A família Jayme é uma das maiores de Goiás. E a sua origem é muito interessante. Segundo o historiador Jarbas Jayme, tudo começou com a nomeação do padre Luis Gonzaga Camargo Fleury (nascido na cidade de Goiás em 21/06/1793 e falecido em 29/12/1846) para presidente da província de Goiás pelo então regente padre Diogo Feijó, a maior autoridade do Brasil, à época do Segundo Império.
O respeitável historiador Humberto Crespim Borges, em sua obra O grande pacifista do Norte, conta a coragem e a inteligência do presidente da província, Luis Gonzaga Fleury. E este notável governante teve com Genoveva Maria da Soledade (Inhá Genu) 7 filhos, entre eles João Gonzaga Jayme de Sá. Mas há de se perguntar, por que o sobrenome Jayme e não Camargo Fleury? A resposta está em – por ser padre – não poderia registrar os seus filhos com o seu sobrenome. E então ele “copiou” e batizou seus rebentos com o sobrenome da nobreza que pertencia aos reis Jayme da Inglaterra.
O respeitável historiador Humberto Crespim Borges, em sua obra O grande pacifista do Norte, conta a coragem e a inteligência do presidente da província, Luis Gonzaga Fleury. E este notável governante teve com Genoveva Maria da Soledade (Inhá Genu) 7 filhos, entre eles João Gonzaga Jayme de Sá. Mas há de se perguntar, por que o sobrenome Jayme e não Camargo Fleury? A resposta está em – por ser padre – não poderia registrar os seus filhos com o seu sobrenome. E então ele “copiou” e batizou seus rebentos com o sobrenome da nobreza que pertencia aos reis Jayme da Inglaterra.
Os primeiros Jayme.
João Gonzaga Jayme é pai do senador Luis Gonzaga Jayme, que empresta o seu nome a uma rua do Setor Campinas (Rua Senador Jayme) em Goiânia e que tivera um fim trágico, pois fora assassinado no Hotel dos Estrangeiros, no Rio de Janeiro, em 1921, pelo seu assessor no Senado quando se encontrava nu com a esposa, também nua, desse mesmo funcionário;
Frederico Gonzaga Jayme, ex-intendente municipal (prefeito) de Rio Verde, casado com Mozarta Siqueira, da família Siqueira de Goianésia (do mesmo clã do ex-governador Otávio Lage de Siqueira). Frederico foi um dos maiores genitores da história do Brasil. Entretanto era um homem honrado e generoso. Major Frederico era tudo na cidade: além de líder político era rábula, boticão, boticário e médico sem diploma. Tanto que ele fez o parto de minha avó, onde resultou à luz minha mãe! Dizem ser ele pai de mais 100 filhos – obviamente, com muitas mulheres! João Gonzaga Jayme, seu genitor, tivera também uma grande prole, inclusive, com uma ex-escrava de nome Leocádia Pereira, e só com ela teve 14 filhos… E desse relacionamento, um dos mais conhecidos, Juanito Jayme foi proprietário da Pensão Padre Rosa (hoje, Restaurante Padre Rosa, pertencente ao seu filho Ranulfo Jayme), restaurante famoso em Pirenópolis na década de 1970, onde servia mais de 40 pratos diferentes e que, pela fama, acabou recebendo a visita do então presidente Artur da Costa e Silva. Juanito Jayme era pai do não menos famoso, destemido (e temido) Agenor Jayme, um mulato de quase dois metros de altura e com mais de 150 quilos, que se mudou, ainda rapaz, para Palmeiras de Goiás. Daí a ramificação dos Jayme pretos. Houve um tempo em que se dizia que a grande família Jayme se dividia entre “Jayme dos olhos cozidos” (olhos azuis) e os Jayme pretos (descendentes de escravos). Também reza a lenda que os Jayme pretos criaram a língua dos Jayme, que consistia em falar de trás para frente, justamente para outras pessoas não entenderem. Talvez para não provocar a ira nos patrões escravistas! Então, quando queriam falar mal de alguém, diziam que o cidadão era um atup adef (pronuncia-se atupadefi) que em “jaymeês” seria “feda puta” (corruptela de filho da puta). Este dialeto ainda perpetua principalmente entre os Jayme residentes em Palmeiras de Goiás. José Sisenando Jayme, na excelente obra Pirenópolis (Humorismo e folclore), conta um feito interessante: que um dia, certo cidadão chegara na Casa de Olga Jayme em Palmeiras e a filha Leí foi recepcioná-lo. E ela gritou para mãe: chegou um “oçom” que parece “obob” e ainda é “oief”! O cidadão que acabara de chegar, de pronto atravessou: “Obob” e “oief” é você, “atupadef”! Tratava-se do Francisco Rattes, o Chico Rattes, seu primo, que morava em Rio Verde e que ela ainda não conhecia!
Além dessas curiosidades, resta a pitoresca acusação de sermos descendentes de padre.
Dos 14 filhos de João Gonzaga Jayme e da ex-escrava Leocádia, alguns deixaram sementes importantes: Castorina se mudara para Rio Verde e viria a ser a matriarca da grande família Rattes; Olga Jayme (esposa de José d’Abadia/ Zé de Rita) residiu em Palmeiras. Julieta Jayme faleceu jovem e deixou ainda na puberdade Marinho Jayme e Tília Jayme Nascimento, que por sua vez seria a minha avó materna e mãe do ex-deputado federal e conselheiro do TCE Iturival Nascimento, do ex-prefeito de Rio Verde Iron Jayme Nascimento e de minha saudosa mãe, Zaira Nascimento.
Hoje, somos milhares com o sangue de Jayme.
E, eis-me aqui, tentando escrever sobre a minha singela origem, a de um Jayme preto e tetraneto da ex-escrava Leocádia. Afora isso, deixo para a posteridade mais uma vertente da geração Jayme que é a minha filha Thaís Nader Nascimento, que por sua vez deixa uma outra nova geração, a dos meus dois netinhos Otávio e Joaquim.
(Tadeu Nascimento, cronista.)
Fonte site http://www.dm.com.br/opiniao/2015/02/o-tetraneto-da-escrava-leocadia.html
Obs.: O autor se equivoca ao apontar a Cidade de Goiás como a terra natal do pe. Gonzaga, pois ele nasceu em Meia Ponte, hoje Pirenópolis.
Para conhecer um pouco mais da biografia do padre, acesse: http://cidadedepirenopolis.blogspot.com.br/2011/01/padre-gonzaga-freury.html
Obs.: O autor se equivoca ao apontar a Cidade de Goiás como a terra natal do pe. Gonzaga, pois ele nasceu em Meia Ponte, hoje Pirenópolis.
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Adriano Curado