quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Jeito colonial de ser

Uma das principais avenidas da cidade de Pirenópolis foi toda revitalizada com novas luminárias coloniais e belo projeto paisagístico.

Resgatar e revitalizar são ações que nos trazem lembranças do passado. Foi o que aconteceu em uma praça da cidade de Pirenópolis localizada na Avenida Sizenando Jayme. O espaço de convivência recebeu o nome do Walter Jayme, sendo inaugurado na noite da última segunda-feira (1º), o evento foi celebrado das 18 horas às 20h30. O lançamento da revitalização contou com a presença de autoridades e familiares do homenageado.

O espaço de convivência faz justa homenagem ao pirenopolino Walter Jayme, filho de Sizenando Jayme e Ernestina Lopes Jayme. Walter nasceu no ano de 1937, trabalhou com extração de pedras, coletor, caminhoneiro e tornou-se um bem-sucedido empresário do município. Ele atuou na gestão pública municipal como secretário de governo e chefe de gabinete. No ano de 1964 casou-se com Geny de Oliveira Jayme, com a qual teve três filhos, Wadson Cássio Jayme, Walter Jayme Júnior e Wanessa de Oliveira Jayme.

Segundo informações da assessoria de imprensa de Pirenópolis, a obra trata-se de uma revitalização no centro da cidade, em uma das principais vias do comércio local. O projeto buscou revitalizar a avenida sem perder o estilo colonial da cidade. Foi priorizado o alargamento dos canteiros centrais com a troca do calçamento existente, sendo agora feito totalmente com as famosas pedras de “piri – quartzito”.

A praça é totalmente acessível e foram instaladas novas luminárias coloniais, além de um belo projeto de paisagismo ao longo dos canteiros centrais através do plantio de grama esmeralda e árvores nativas do Cerrado goiano como ipê, mirindiba, sapucaia, cedro, copaíba, guapeva, murici, lanterneiro.

“Pirenópolis conseguiu essa verba federal graças ao potencial turístico do município, somos um dos 65 municípios indutores de turismo do Brasil. Sendo assim, os recursos para execução da obra foram viabilizados pelo Ministério do Turismo e pela Prefeitura de Pirenópolis”, explicou assessoria.

O projeto foi totalmente inspirado na arquitetura colonial de Pirenópolis e engloba outras duas ações, que é a sinalização turística e um serviço social de calçadas na Viela da Passagem Funda (uma comunidade carente de Pirenópolis), totalizando cerca de 416 mil reais.

Além de um espaço de lazer para toda comunidade e turistas, o Espaço de Convivência Walter Jayme (nome oficial da praça) é um resgate da cultura pirenopolina, por meio da arquitetura e também dos costumes da cidade, de reunir família e amigos para dois dedos de prosa, ou para uma roda de voz e violão. O Espaço de Convivência será também mais um cartão-postal da cidade. E quantos álbuns de aniversário, casamento, viagens contam com Piri como cenário. Esse com certeza será mais um presente para a comunidade, no mês que antecede a comemoração dos 287 da cidade.

Emoção da

família Jayme

A viúva de Walter Jayme, a senhora Geny de Oliveira Jayme, afirmou sentir uma alegria que não cabia dentro de si. “Foi muito bom receber o carinho de todos, pois lá estava presente meus familiares, o prefeito e autoridades. Realmente um dia de grande emoção.”

Geny, que se sente lisonjeada pela homenagem ao falecido marido, diz que o espaço servirá para relembrar o bom homem que Walter era. Além da população e turistas poderem aproveitar o espaço de várias formas, como os idosos que irão sentar nos “banquinhos” pra conversar, as crianças andarem de bicicleta e velocípedes e os visitantes poderão fazer lindas fotos.

Já a filha de Walter Jayme, Wanessa de Oliveira Jayme, agradece a prefeitura da cidade pela iniciativa de homenagear o pai. “É motivo de muita alegria para nós familiares, pois meu pai foi um homem bom e justo.”

Encantadora

Toda cidade tem seu encanto, porém, poucas reúnem tantos encantos como Pirenópolis, a Cidade dos Pireneus. Cidade histórica, uma das primeiras do Estado de Goiás, Pirenópolis é abraçada pela serra que deu origem ao seu nome, com montanhas cobertas pela raríssima vegetação de Cerrado rupestre, natureza exuberante, formações rochosas, nascentes e dezenas de cachoeiras.

Segundo a tradição local, a serra recebeu o nome de Pireneus por haver na região imigrantes espanhóis, que por saudosismo ou por encontrar alguma semelhança com a cadeia de montanhas situada entre Espanha e França deram então o mesmo nome a esta serra goiana. É a terra das Cavalhadas, da Festa do Divino Espírito Santo, de Veiga Vale, de altares barrocos e das pedras de quartzito.

Pirenópolis foi a primeira cidade a possuir obras sacras, a primeira biblioteca e o primeiro cinema do Estado. Destacou-se na música goiana, graças ao surgimento de grandes maestros, e também da imprensa de Goiás. Nela foi impresso o primeiro jornal do Centro-Oeste, denominado Matutina Meiapontense.

É reconhecida como berço da cultura goiana e já foi considerada a Atenas de Goiás!

Nasceu com o nome de Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte, fundada em 1727 pelo português minerador Manoel Rodrigues Tomar. Tornou-se vila em 1832, cidade em 1853, Pirenópolis em 1890.

Importante centro urbano dos séculos 18 e 19, com mineração de ouro, comércio e agricultura, ficou isolada durante grande parte do século 20 e foi redescoberta na década de 70, com a vinda da capital federal para o Brasil Central, tendo sido tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1989.

Toda cidade tem um jeito que é só seu e debruçada sobre o Rio das Almas, a cidade conservou tradições e manifestações culturais. Preservou seu patrimônio arquitetônico de belos casarões e igrejas do século 18, e especialmente, sua hospitalidade e uma maneira de viver. Respira-se bem-estar de cidade pequena quando se anda por ruas de pedras iluminadas por lampiões coloniais; quando se come da cozinha regional que guarda ingredientes e antigas receitas; quando se conhece a prosa cordial dos moradores.

E se é surpreendido por uma eficiente estrutura turística de bons hotéis, variados restaurantes, pousadas charmosas e aconchegantes, cachoeiras, passeios ecológicos e de aventura e uma rua dedicada ao lazer. Bares com mesas ao ar livre que funcionam desde o fim da manhã até a madrugada.

Pirenópolis possui ainda um comércio diferenciado onde é possível encontrar objetos artesanais, tecelagem, cerâmica, máscaras das Cavalhadas, flores de papel e chitão, mandalas do Divino. Tem arte e design, além de ser centro produtor de joias artesanais em prata. Passear por ela, ver o rio, apreciar a paisagem é estimulante e compensador.

Toda cidade tem sua vocação e a de Pirenópolis se manifesta desde os tempos coloniais. Ontem, entroncamento de caminhos para os que transitavam pela Estrada Real circulando ouro, mercadorias, tropas, notícias, sonhos, aventuras e conhecimento. Hoje, recebendo um fluxo constante de visitantes de lugares vizinhos e cada vez mais distantes, tornando a cidade onde se realiza o intercâmbio entre tradições, valores e jeito de ser que tão bem conservou com a diversidade cultural brasileira e mundial.

Texto do jornalista JOHNY CÂNDIDO, publicado no jornal Diário da Manhã, Caderno DMRevista, do dia 3.9.2014.

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