Desfrutei em Pirenópolis, durante a década de 1970, uma infância muito boa. Naquele tempo a cidade era pacata, quase ninguém de fora aparecia e praticamente todos que transitavam pelas ruas eram conhecidos. Visitante mesmo só por ocasião da Semana Santa e da Festa do Divino. Mas mesmo nessas datas festivas era reduzidíssimo o número de turistas, que se hospedavam, principalmente, na Pensão Central e no Rex Hotel, entre sábado e domingo. Segunda e terça-feira era aquele paradão, só o povo da cidade, mesmo.
Além de poder jogar bola na rua Nova completamente despreocupado com carros, já que o trânsito naquela época era quase inexistente, minha maior diversão eram os banhos do Poção da Ponte do Carmo.
E usufruía desse poço por alguns motivos.
Primeiro porque na barragem da Ramalhuda alguns homens tomavam banho nus, e portanto não era um ambiente recomendável para crianças.
Segundo porque, mais embaixo, nas Lages, era o lugar de as moças se banharem, e também não ficava bem transitar por lá.
Terceiro porque, um pouco abaixo do poço, as lavadeiras tinham o hábito de lavar roupas e algumas pessoas banhavam cavalos e lavavam carros.
Então o negócio era dar um “de ponta” no grande poço que há quase debaixo da Ponte do Carmo. Meu pai e alguns de sua geração, em épocas passadas, obviamente, já saltaram da ponte diretamente no poço. Eu nunca quis arriscar essa estrepolia. Boa decisão, pois na época da juventude de papai o rio das Almas era mais volumoso.
A água do rio na minha infância era puríssima, dava até para beber, e a gente podia nadar sem receio de que algum esgoto nos fizesse mal. Anos depois, ligações clandestinas passaram a poluir o Almas e o lugar ficou impróprio para banho. Durante décadas, a cadeia pública lançou seus dejetos, pasmem!, diretamente no Poção da Ponte. Está lá até hoje o ca no que fazia esse desserviço social, embora agora se encontre desativado.
Durante as décadas de 1970 e 1980, era comum acampamentos na região da Beira Rio. Confesso que ficava assustado em ver aquele mar multicolorido de barracas em toda a extensão da areia. Eram verdadeiros farofeiros do Distrito Federal que descobriam Pirenópolis. Chegavam com acampamento completo, traziam cozinha, chuveiro etc. As necessidades fisiológicas aliviavam nos poucos banheiros públicos, nos matinhos ali próximos ou dentro do rio mesmo.
Acampamentos no Poção da Ponte na década de 1970
Na minha modesta opinião, foi uma acertada decisão a de proibir acampamentos em área pública. Nos dias atuais, quem quiser pernoitar em Pirenópolis sem se hospedar em hotéis ou na casa de parentes ou conhecidos, terá de encarar um camping pago. Esses locais particulares oferecem uma boa estrutura, inclusive com segurança, e portanto não justifica mais ocupar os logradouros públicos.
Contaram-me que, agora, a Prefeitura de Pirenópolis começará uma importante obra de restauração das margens do rio das Almas e creio que incluirão no projeto a limpeza da água. De qualquer forma, a futura rede de esgoto inutilizará o uso das fossas sépticas e com isso preservará tanto o Almas quanto os demais córregos que cortam a cidade, como o próprio lençol freático.
Não sei como está a poluição da água do rio atualmente, mas um pouco abaixo da cidade dá para sentir um forte odor de esgoto. Por outro lado, turistas se banham no Poção da Ponte despreocupadamente, e espero que não sitam nenhuma consequência mais séria.
Sou uma pessoa exageradamente otimista. Acredito que num futuro mais distante, nossa água será pura, será possível bebê-la in natura e sem receio. Experiências bem sucedidas estão por aí, tanto nos EUA quanto na Europa, onde o problema era ainda maior que o nosso.
Então, se deu certo lá, dará aqui também!
O rio agradecerá e as gerações futuras também! Salvem o rio das Almas!
Adriano César Curado
É muito bom todo dia amanhecer com aquela brisa do Rio. Moro perto do Poção, desde a infância, e o projeto Rio das Almas será importante para revitalização do Rio. Mas não é somente a parte ecológica que se deve atenção, o fato é que jovens utilizam as intermediações do Rio, para o consumo e tráfico de drogas e entorpecentes, e a Polícia sabe, mas nada faz. Obs: A delegacia da Cidade é em frente ao Rio.
ResponderExcluirOlá, Adriano.
ResponderExcluirCaso você queira ver um esboço sobre o Projeto Beira Rio, baixe este pequeno vídeo: http://www.pirenopolis.tur.br/arquivo/projetoBeiraRio.wmv. É apenas um esboço. Nenhuma árvore será derrubada e as arquibancadas serão um sistema de filtragem e contenção de águas da chuva (enxurradas). É um bom projeto.
Mauro Cruz
Pessoalmente, não acredito nessa recuperação da beira rio de Piri. A coisa já está numa onda de devastação tão grande, que dificilmente reverterão os danos.
ResponderExcluirFabiana Lira
Eu não tenho coragem de tomar banho das águas poluídas do rio das Almas.
ResponderExcluirSandra Albuquerquer Silva
Saudades de quando o Almas era puro!!!
ResponderExcluirFrancisco Pedro Noronha
Eu tomei muito banho no poção da ponte, quando era criança, mas agora não tenho mais coragem.
ResponderExcluirE adriano eu tambem tenho muintas e boas historias do poçao pois la brinquei muinto sempre com meu amigo osmar da rute pois era assim que nos nos indentificava no meu caso ze de nair ou ze do alexandre bem teve uma ves que brincando na pedra do meio achamos um cadaver que tinha afogado ao passar por baixo da pedra foi aquela correria emais muinta molecagem bons tempos
ResponderExcluircomo era bom essa beira de rio antes de bostas cairem e poluir.ferias de julho as patotas juntavam bronzear jogar converça fora e comentar da noite anterior das brincadeirinhas e curtir as paulistinhas.....
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