Sem nunca ter visitado Pirenópolis, que sempre me ficou a contra-mao nos meus passos incessantes por estes chãos infinitos de Goyaz, tenho-a, entretanto, gravada na imaginação, com as suas velhas igrejas e solares, com as águas cantantes do seu rio e com suas palmeiras suspirosas, como se tudo aquilo me fosse familiar.
Depois da velha capital, Pirenópolis é a nossa cidade mais rica de tradições.
É a lendária Meia-Ponte, edificada as margens do Rio-das-Almas, aonde aportou, em 1731, Manuel Rodrigues Tomar, remanescente das bandeiras anhanguerinas.
Foi lá que, ao alvorecer do século XIX, surgiu o primeiro jornal do Brasil Mediterrâneo – a “Matutina Meiapontense”, fundada pelo comendador Joaquim Alves de Oliveira, o goiano que mais alto elevou no seu tempo e cujas qualidades de inteligência e de caráter, a par da mais perfeita fidalguia de maneiras e acendrado patriotismo, o sábio Frances Saint Hilaire e outros, em publicações memoráveis, louvaram sem restrições.
Terra natal de Xavier Curado, general diplomata e gentleman do 1º. Imperador do cônego Luiz Gonzaga; do padre Nascimento; de Gonzaga Jaime e de tantos outros varões ilustres, Pirenópolis mantem ainda, com galhardia, no trato de seus filhos e na fisionomia da cidade, os seus antigos foros de nobreza.
O soneto abaixo, pelo motivo já explicado, apenas revela vagos traços da cidade, como eu a imagino e compreendo.
PIRENÓPOLIS
Bissecular cidade – monumento,
Que do Rio-das-Almas fica à beira.
Terra de Joaquim Alves de Oliveira
e dos padres Gonzaga e Nascimento.
Que mundo de emoções experimento
ao recordar-te, gleba hospitaleira
-berço da imprensa de Goyaz – primeira
luz acesa no nosso pensamento.
Em cada rua antiga, em cada igreja;
nos pátios e jardins de benfazeja
fronde, por onde o sol se filtra a custo;
No arqueado das portas e janelas,
- tu, velha Meia-Ponte, nos revelas
todo esplendor do teu passado augusto
Publicado no jornal O Popular em 12 de setembro de 1943, edição 482. O texto foi descoberto pela escritora Sinvaline Pinheiro, de Uruaçu, que o enviou ao poeta Luiz de Aquino e este remeteu a mim. Aos dois meu agradecimento.
Rapaz, mas que poema bonito é esse?! E como pode Leo Lynce compô-lo sem nunca ter ido a Pirenópolis? Gênio é gênio!
ResponderExcluirFernando Carvalho
será que depois de publicar o texto e o poema, Leo Lynce conheceu Pirenópolis? É uma dúvida que tenho. Samantra Lopes
ResponderExcluirContinuo lendo os arquivos antigos e tem muito de Pirenopolis, assim que puder vou enviando
ResponderExcluirparabens pelo belo trabalho!
sinvaline -uruaçu goias