terça-feira, 31 de maio de 2011

Ainda os Mascarados!


     O amigo José Emilio Carvalho de Oliveira, pirenopolino que há muitos anos mora no Rio de Janeiro, enviou-me o texto abaixo que, por ser longo, não pode ser postado nos comentários sobre a numeração dos Mascarados de Pirenópolis. Então segue em postagem própria, sem cortes.

     "Caro Adriano, e demais participantes,

     O poema “Boi Amarelinho”, sobre carro de bois, de Raul Torres, termina com o verso “... os óio que lá me viro, amanhã não me vê mais” e, também, “Das Qualidades de Cidadezinha do Interior”, de Marcus Cremonese, o verso "quero apenas um moto perpétuo de gemidos doces de carros-de-bois, mas daqueles de rodas maciças com dois buracos como olhos de bêbado” me inspiraram a participar deste blog.

     Muito lhe agradeço a oportunidade de acompanhar os acontecimentos culturais de Pirenópolis, já que as raras oportunidades de estar presente me impedem maior aproximação. As notícias recentes, entretanto, me sensibilizaram bastante - a morte do José Reis e o tema “mascarados”, então!

     Como velho, saudoso e aposentado mascarado, filho de João José, um dos mais carismáticos reis dos cristãos, que muito contribuiu para a perpetuação das Cavalhadas nos tempos mais difíceis, fico apreensivo com a regulação dos mascarados, pois o tiro pode sair pela culatra (os óio que lá me viro, amanhã não me vê mais). Vide o que aconteceu com os Desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro – a excessiva regulamentação e exploração turística e midiática, simplesmente assassinaram os desfiles de rua e o samba-raiz, dando lugar a um desfile comercial, elitizado, enquadrado e siliconado, onde o que mais abunda nada tem a ver com a tradição cultural. Aliás, os velhos cordões e blocos estão ressurgindo com a força de uma surpreendente vontade popular, cansada do processo de alijamento, e vem tomando conta das ruas do Rio de Janeiro, para desdém e aborrecimento daqueles que se dizem preocupados e usam como escudo a bagunça e o combate à sujeira deixada pela passagem dos blocos. Até parece... Ora, se sujou, basta lavar.

     Sei que a preocupação com o problema do anonimato e dos excessos praticados por mascarados existe e não é fantasia, enumeram-se vários ao longo dos tempos. Mas, “Mascarados do Divino” sempre foi uma manifestação cultural, de festança, lazer e alegria que vem sendo perpetuada pelos jovens pirenopolinos, há 200 anos.  As suas originalidade e autenticidade não encontram concorrentes.

     Que me perdoem os corumbaenses que nada tem a ver com nossas discussões, mas “Mascarados de Corumbá” se transformar em referência, é dose. Não tenho nada contra eles, nem a favor! O meu mascarado ídolo era seu primo Luis Artur Curado (que postura, que luxo, que elegância) que todos sabiam quem era e que não fazia questão de se esconder. Agora..., mascarado com CPF, Chip, endereço, preferência sexual, código de barra? Já imaginaram se a mania pega? “Bonecos de Olinda” com outdoor de identificação? “Bumba meu Boi” com crachá pendurado no chifre?

     Meus amigos! Há maneiras de se proteger a população contra a ação de vândalos e bandidos dispostos as se travestirem de “mascarados” com intuitos menores. Há, inclusive, exemplos de mau uso de mascarado até pelos poderosos da política local. Para combater, o Poder Público existe para isto! Aprontou? Cadeia neles.

     Que não se culpe e não se pretenda, de forma preconceituosa, engessar uma das maiores, mais representativas, autênticas e espontâneas manifestações de cultura popular existentes no nosso país, quiçá, no mundo!

     E o “transitado em julgado”? Desconheço integralmente os meandros jurídicos, mas sei que existem várias instâncias. Em todas elas a Prefeitura de Pirenópolis foi sentenciada a emitir alvará aos interessados em participar no “Mascarados do Divino”? Sem direito a defesa? Não acredito! Assim como temos que cumprir as decisões da Justiça, temos o direito de discordar e tentar reverter.

     Não me tirem o direito de, durante a festa do Divino, olhar nos olhos bêbados de um mascarado, através dos dois buracos na máscara de boi, onça ou capeta e ouvir um grunhido e arrastado gemido “me dá um dinheirimmm...”

