Tive uma infância muito boa. As férias escolares eram enormes e mal terminavam as aulas eu corria para a fazenda do meu avô Zé Lulu. Lá tinha muito espaço e um universo enorme a ser explorado. Com cinco anos eu possuía meu próprio cavalo e labutava tangendo gado no adjutório ao vovô. Mas quando chovia, e naquele tempo chuva era mato, então a gente ficava confinado em casa. Ainda bem que era um casarão enorme, assoalhado de cedro, com janelões que deixava a luz entrar e bagunçar a imaginação da gente. Como demorava semanas para a estiagem chegar, a solução era lavar a roupa e pôr para secar em cima do fogão a lenha, ao lado das linguiças defumadas e dos queijos curados. Meu avô então ria e dizia: “menino, você está cheirando pão de queijo”.
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Adriano Curado