação como arquivista, tudo teria se perdido.

Faleceu em 30.01.1970, aos 74 anos de idade, em estado de solteiro e sem sucessão.

É Patrono da Cadeira nº XXVII da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música, cujo Membro fundador é o escritor e cineasta João Batista de Andrade.

Compôs:

Veni Creator Spiritu
Wilno
Lucinha
Dr. Joãozinho
Balego
Luar dos Pireneus
Mungazá
Sino dos Pireneus


Bibliografia:

CURADO, Adriano César. Biografia do Mestre Propício. Pirenópolis: 1993. Mimeogr.
CURADO, Glória Grace. Pirenópolis: Uma Cidade para o Turismo. Goiânia: Oriente, 1980.
JAYME, Irnaldo. Furacão Histórico. Anápolis: Ed. Cristã Evangélica, 1970.
JAYME, Jarbas. Esboço Histórico de Pirenópolis., Tomos I e II. Goiânia: UFG, 1971.
JAYME ___. Famílias Pirenopolinas (ensaios genealógicos), Tomo I, Pirenópolis: Edição do Autor, 1973.
JAYME, José Sisenando. Pirenópolis Humorismo e Folclore. Edição do Autor: 1983.
MENDONÇA, Belkiss S. Carneiro de. A Música em Goiás. Goiânia: Editora UFG, 2ª ed. 1981.
PINA JÚNIOR, Sebastião Pompêo de. Comédias. Goiânia: Editora Oriente, 1979.

Adriano Curado

terça-feira, 1 de setembro de 2015

7ª edição da Festa Literária de Pirenópolis tem data confirmada


Evento acontece de 28 de outubro a 1º de novembro

A Festa Literária de Pirenópolis – Flipiri chega a sua 7ª edição com tema “Literatura e Afeto”. O evento que já se consolidou entre os melhores do gênero realizados no Brasil, atraiu no último ano, cerca de 20 mil visitantes e a organização promete repetir o sucesso. A Flipiri nasceu em 2009 a partir uma parceria entre a Prefeitura de Pirenópolis e o Instituto Cultural Casa dos Autores, com a missão de incentivar a leitura e promover a literatura brasileira. O evento vai além dos cinco dias de festa, as atividades estendem-se para os povoados rurais, além das escolas públicas urbanas, com a Flipiri itinerante, que leva os escritores a comunidades que nunca tiveram acesso a este tipo de atividade, ou que nunca ganharam um livro.

Reservem a data na agenda, 28 de outubro a 1º de novembro. Em breve, mais informações!

Fonte site da Prefeitura Municipal de Pirenópolis