     Sabem por que isto tudo? É porque muitos jamais se fantasiaram e tentaram se aproveitar de um pretenso anonimato para dar vazão às suas fantasias de um voyeurismo às avessas, de dentro para fora, para zoar com as caras dos amigos e, também, porque nunca saborearam o prazer de galopar e esporear a anca de um “tal”, movidos ou não por alguns goles de cachaça. E também, alguns outros que já se mascararam, mas que o fizeram levados por modismos ou deslumbramentos, sem jamais entender nada daquilo, até hoje. 

     Viva os Mascarados do Divino!

     Niteroi, 31 de maio de 2011"

25 comentários:

  1. João Luís de Campos31 de maio de 2011 às 19:21

    Não aprovei esta mensagem preconceituosa envolvendo o povo de Corumbá de Goiás. Eu pergunto, o que temos nós com essa querela de Pirenópolis e seus mascarados?

    O José Emílio nos atacou de graça, sem nenhum motivo plausível. E logo ele, filho de família tradicional de Pirenópolis, que muita amizade guarda com os daqui. E logo o filho de João José de Oliveira, grande pedreiro e defensor do patrimônio goiano, escrever com ironia sobre os irmãos que estão um pouco além das serras! E que dizer do saudoso Dr. Emílio de Carvalho, casado com uma filha das terras corumbaenses, a prima Maria Luci?!

    Certamente por ser um desertor das terras goianas, há muitas décadas, não sabe o José Emílio que os mascarados de Pirenópolis e Corumbá se misturam, uns participam da festa do outro, não há mais diferenciação. Portanto, caríssimo, não é “dose” comparar a festa daí com a daqui; quem entende da cultura goiana sabe disso.

    ResponderExcluir
  2. De fato, este senhor chamado José Emílio não foi muito feliz na sua triste comparação com os mascarados da vizinha Corumbá de Goiás. Atacar os corumbaenses para quê? Creio que isso ainda vai dar o que falar!

    ResponderExcluir
  3. José Maurício Ferreira1 de junho de 2011 às 09:36

    Que bola fora, ein José Emílio?!

    ResponderExcluir
  4. José Maurício Ferreira1 de junho de 2011 às 10:13

    Na minha humilde opinião, a questão da numeração dos mascarados é uma forma de dominação do povo. Os ricos, poderosos, detentores do poder, numa manobra mais ousada, agora querem impedir que os mascarados, que são gente do povão, possam se divertir na festa do Divino.

    Cavalhada é trem de rico, tem que ter influência para entrar, dinheiro sobrando para comprar roupas e cavalos bons. Mas mascarados é coisa de todo mundo, porque não precisa de trajes caros e serve um cavalinho mancueba, mesmo.

    Como querem fazer a festa ficar só pros ricos, deixando a pobreza de fora, então inventaram essa história mal contada de numerar os mascarados, porque já sabem de antemão que ninguém vai se submeter a isso.

    Pirenópolis no passado já teve exemplos assim quando proibiram os pretos de participar da festa dos brancos e eles levantaram uma igreja própria e fizeram seus reinados e juizados. Será que agora querem que o povo faça outra festa do Divino, para mascarados poderem participar em paz?

    Eis minha insignificante opinião.

    No mais, parabéns pelo polêmico blog!

    ResponderExcluir
  5. José Emilio Carvalho de Oliveira1 de junho de 2011 às 10:35

    Meus amigos, ao querer contribuir com o debate acabei provocando tumulto e não era minha intenção.
    Mas, o assunto é MASCARADO. Não é pirenopolinos nem corumbaenses. Não se está comparando nada nem se trata de discutir qualidade ou performance de quem quer que seja.
    O foco do tema é se as pessoas em Pirenópolis devem obter autorização prévia e receberem autorização para se vestirem de mascarados.
    No meio das discussões, foi proposta, como referencia a regulação dos Mascarados de Corumbá, e a sua aplicação a Pirenópolis.
    Eu acho que, para se identificar um Mascarado do Divino, primeiro necessitamos mudar a tradicional manifestação cultural, pois se serão identificados perderão a qualidade de Mascarados. A isto me referi como sendo “é dose”.
    Pirenópolis e Corumbá são cidades vizinhas, totalmente integradas e interligadas cultural, social e familiarmente. Não quis comparar pirenopolinos e corumbaenses nem nossos mascarados. Apenas citei aquele que para mim é o nosso “Pelé” que é o Luis Artur Curado.
    Não introduzi Corumbá na discussão.
    Pedi desculpa antecipada aos corumbaenses pela referência mesmo não tendo sido responsável pela primeira citação.
    Mas, já que estou sendo penalizado, afirmo: não me referi a “Corumbá”, mas a “Mascarados de Corumbá”, que, para mim, não se confundem. E não tive intenção nem tenho o direito de ofender, gratuitamente, a nenhum dos dois. Se preciso for, peço desculpas, novamente, e dou por encerrada a minha pretensa contribuição.

