Na data de hoje é comemorado o Dia da Consciência Negra no Brasil. A data é alusiva à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O grande líder negro travou muitas guerras em prol do fim do sistema escravista.
Acontece que a luta pela igualdade racial não deve se limitar apenas ao dia de hoje. Ela tem que ir muito além, e começar no fim das piadinhas de gosto duvidoso, indo até o dia em que a seleção para um emprego leve em conta apenas o talento.
Nesta ocasião de reflexão, quero lembrar dos milhares de escravizados africanos que foram trazidos para nossa Pirenópolis, quando aqui ainda se chamava Minas de Meia Ponte, e foram forçados a trabalhar em limites extremos, o que lhes encurtou a vida. Era penosa a existência de um escravizado negro.
Ele não tinha direito algum, comia mal, trabalhava demais, passava por humilhações inenarráveis. Não era raro ter o corpo marcado por chibatadas, como na foto acima. Se era reincidente em tentativas de fugas, cortavam-lhe os tendões de aquiles, pois assim ele ainda conseguiria trabalhar, mas ficava impedido de correr. Se tomava conhecimento de algum segredo da casa grande, era cegado ou lhe amputavam a língua. Nem o inferno descrito por Dante se igualou em horror a tamanha atrocidade.
E o pior de tudo isso é termos que sair do contexto histórico para narrar crueldade com negros nos dias atuais. Sim, já avançadas duas décadas neste século XXI, ainda vemos uma polícia racista, uma sociedade regida pelo apartheid, discriminação racial em vagas de emprego, ingresso em universidades, tribunais e palácios. Os negros merecem o respeito do Brasil, que é um país não-branco.
E não me venham com postagens na internet pregando equanimidade racial, enquanto que na realidade há o subjetivismo oculto dos que querem dizer o inverso.
Não carece de levantar faixas de "abaixo o racismo". Basta pura e simplesmente aplicar no cotidiano uma simples regra: igualdade para todos, não importa a raça, a opção sexual, religiosa ou política.
Adriano Curado
PS.: essa fotografia me emociona desde o dia em que a vi pela primeira vez. Trata-se de um casal idoso (o que era raro) de ex-escravizados, em Porto Alegre no ano de 1900. Note que estão de mãos dadas em frente a uma choupana e miram o horizonte com olhar perdido, como se indagassem: e agora?
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