As
mais antigas cidades goianas, como Vila Boa, Corumbá, Meia Ponte,
conheceram uma festa de Carnaval que era ao mesmo tempo divertida mas
violenta. Seu nome era Entrudo, uma velha tradição portuguesa que nos
foi passada pelos colonizadores. Nas cidades goianas, esse folguedo
consistia em sair pelas ruas munidos de cabacinha de cheiro, que eram
bolas de cera com perfume dentro, e jogá-las em quem encontrassem pela
frente. Se apelasse era pior.
Carnaval na Cidade de Goiás na década de 1930.
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Mas
havia também blocos organizados de foliões fantasiadas e nos salões
ornamentados se dançava ao som duma orquestra, que tocava as marchinhas
de sucesso no rádio.
Entrudo, quadro de Debret, 1823.
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Nessa
época, a compenetrada família goiana deixava de lado a vergonha e o
acanhamento e todos, de coronéis a capatazes, se confraternizavam nesse
espírito de brincadeiras.
O
maior incentivador do Entrudo era o próprio imperador D. Pedro II, que
abriu mão do protocolo de respeito e se deixava ensopar pelos próprios
criados, durante o período do Carnaval.
Entrudo em Corumbá na década de 1940.
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A
essência do Entrudo continua viva na alma goiana. Basta ver o resgate
da tradição através do concurso de marchinhas da Cidade de Goiás, que
estimula a produção intelectual e premia os mais talentosos.
Entrudo, quadro de Augustus Earle, 1822.
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Em Pirenópolis já tivemos grandes festas de Carnaval em clubes. Havia um salão localizado ao lado do prédio do Cine-teatro Pireneus, chamado Salão Azul, onde ocorriam grandes festas carnavalescas ao som de orquestras e ao sabor do lança-perfume.
Também na antiga sede do Praia Clube, onde hoje está o Fórum, por muitos anos se dançou Carnaval. Eu me lembro que havia a matinê das crianças e a gente pulava até afrouxar. À noite íamos dormir e nossos pais caiam na folia em outros lugares.
O prédio em primeiro plano era o Salão Azul |
Também na antiga sede do Praia Clube, onde hoje está o Fórum, por muitos anos se dançou Carnaval. Eu me lembro que havia a matinê das crianças e a gente pulava até afrouxar. À noite íamos dormir e nossos pais caiam na folia em outros lugares.
Entrudo em Corumbá na década de 1940.
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Fonte:
-
ARAÚJO, Rita de Cássia Barbosa de. Festas: máscaras do tempo. entrudo,
mascarada e frevo no carnaval do Recife. Recife: Fundação de Cultura
Cidade do Recife, 1996.
- FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
- MORAES, Eneida de. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro: Record, 1987.
Adriano Curado
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