    ResponderExcluir
  6. Sr. José Emílio, não tente consertar que piora! O senhor foi extremamente infeliz com seu comentário preconceituoso. Não acho que Colandi aprovaria tal comparação.
    Talvez, se o senhor participasse mais presentemente da cultura goiana, pirenopolina e corumbaense, não tivesse essa opinião.
    Para o senhor que "desconhece os meandros jurídicos":
    "Trânsito em julgado é uma expressão usada para uma decisão (sentença ou acórdão) da qual NÃO SE PODE RECORRER, seja porque já passou por todos os recursos possíveis, seja porque o prazo para recorrer terminou. Daí em diante a obrigação se torna irrecorrível e certa; o transito em julgado é uma decisão final de uma senteça ou processo. O transito em julgado, sendo uma decisão imutável, não há recurso que mude sua decisão ou sentença, não pode ser alterado."
    Portanto, a Prefeitura de Pirenópolis teve, SIM, a chance de se defender, mas não o fez.
    Pelo menos em Corumbá tem Assessoria Jurídica que preste, já que os mascarados não lhe podem servir de exemplo.

    Abraços de uma corumbaense com muito orgulho!

    ResponderExcluir
  7. Nossa, concordo plenamente com o primo João Luís. Esse comentário do Sr. José Emílio é que foi "dose"!

    ResponderExcluir
  8. Pedro de Lima Coelho1 de junho de 2011 às 17:58

    Caríssimo José Emílio, concordo plenamente com suas palavras.

    Na manifestação cultural dos mascarados pirenopolinos não cabe essa inovação da numeração.

    A tradição já é algo tão sensível, desaparece ao menor indício da modernidade, não podemos correr o risco de desvirtuá-la.

    Parabéns pelo excelente pronunciamento.

    ResponderExcluir
  9. Resumo as palavras do José Emílio lembrando que não colocaria corumbá no meio, mas resumo o que sentes porque também sinto, resumo com bastante clareza todas essas ofenças que a "lei" nos fez.. em dizer que... Morre um Brilho exta, morre nossos mascarados, Mas não morrem nossos Valores...

    ResponderExcluir
  10. Números e Mascarados

    Nada mais tenho a dizer somente que, 16 crianças foram cadastradas pelos pais, matéria que foi publicada no presente dia em um jornal em Brasília, para sair de mascarado nas “tradicionais” cavalhadas de Pirenópolis, deveria revelar sua identidade com um número, e característica da roupa. Digo que matam os "curucucus", mas os valores de nós, os bonitos e bordados mascarados, que ficam meses ao decorar suas roupas, que passam o ano no arrepio todas as vezes que ouve Rio de piracicaba, que não dormem direito no mês de junho ou de maio, que sobe no cavalo e fica de pé em devoção ao Divino Espírito santo, se findam, não vamos colorir muito menos apoiar a tão desrespeitosa "lei"... Que pune quem nem pensa em delitos, e que libera a tão linda CAVALHADA ao esquecimento, que não mais terão sem nós Verdadeiros mascarados do Divino. Nossa cultura foi terminando aos poucos, primeiro privaram nossos cavalos de chegar ate o camarote, depois cimentaram, dando nos somente um pequeno espaço para cavalgar, o nosso tempo foi reduzido por menos da metade, isso por não ter energia na tão bela obra que fizeram, agora querem nos revelar com números ??? Pirenópolis esta cada dia mais igual a tantas outras cidades que perderam seus valores e a verdadeira cultura, por uma administração que não remete origem, e sim, vai com a maioria das pessoas que não são de Pirenópolis, que acham nossas brincadeiras tão engraçadas e saudáveis, em ofensas, o mascarado do Divino não tem intenção de matar, de roubar, muito menos de agredir ninguém, o mascarado do divino só quer ser ele, tomar sua cerveja, brincar com os mais antigos, dar uma flor a tão admirada moça, que com sua beleza encantou o mascarado, mistério que desvenda a rosa, confeccionada no papel, que rasga sem retorno, que perde seu brilho ao ter que ser como a direção muda. Pirenópolis perde mais uma de suas riquezas, de graça, simplesmente por não mais mostrar as coisas que mostravam, daqui um tempo vão mudar nosso hino, as músicas da novena, e até talvez os sinos da igreja, que podem perturbar turistas que dormem nas pousadas nas suas proximidades, tenho o conforto de embora com dor preferir que muitas pessoas de nossa figura, não estarem aqui,para ver isso. Minha geração esta ofendida imagine a deles ao ter que adaptar as nossas e tantas manifestações manipuladas, Se a moda pega em Goiás na procissão do fogaréu, as baianas, os blocos de carnaval, entre outras tantas festas, vão ganhar número, o que me dói meu povo querido, é ninguém poder fazer nada, o que me fere, e essa ofensa tão grande que nos faz, mas que seja feita a vontade do povo, não é mesmo?! Pelo visto os que não são naturais estão mandando muito mais, dos que aprenderam com os avós, brincando de cavalinho de pau, só esperando a grandiosa festa chegar... E agora? o que será ? Espero que não fique só em 16 mascarados... Mas que isso faça abrir os olhos, de que vão morrer, os que mais destacam a festa.

