segunda-feira, 29 de julho de 2013

Casas de letras e afins

Sempre que vejo pessoas – especialmente os da arte – criticarem os grupos sociais de modo pejorativo (“panelinha” é o termo mais corriqueiro), menosprezo o comentário. Explico: o bicho sapiens é dado, sim, a associar-se por suas afinidades e (ou) necessidades. Foi por isso que surgiram as tribos, os clãs, as associações, clubes e sindicatos, os aglomerados a que chamamos de vilas, povoados, cidades e, por fim, as províncias e os estados. Logo...

Por razões óbvias, os clubes (ou associações) de que mais participei e participo são os de letras. Não que tenha deixado de compartilhar de outras entidades, como clubes sociais, associações profissionais e me apegado a dois times de futebol (essa paixão nacional que é quase unanimidade), mas o ofício da escrita sempre me puxou com mais força.

Houve a União Brasileira de Escritores de Goiás, aonde fui levado pelo presidente (1977) Miguel Jorge; depois, tornei-me membro da diretoria e até presidente; depois, veio a Academia de Letras e Artes de Caldas Novas (1990), seguida de perto pela Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música (1994) – destas, participei dos trabalhos de fundação. Em 1996, fui eleito para a Cadeira 10 da Academia Goiana de Letras (vaga surgida com o falecimento do inesquecível amigo Carmo Bernardes, justo ele que me estimulou a integrar a AGL).

Em 1998, quando ainda presidia a UBE, fui honrado com o título de Membro Correspondente da Academia Piracanjubense de Letras e Artes; esta entidade tem a mesma idade de sua co-irmã de Caldas Novas, isto é, foi fundada também em 1990. E, mais recentemente, com consumação neste ano de 2013 (o convite para integrá-la veio em 2012), passei a integrar o quadro de membros efetivos da Academia Aparecidense de Letras, na vizinha Aparecida de Goiânia.

Vejo as casas de letras nos municípios do interior como expressões grandiloquentes de suas sociedades. É nelas que se agitam os pensamentos e os ideais, são redutos onde se exercitam a criatividade e o amor à comunidade (naturalmente, ao próximo), na busca quixotesca da valorização da comunidade. Por integrar a Academia de Pirenópolis (berço natal de meu pai), senti-me enaltecido como cidadão literário dali; como se não bastasse, acabei vice-presidente e, em seguida, presidente da entidade; e a Câmara Municipal de lá destacou-me com um título emocionante – o de cidadão honorário. A APLAM está um tanto adormecida, mas alguns acadêmicos movimentam-se para reativá-la; falta apenas que a atual presidente se decida por acolher a iniciativa desses lutadores – ou a entidade pode vir a “abater colunas”.


A de Piracanjuba – que tem sede própria desde 1999 – continua ativa e atuante, orgulho da terra de João Accioly, Léo Lince e Nei Teles de Paula. A de Caldas Novas acaba de ganhar do prefeito Evandro Magal os espaços do Museu Oscar Santos para abrigá-la (propósito a que empenhei-me nos primeiros anos da Academia e que só foi retomado agora, sob a presidência da professora e escritora Marília Núbile).

A de Aparecida completou seu quadro de 40 membros há poucos meses; ato contínuo, obteve a proximidade e amizade da professora Maria de Lourdes Primo, que dirige a Biblioteca Ursulino Leão. Ela obteve, do líder local Freud de Melo, uma espaçosa sala para acolher a nova entidade (nova? Sua criação já tem dez anos; esse tempo entre criar e completar-se é o atestado da determinação de seus idealizados, sobre os quais falarei oportunamente).

Festejo essas entidades com indisfarçável alegria! Sou feliz por ter integrado os grupos criadores de duas delas e envaidece-me ter sido lembrado pelos que integram as outras duas – sem desmerecer a entidade-mor em Goiás, a Academia Goiana de Letras; esta é a casa de maior referência, sem dúvida, mas as academias municipais têm o fetiche de nos integrar à vida local.

Lutemos mais, meus confrades! Nossa obra maior é o exemplo que podemos deixar aos pósteros.

Luiz de Aquino


Texto publicado em:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minhas leitoras e meus leitores, ao comentarem as postagens, por favor assinem. Isso é importante para mim. Se não tiver conta no Google, selecione Nome/URL (que está acima de Anônimo), escreva seu nome e clique em "continuar".

Todas as postagens passarão por minha avaliação, antes de serem publicadas.

Obrigado pela visita a este blog e volte sempre.

Adriano Curado