Chega de manso novembro...
Como saudoso eu me lembro
nessas tardes mornas, calmas,
daquela ponte alterosa,
contemplando-se vaidosa
no espelho – Rio das Almas!
Ponte romântica, altiva,
risonha e convidativa
para o idílio e para o amor,
era o Éden de mil venturas,
ninho de ferventes juras
e abrigo do sonhador.
Paragens de sonhos ledos,
de promessas e segredos,
de cismas e devaneios,
era a ponte das saudades
onde vagam deidades
em vespertinos passeios.
Nas tardes primaveris
quando no róseo tapiz
do poente dormia o sol,
era a paisagem mais bela,
a mais sublime aquarela
aos reflexos do arrebol.
Era o pouso dos suspiros
um dos doces retiros
em noites de lua cheia.
Enquanto o rio cantava,
o luar se espreguiçava
no argênteo lençol da areia.
Hoje, pesaroso e triste,
sei que a ponte não existe.
Que profunda é minha mágoa!
O seu espectro, somente,
mirando a clara corrente
se reflete dentro da água!
Poema de Euler de Amorim, publicado no livro “Pirenópolis em Versos”, edição do autor, 2002, p. 5. Esse poema foi escrito em 1942 e tem um história. Em 1941 ruiu em parte a Ponte do Carmo e isso inspirou o poeta, que via o esqueleto da obra e aquilo tocava seu coração.
by Adriano César Curado, escritor, poeta e historiador. Baixe gratuitamente seu livro DEUS MORA NO SEU INTERIOR ou entre em contado através de adrianocurado@hotmail.com
Caro poeta, veja só que interessante. O seu poema tem dupla função. Serve como bálsamo da alma, como é praxe entre as composições do gênero, e também como referencial histórico. Sim, história! E falo isso porque eu mesmo não sabia que a ponte do Carmo ruiu um dia.
ResponderExcluirFernando Carvalho
este mundão de meu Deus seria bem melhor com mais poesias e menos rebeldia
ResponderExcluirFrancisca Lima Silva