    ResponderExcluir
  11. João Vitor de Alencar2 de junho de 2011 às 09:43

    Por conta dessa bobagem, do barulho que esse assunto fez, minha mãe pediu preu não sair de mascarado este ano. Ficou bom, né?! Vou pedir pros meus amigos deixar isso pra lá também. Ano que vem, quando tudo estiver mais tranquilo, a gente sai de novo.

    ResponderExcluir
  12. Andrielly Raquel de Sousa e Silva2 de junho de 2011 às 13:50

    Sr. José Roberto, não sei quanto ao Fogaréu, mas no Rio de Janeiro, todas as baianas são credenciadas e identificadas pela Escola de Samba. Para comprar abadá no carnaval de Salvador, a Central do Carnaval também tem credenciamento. E as pessoas NÃO VÃO MASCARADAS nem no Rio, na ala das baianas, nem em Salvador, nos blocos de carnaval. Portanto, bandidos não podem usar desse recurso para cometer crimes ou excessos. Argumento muito frágil esse seu. A mudança de hino, músicas da novena ou badalar de sinos não é a discussão momentânea. Não sofra antes do tempo...
    E que o Divino salve esse povo da ignorância!

    ResponderExcluir
  13. Leila Pires de Sousa2 de junho de 2011 às 14:21

    Li todos os depoimentos aqui e creio que também tenho o direito de deixar meu palpite. Concordo com os que temem descaracterizar a festa, assim como concordo com os que são a favor da experiência.

    Mas por via das dúvidas, nós lá de casa não sairemos de mascarado este ano. Vamos deixar pro ano que vem. Não queremos arriscar nada e nem correr o risco de uma arbitrariedade policial.

    Moro no Alto do Bonfim e lá em casa somos quinze a menos.

    ResponderExcluir
  14. José Clarindo Cabral2 de junho de 2011 às 15:02

    Eu tamém num vou sair pq tô com medo! Quem sou eu pra protestar contra alguém?! Sou um joãoninguém sem eia nem beira. Me preocupa mesmo é a polícia ficar sem limite. Por via das dúvida, boa romaria faz que em sua casa fica em paz!!!!!! já saí de mascarado demais, tá bão!! agora vou lá pra arquibancada tomar cerveja e comer espetinho!!!

    ResponderExcluir
  15. É mais usar os mascarados de lá como exemplo?
    Não! ''Eles não nos copiam'', nós não os copiaremos!

    ResponderExcluir
  16. Cintia Miranda de Alvarenga3 de junho de 2011 às 15:06

    Que são as normas?

    Elas têm que nascer dos quereres da sociedade civil organizada e não impostas por um poder constituído.

    Na época dos militares, as normas eram ditadas por quem detinha o fuzil e os civis tinham que silenciar.

    Mas vivemos em épocas melhores, onde impera a democracia e o bom senso. Então, antes de impor a todos uma obrigação, não seria o caso de uma consulta popular?

    Afinal, a Festa do Divino é dos pirenopolinos. Não é apemas do prefeito, do juiz, do promotor ou do presidente da Câmara. Ela é do povo, do conjunto de pessoas que vivem ou colaboram de alguma forma com Pirenópolis.

