quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Cavalhódromo



     O nome é horroroso. O lugar também não é lá dos mais belos, principalmente porque as imensas estruturas de concreto estão inacabadas, com vergalhões enferrujados à mostra. Toda vez que entro no Campo das Cavalhadas e vejo o mastodôntico Cavalhódromo dá vontade de sair correndo e não voltar mais.

     Dá saudades da minha infância, quando os camarotes de madeira se espalhavam pelo campo e um poeirão vermelho fazia todo mundo tossir. Naquela época, os mascarados podiam circular livremente a cavalo entre os camarotes e o campo, que era limitado apenas por uma corda, e alguns davam salvas de tiro de festim para alegrar ou assustar.


     Os camarotes eram baixos, e a gente podia facilmente comprar algodão doce, pipoca ou churrasquinho diretamente do vendedor lá embaixo. Bom também para os amigos que passavam distraídos, viam nosso camarote e subiam para um bate-papo ou para degustar as guloseimas exageradas que levávamos.

     Época boa aquela!


     Embora saiba que a quantidade de pessoas ali aglomeradas pede maior infraestrutura, acredito que faltou um estudo prévio de impacto da obra atual. Há todo um contexto por detrás da Festa do Divino e isso não foi observado.

     Ao assistir as Cavalhadas de 2010, constatei que o Cavalhódromo já ficou pequeno por conta tanta gente no campo. Não há mais espaço para turistas e pirenopolinos. Vi estupefato as arquibancadas abarrotadas de gente, no extremo da segurança, enquanto uma fila de ansiosos transeuntes aguardavam na entrada. E o que é pior, não há mais como expandir.


     Comecei esta matéria propositalmente com respingos de saudosismos e terminei na ineficiência da obra. Fiz isso para mostrar como governos não planejam sua ações com a visão no futuro, e tudo é imediatista quando se fala em obras públicas. Se houvesse mais participação popular, uma entrevista com quem entende da festa e a pensa com olhos no amanhã, poderia ter sido melhor aproveitado o espeço.

Adriano César Curado

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