Com que sonha afinal
Esse povão bem festeiro
Que habita incontinente
Nas sombras do velho Frota?
Que será que ainda busca
A gente alegre de Pirenópolis,
Ao enfileirar suas Cavalhadas
Nas ruas quentes de pedra?
Não saberia lhe responder!
Nem tenho meios de saber,
Porquanto é um mistério
Conhecer tão singular aldeia.
Mas já vem de bem longe
O enigma meiapontense,
Das eras das alcovas lacradas
Nos casarões impenetráveis.
De quando, fechados detrás das paredes,
Protegidos por ressequidos adobes,
Espiavam matreiros os antigos
Pelas frestas das tabuletas.
Fato é que um dia ousaram por aqui,
Misturaram sangue branco e mestiço,
Levantaram templos de terra
Erigiram casarões sobre dura aroeira.
E agora levam adiante aquele sonho!
São as ensaiadas Pastorinhas no teatro,
Os Cururucus que fazem graça,
Ou a folia que arrecada o óbulo da fé.
Sei só que meu coração dispara
Cada vez que toca a banda afinada,
Ou ouço o polaco rouco do Mascado,
Ou badala soluçante o sino da Matriz.
É que também sou parte desse sonho,
Sou nota musical na sinfonia do Almas,
Sou parte das pedras do calçamento,
E voltarei ao barro do adobe das paredes.
by Adriano César Curado
Todos nós que amamos esta terra maravilhosa chamada Pirenópolis compartilhamos do sonho. Sua alma de poeta soube expor o interior do coração dos apaixonados pelas ladeiras de pedra e candeias de ouro.
ResponderExcluirFabricia Miranda
Bela poesia adornada com belas fotos de Piri. Eh!!! Terra boa!!!
ResponderExcluirLuís Eduardo
Seu poeta maluco, vc me força a correr para Piri e me lançar de cabeça nas águas bravias da cultura transcendental!!!!!
ResponderExcluirMércia Lemes