quinta-feira, 3 de março de 2011

O Entrudo


As mais antigas cidades goianas, como Vila Boa, Corumbá, Meia Ponte, conheceram uma festa de Carnaval que era ao mesmo tempo divertida mas violenta. Seu nome era Entrudo, uma velha tradição portuguesa que nos foi passada pelos colonizadores. Nas cidades goianas, esse folguedo consistia em sair pelas ruas munidos de cabacinha de cheiro, que eram bolas de cera com perfume dentro, e jogá-las em quem encontrassem pela frente. Se apelasse era pior.

 


Carnaval na Cidade de Goiás na década de 1930.


Mas havia também blocos organizados de foliões fantasiadas e nos salões ornamentados se dançava ao som duma orquestra, que tocava as marchinhas de sucesso no rádio.




Entrudo, quadro de Debret, 1823.


Nessa época, a compenetrada família goiana deixava de lado a vergonha e o acanhamento e todos, de coronéis a capatazes, se confraternizavam nesse espírito de brincadeiras.







O maior incentivador do Entrudo era o próprio imperador D. Pedro II, que abriu mão do protocolo de respeito e se deixava ensopar pelos próprios criados, durante o período do Carnaval.





Entrudo em Corumbá na década de 1940.


A essência do Entrudo continua viva na alma goiana. Basta ver o resgate da tradição através do concurso de marchinhas da Cidade de Goiás, que estimula a produção intelectual e premia os mais talentosos.




Entrudo, quadro de Augustus Earle, 1822.



Também é louvável o Carnaval à moda antiga em Pirenópolis, que acontece na histórica rua Direita e confraterniza famílias e turistas, numa clima de paz e alegria.



Entrudo em Corumbá na década de 1940.



Fonte:
- ARAÚJO, Rita de Cássia Barbosa de. Festas: máscaras do tempo. entrudo, mascarada e frevo no carnaval do Recife. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1996.
- FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
- MORAES, Eneida de. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro: Record, 1987.













by Adriano César Curado, escritor, poeta e historiador. 
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Um comentário:

  1. Marco Antônio Martins4 de março de 2011 às 08:52

    Pensei cá com meus botões, como seria o Entrudo nos dias atuais, em que uma simples fechada no trânsito já é motivo para a morte de alguem! Já pensou um sujeito sem paciência, que anda com o salário em baixa, preocupado com a alta dos combustíveis etc., e leva um banho?! Sem a menor dúvida ele parte para a ignorância. Já se foi o tempo de brincadeiras inocentes! Não somos mais uma sociedade inocente!

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