    O que quer realmente quer o povo?!

    ResponderExcluir
  17. Não fosse a desobediência de ordens mal dadas, não estaríamos nós nesse tipo de sociedade que temos hoje, que nos permite pelo menos o direito de falar. Não fosse pessoas contrariadas pela decisão das autoridades não teríamos revoluções, evoluções, quedas de impérios e ditaduras. Estaríamos ainda no feudalismo ou sob jugo de coronéis. Não são estes hoje no poder aqueles que estavam sendo espancados e presos há 40 anos?
    Pois discordo do prezado Adriano quando diz que "Uma decisão judicial não se discute, cumpre-se". Como indivíduo, grupo ou sociedade, organizada ou não, temos o direito de resistir a uma ordem ou lei que ameace a vida, a liberdade, a integridade física e os valores morais, sociais e culturais. Se TODOS os Mascarados, ou uma grande parte deles, desobedecerem a decisão, como forma de protesto, apelando ao Direito de Resistência e usando a Desobediência Civil Passiva, como Gandhi usou na Índia, estariam no seu direito e dentro da ordem. Assim como uma greve ou revolução, é direito do povo se rebelar contra o estado de poder quando este não cumpre a sua função ou a satisfaz, mesmo que tais ordens sejam imposta sob violência. Mascarado não é bandido.
    Pela polêmica gerada, pela característica da Festa de Pirenópolis e pelo papel do Mascarado no contexto cultural é certo que a decisão do juiz foi insensata. Não fez ele, e nem o promotor, uma ação pensando na sociedade, pois não hão de resolver os problemas de criminalidade desse jeito. Estão, na verdade, apenas cumprindo seu papel, fazendo sua parte neste folclore: o papel do poder das elites ordenadas, representadas pelos Cavaleiros e camarotes contrariadas com a liberdade, irreverência e espontaneidade dos Mascarados, querendo coibi-los. "Sai do campo, mascarado!". E os Mascarados fazendo o seu papel de contrariar e se opor aos poderes constituídos, só a eles, como Mascarados verdadeiros, é dado esse direito.
    Quanto ao título de Patrimônio Imaterial Brasileiro, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis só o recebeu, pois ainda mantém sua originalidade, o que não aconteceu com a festa de Corumbá e Palmeira de Goiás, e os Mascarados são a representação mais próxima e marcante desta originalidade. Identificá-los é subtrair desta originalidade sua principal característica, o anonimato.
    Não sou mascarado, apenas um amante e estudioso de Pirenópolis, mas acredito que quem é mascarado sabe do que estou falando e penso que aqueles que acham que a ação do promotor e decisão do juiz foi acertada é porque não é, nunca foi mascarado ou é uma minoria e querem ver a festa do alto de seus camarotes com a segurança da nobreza colonial.
    Em suma: penso que se os Mascarados se deixarem numerar estão deixando para trás a sua principal beleza e personalidade. Também que se eles não saírem, estarão abrindo mão de sua função e espaço na festa, deixando o espaço para os piratas e bandidos. Se depender de mim, faço um apelo: LEVANTEM MASCARADOS DO DIVINO, MOSTREM O QUE É SER MASCARADO, FAÇAM A FESTA COMO SEMPRE FIZERAM COM PAZ, ALEGRIA, IRREVERÊNCIA E ESPONTANEIDADE. NÃO SE DEIXAM CONTROLAR. SAIAM TODOS COMO SEMPRE SAIRAM. A FESTA É DO DIVINO E O DIVINO HÁ DE LHES DAR GUARITA.

    ResponderExcluir
  18. Essa discussão não deve acabar, nem esvaziar.
    Vá lá que "transitado em julgado" dá como finda uma questão, pela parte da autoridade judiciária, mas se a sua aplicação se faz inócua ou ignorada, há que se exigir de partes envolvidas no processo organizacional - quero dizer que não se deve aplicar punição aos mascarados eventualmente sem número, já que o Judiciário, ao que me parece, atribuiu à Prefeitura a missão de cadastrar os nossos famosos e queridos foliões do Divino, e esta, tal como não se manifestou em defesa da tradição, também não terá se preparado para cumprir o que estatuiu o Judiciário. Corrijam-me se estou errado.
    Por outro lado, quanto ao cumprimento de leis e decisões judiciárias, o que disse Adriano é, se me permitem dizer assim, um bordão jurídico. Ao longo de minha vida, ouço dizer que "manda quem pode, obedece quem tem juízo". Odeio essa frase! Se agíssemos assim, obedecendo os poderosos, estaríamos até hoje andando de quatro e vivendo nas árvores. A desobediência é, sim, o móvel do desenvolvimento, seja tecnológico ou social, já que os inventores e os cientistas são eternos desobedientes, vivem pesquisando e, assim, contrariando as normas.

