quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Acabou o sossego


1. Sustos nas madrugadas

Já vai longe o dia em que Pirenópolis era um lugar sossegado. Agora todo dia tem relato de um conhecido assaltado ou molestado. Antigamente a gente caminhava romanticamente por estas ruas antigas e o coração se elevava em poesia. Hoje esse mesmo coração se sobressalta quando, retardatários da boemia, deparamos com um grupo desconhecido, um motoqueiro que assunta ou um carro que passa devagar. Tememos ser a próxima vítima.

2. Falta segurança pública

Mas o que esperar de uma cidade que não tem cadeia pública, que a Delegacia de Polícia funciona de improviso e onde a Polícia Militar trabalha com reduzidíssimo efetivo? Só podia dar nisso mesmo. É o descaso dos nossos governantes que não zelam pela segurança de seu povo.

3. Adaptar-se ou perecer

E não há nenhuma perspectiva de melhoras para nós pirenopolinos. Pagamos o preço pela proximidade do entorno do Distrito Federal, bolsão de violência noticiado diariamente. Nem na zona rural se tem mais tranquilidade, e as fazendas e sítios são constantemente atacados por bandidos armados. 

Então, se não há solução imediata, o conselho é nos adaptarmos para não perecer. Não transitar sozinho de noite, criar cachorros na zona rural e ficar atento ao menor sinal de alerta. Não se esqueça de que não poderá contar com polícia alguma.

Adriano Curado


sábado, 18 de novembro de 2017

Foto antiga da Matriz de Pirenópolis


1. A Matriz retratada por João Basílio

Esta é uma fotografia de autoria do fotógrafo pirenopolino João Basílio de Oliveira. Ela registra a tranquilidade de Pirenópolis em distante tempo. Embora não fosse o único fotógrafo local, Basílio era o mais requisitado. Seu acervo pessoal hoje é de centenas de fotos.

2. Análise da imagem

À direita está o Mercado Municipal, inaugurado pelo intendente José Ribeiro Forzani em 1914, hoje doado para ser a sede da Banda de Música Fênix. Em primeiro plano, à esquerda, um pescador solitário passa o tempo no aguardo dos lambaris ariscos. E lá longe, como que acenando para o além, exibe-se imponente a velha Matriz de Senhora do Rosário, ainda velada por duas palmeiras, cochilando de caduquice no entardecer dos séculos. 

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

ENTRELINHAS


A Igreja Matriz, desvendada nas entrelinhas do Carmo, se mostra charmosa na paisagem distante. Parece até que o tempo não passa neste torrão sagrado do cerrado goiano.

domingo, 12 de novembro de 2017

O MAIS IDOSO



O homem mais idoso do Brasil pode ser esse pirenopolino de 112 anos de idade. Ele mora numa fazenda próximo ao Povoado do Índio e é cuidado por uma sobrinha.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O SINO GAGO, O GALO E O COMENDADOR SALVADOR


Aqui ainda é a velha Meia Ponte, das minas de ouro de Senhora do Rosário, do rio que nasce ali nas encostas escuras daquela serra e que homenageia as almas - do purgatório, acredito, pois as do céu não precisam mais de homenagens, e as do inferno estão por demais ocupadas com outros afazeres. Enfim, cá por estas bandas é que uns portugueses ambiciosos acharam de batear o rio e depois espetar no chão aroeiras seculares revestidas de adobe e criar esta sequência de casario colado e sem prumo que levam as ruas a seguirem meio cambaleantes história afora. 

Nos quintais imensos havia galos (hoje proibidos e multados) e uma infinidade de jabuticabeiras e mangueiras farturentas. Embora ainda assim a molecada preferisse saltar para o quintal alheio porque a fruta furtada é mais adocicada, dizem. E em tempos áureos o que se via por estes becos (ops! hoje não pode mais falar esse nome: são travessas) era o transitar manhoso dos carros de bois ou o tropel dos cascos das montarias. Nada comparado com essas motos infernais que voam baixo ou com esses carros de bastardos infestados de sons automotivos. 

Havia disputa de bandas de música e toda família tinha alguém que sabia tocar algo ou cantar afinado. Por agora, no entanto, a escola da centenária Fênix carece de interesse da juventude, embora a audiência dos caixotes televisivos aumente a cada dia. 

E depois disso tudo ainda encontro alguém que me aborda e indaga: temos futuro? E o pior é que esse alguém ainda aguarda na esperança de uma resposta animadora. Ora essa, façam-me o favor! O futuro aqui são pousadas nos quintais, galos nas panelas, cenário de casarões, crescentes extorsões turísticas, e ainda um sino gago que ninguém sabe se está soluçando ou anunciando o juízo final.

Mas não é que temos futuro sim! Vamos mandar trazer lá do Engenho de S. Joaquim, com as bênçãos do Padre Simeão, um certo Comendador salvador e encomendar com ele mil dúzias de liberdade para nosso espírito, e ele vai mandar publicar um jornal para encher de brios nosso semblante sossegado e ainda mandar descer o sino gago e dar nele com uma colher de pau suja de doce de leite, porque dizem que isso cura gagueira. 

Agora, se o Comendador não quiser ou não puder vir, quem não tiver despertador vai perder o bonde da história, pois os galos já estão servidos para os insaciáveis turistas e não cantam mais. 

Adriano Curado

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O Rio


Lá vai o rio serpenteando entre as pedras e contornando em voltas a vicissitudes da vida. Vai lá adiante no rumo do infinito, distantes paragens que nem em sonhos advinha, e onde se elevará em leves gotículas para o firmamento. E voltará um dia esse mesmo rio, porque retornar é preciso, na precipitação de um temporal de almas. Continuará em todo tempo, enquanto tempo houver, a vida, qual a roda viva de recomeços, até o dia em que não será preciso mais recomeçar, porque já teremos finalmente alcançado (cansados) o infinito mar oceano.

Adriano Curado

Modesta homenagem aos anjos de nossa cidade que recentemente retornaram para o Criador.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Os altares da Matriz


Destruída por um incêndio em 2002, a Matriz teve sua estrutura física reconstruída, mas os elementos artísticos não foram replicados. Isso sempre incomodou a população. Ver vazios os nichos onde antes estavam lindos altares dá mesmo uma grande tristeza. 

Ocorre que há no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) uma interpretação de que não se refaz obras de artes. Se acabou, fica como está. 

O ideal seria ouvir a população pirenopolina sobre refazer ou não os altares laterais da Matriz. Isso pode ser através de uma pesquisa ou então uma consulta popular oficializada. 

Particularmente, sou a favor das réplicas. E cito como exemplo os belos monumentos da Europa que sofreram com bombardeios da Segunda Grande Guerra. Após o fim do conflito houve um trabalho intenso para reconstruir tudo, e agora esse locais são tidos como autênticos porque mais de meio século se foi e uma nova história foi escrita.

Adriano Curado