Wandell Seixas,Especial para Opinião Pública
Nas andanças por este mundo afora, costumo visitar cidades históricas, onde inclui museus e outras preciosidades. Por isso, numa comparação entre Estados Unidos e Europa, fico com o Velho Mundo. Deixa explicar melhor: se for viagem de cunho tecnológico, algo novo no universo dos negócios, os americanos tem mais a oferecer.
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Divaguei um pouco. Na verdade, o assunto em pauta é cidade histórica como a vizinha Pirenópolis, a 128 quilômetros de Goiânia. É um local visitado por cerca de meio milhão de pessoas anualmente, segundo me conta o prefeito Nivaldo Melo, eleito pelo PP e derrotando nomes tradicionais. No entanto, na verdade tradicionalista como as famílias antigas do lugar. Naquilo que precisa preservar a sua orientação política administrativa é para manter tudo no devido lugar.
O município precisava de um sopro desses, porque a renovação é sempre bem vinda e salutar. Nivaldo Melo ao escolher seu pessoal de apoio norteou as linhas mestras de sua gestão. Um governo mais técnico do que político. Fica a critério de cada secretário municipal a escolha de seus assessores. O prefeito não se imiscui, embora cobre resultados. O secretariado fica livre para trabalhar. Isso é muito bom. A sociedade, afinal de contas, cobra resultados positivos de seus gestores. Ela quer transparência e exige integridade.
Num bate-papo de mais ou menos uma hora e meia em seu gabinete, em pleno sábado pela manhã, organizado pela assessora de Imprensa, Thalita Rodrigues, e ainda em companhia da secretária da Educação, Márcia Áurea de Oliveira, o prefeito Nivaldo Melo discorreu sobre o turismo agroecológico, as festas consagradas, a gastronomia e também sobre a sua administração. Pude concluir, à primeira vista claro, que se trata de um prefeito operoso, muito dedicado aos seus concidadãos.
Com o apoio do governo federal será construído um centro de convenções em Pirenópolis, constituindo em mais um ponto de atração turística e com possíveis reflexos na economia. A cidade não pode se perder no tempo e no espaço. Para essa iniciativa arrojada, a prefeitura contará com incentivo financeiro do Ministério do Turismo. No segmento turístico, tem o suporte do Sebrae, nota dez em matéria de organização e planejamento no que faz.
Afinal, como receber melhor ainda o turista agrega valor naquilo que o morador da cidade sabe fazer, que é receber bem o forasteiro. É aquele turista que deixa dinheiro no município, nas pousadas, nos restaurantes, nos bares, nos cafés, que consome os doces caseiros, o artesanato, entre outros produtos. Àquele que mantém as pousadas, gera e mantém os mais de dois mil empregos diretos. Enfim, o dinheiro circula e mantém viva a cidade.
Na educação deu para perceber que tem uma educadora top de linha, que se preocupa com o conhecimento dos alunos. Não importa se estão em sala de aula no meio urbano ou rural. As escolas foram modernizadas, passando a dispor de sistema de computação, atualizando o aluno com essa ferramenta indispensável no mundo atual.
A merenda escolar atende aos 2.700 alunos. A atual administração compra no mínimo 30% dos alimentos, sobretudo frutas, oriundos da agricultura familiar. Se todas as prefeituras brasileiras adotarem igual atitude, sem dúvida, estarão contribuindo para o sustento das famílias dos pequenos produtores. O prefeito e sua equipe de trabalho já construíram mais de cem salas de aulas. Um detalhe: apenas 25 alunos por classe. Isso significa que o aprendizado é melhor. Com esse limite, o aluno pode ser mais inquirido e assim acompanhar o seu grau de conhecimento. É algo que lembra a Coreia do Sul.
Na área social, a prefeitura vem trabalhando com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, dando suporte às famílias necessitadas. Quanto ao meio ambiente, naquilo que lhe compete,desenvolve esforços pela preservação. Qualquer dano à natureza, o prejuízo recai na imagem do município. O meio cultural recebe o estímulo indispensável à produção das obras de artes. A economia transcorre sem maiores atropelos.
Por incrível que pareça, Pirenópolis não é somente turismo nas veias. O município produz arroz, soja, sorgo, tomates salada e industrial e leite. O frigorífico da Marfrig chega ao município, gerando 560 empregos. A assistência técnica aos produtores é prestada através da Emater-Goiás. A presença de 15 mil turistas nos finais de semana, no entanto, dá maior sustentabilidade econômica à cidade.
(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, e autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)
Matéria publicada no Diário da Manhã, Caderno Opinião Pública, dia 14.4.2015.