    ResponderExcluir
  19. Rivalindo Pereira Vital6 de junho de 2011 às 08:13

    Senhoras e senhores, já que a discussão descambou para o lado jurídico da lide, na minha opinião o melhor mesmo é entrar com uma ação popular. Ela é rápida, qualquer eleitor pode fazer e substitui as vezes do promotor de justiça, já que também visa defender um direito difuso e coletivo.

    Essa história de desafiar as autoridades, tipo sairemos sem o número para ver o que acontece, é perigoso. Na hora do "vamos ver", o sujeito fica sozinho e acaba preso. Não dá para argumentar com policial nervoso, já estressado com tanto problema que uma festa desse porte acarreta.

    Outra forma de reverter a sentença é uma ação revisional, também junto ao Tribunal de Justiça de Goiás, mas aí ela leva mais tempo.

    ResponderExcluir
  20. como cidadão vejo o meu direito e de todos sendo simplesmente negado, pois pelo que reza a nossa constituição brasileira, temos o direito de ir e vir e de manifestar nossas crenças costumes e tradições, agora como pirenópolino estou mais indignado ainda, pois pelo que vejo,todas as pessoas que tem uma certa influencia,estão se abstendo, tirando o corpo fora, ou seja a população e a tradição que vem sendo perpetuada a 200 anos que se dane é assim que eles pensão, estão querendo fazer e fazem desta tradição um trampolim político e de realização pessoal, mais nos o povo não podemos e não vamos calar, pois a leitura que o Sr Mauro Cruz tem dos mascarados é a leitura mais completa do que a nossa de os mascarados serem apenas diversão para nos pirenópolinos pode ate ser, mais ele esta corretíssimo, os mascarados tem um cunho social muito importante,contra os desmandos e mau feitos dos poderosos e de alguns poderes constituídos, e digo com este episodio polemico o mascarado esta fazendo mais uma vez o seu papel, pois esta servindo mais ainda para abrir os olhos do povo, pois a sociedade não se calará diante disso

    ResponderExcluir
  21. é pelo que vejo esta cidade vai se tornar um campo de batalhas já foram presos 6 mascarados por estarem fazendo protestos ontem

    ResponderExcluir
  22. isso é um grande absurdo, eu cresci nas cavalhadas, e a magia e o encanto dos mascarados sempre me chamou atenção e me fez ser um apaixonado que sou por essa festa e pelos mascarados!Imagino da pior forma possível como será amanhã após a missa solene, que é a hora que sempre aguardamos os mascarados nas ruas, isso vai doer dentro de nós, é triste sinto como se tivesse perdido algo extremamente valioso! LUTO!

    ResponderExcluir
  23. Anônimo
    é assim que nos Pirenopolinos estamos de profundo luto
    pois estão nos tirando algo muito valioso
    LUTO...

    ResponderExcluir
  24. Parabens aos Pirenopolinos e Pirenopolinas
    e aos mascarados
    esta dando uma lição de cidadania pois nenhum mascarado no campo
    toda a população entendeu o recado
    é assim que conquistamos a nossa liberdade que foi tirada, este foi o maior protesto feito, estou muito feliz pois o povo mostrou que tem direitos e precisam ser cobrados
    o dia 12 de Junho de 2011 vai ficar para historia.
    " O silencio vale mais que mil palavras"

    ResponderExcluir
  25. João Pedro de Alencar Silva15 de fevereiro de 2012 às 13:07

    Gente, eu sou que o Ibama vai proibir usar madeiramento na estrutura dos camarotes e folhas de buritis para a cobertura, porque alegam que é crime ambiental. Alguém pode me confirmar isso?!

    ResponderExcluir

Minhas leitoras e meus leitores, ao comentarem as postagens, por favor assinem. Isso é importante para mim. Se não tiver conta no Google, selecione Nome/URL (que está acima de Anônimo), escreva seu nome e clique em "continuar".

Todas as postagens passarão por minha avaliação, antes de serem publicadas.

Obrigado pela visita a este blog e volte sempre.

Adriano Curado