segunda-feira, 8 de julho de 2013

Jarbas Jayme e as suas duas histórias especiais


“O Arraial de Meia-Ponte, atual Pirenópolis, fundada pelos companheiros da Bandeira de Anhanguera, Filho, Urbano do Couto Menezes e Manuel Rodrigues Tomar, este último culpado pelo início das desavenças, do povoador de Goiás com a Capitania de São Paulo (leia-se Capitão-General Antônio da Silva Caldeira Pimentel) que regia as Minas dos Goyazes, é o torrão natal de Jarbas Jayme, o maior historiador municipalista de todos os tempos de Goiás.

Filho de Sizenando Gonzaga Jayme e Eugênia Goulão, nasceu Jarbas Jayme no dia 19 de dezembro de 1895. A sua formação intelectual e, sobretudo, humana, a qual também irei visitar neste texto, deve-se a sua passagem pelo Seminário Santa Cruz, então localizado no distrito de Ouro Fino, município da cidade de Goiás, responsável pela formação de grandes personalidades que povoaram as cercanias da rica e bela história goiana do século XX.

Professor, funcionário público, Jarbas Jayme vasculhou os arquivos públicos e particulares de Pirenópolis para contar como ninguém, pelo menos até a data desta publicação, a história da sua cidade através dos troncos familiares das pessoas ali assentadas e nascidas.

Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e Instituto Genealógico Brasileiro. Publicou em vida os seguintes livros: Cinco Vultos Meiapontenses; Do Passado ao Presente; Anedotário Meiapontense e Vale Seis. Após o falecimento de Jarbas Jayme, seu filho e herdeiro intelectual, José Sizenando Jayme tomou a feliz iniciativa de buscar meios para trazer a lume as demais preciosidades historiográficas: Esboço Histórico de Pirenópolis (volumes I e II) e Famílias Pirenopolinas (volumes I a VI). Ainda a bela parceria entre pai e filho, originou os livros: Pirenópolis – Casas de Deus, Casas dos Mortos e Pirenópolis – Casas dos Homens.

Como ninguém, Jarbas Jayme soube cantar a sua aldeia, terra–mãe do teatro e da imprensa no Estado.


Morto na cidade de Anápolis, no dia 21 de julho de 1968, na antiga Santana das Antas, palco de outra belíssima história de Jarbas Jayme. Anápolis, como nenhuma outra cidade goiana, recebeu igual à imigração sírio-libanesa. Os primeiros que ali chegaram, tratados de “turcos” por causa dos seus passaportes manchados pela dominação Otomana secular em suas terras, não eram menos subjugados, discriminados, ignorados pelos anapolinos, do que em seu eito natal. Aí entra a figura humana e culta respeitadíssima do Jarbas Jayme na cidade.

Atuando como um autêntico embaixador da causa árabe local, devagarinho ele foi arrefecendo a gratuita agressividade contra as primeiras famílias assentadas no município. Pouco a pouco, com o passar do tempo, os anapolinos perceberam o quanto eles estavam errados, não apenas no sentido humano, mas sim na ignorância de não conhecer a sua cultura milenar e quanto ela seria importante para o crescimento econômico, intelectual e político do município.

Os irmãos sírio-libaneses, que ilhado por eles, nasci em Pires do Rio, é uma das melhores coisas que aconteceram para o desenvolvimento de Goiás e do Brasil. Particularmente, sugiro a sua comunidade assentada em Anápolis, que não seria demais organizar uma homenagem póstuma a Jarbas Jayme, a bem da sua história local.

Do Jarbas Jayme historiador, eu sabia. No entanto seu legado pró-árabe, agradeço ao amigo e escritor João Asmar as informações que complementam a passagem existencial deste iluminado meiapontense.”


Texto de autoria do historiador Urirajara Galli publicado no jornal Diário da Manhã, Caderno DM Revista, p. 6, em 08.07.2013.

2 comentários:

  1. Paulo Henrique Gonzaga8 de julho de 2013 às 13:15

    Excelente essa matéria. Jarbas é o maior genealogista brasileiro, sem sombra de dúvidas. Parabéns pela postagem.

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  2. Super interessante, estou gostando demais de saber sobre os acontecimentos de Pirenopolis e as historias de Goias...acho que já sei de onde minha tia tirou o nome de meu primo Jayme(rsrsr) e porque ela gostava tanto de militares.

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