sexta-feira, 10 de maio de 2013

O Imperador do Divino

                         Benedito Félix da Costa Ferreira: Imperador 2013


     Uma figura importantíssima na Festa do Divino de Pirenópolis é a do Imperador. Embora não haja restrições, nunca houve uma Imperatriz. Ocorreram festas memoráveis, e creio que a mais famosa seja de Chico de Sá, em 1917. Mas posso citar também a de Agostinho de Pina (1953), que doou novos instrumentos para a Banda Fênix e vestiu muitos cavaleiros.

     É verdade que o Imperador já teve mais destaque. Era um personagem que determinava os rumos dos festejos. O exemplo disso são as Cavalhadas, que dependiam de prévia aprovação sua.

Rafael Samuel Nonato: Imperador 2012

     Exercia também certa autoridade sobre os pirenopolinos, intervia em brigas familiares e possuía o direito de libertar um preso da cadeia. Nos dias atuais, entretanto, seu poder é mais simbólico. A festa acontece com ou sem sua aprovação. Ele ficou restrito a guardião da Coroa do Divino e do cetro, a fornecedor de refeições aos participantes etc.

     Sua participação nos festejos é muito curta. O auge é o Cortejo Imperial, tão belo e tão desprestigiado. Antigamente era um grande evento social acompanhar o festeiro na manhã do Domingo do Divino. As pessoas acordavam cedo, vestiam a melhor roupa e se posicionavam uma atrás da outra, qual procissão.

Mauro de Pina: Imperador 1966

     Mas agora tudo mudou porque os antigos desanimaram, preferem ir direto para a Igreja, e os jovens viram a noite nos ranchões de dança. Pouquíssimas pessoas participam do Cortejo Imperial, dá até dó.

     O Imperador sai de sua casa às oito horas, acompanhado da Banda Fênix, da Banda de Couro, do Congo, da Congada, do cordão de virgens etc. e segue sob um teto de bandeirolas vermelhas e brancas. Dá saudades de outras festas, dos que já se foram para outro plano etc. Segue dentro de um quadro formado por quatro varas atadas nas pontas por quatro virgens.

Thales José Jaime: Imperador 2011

     A missa solene é das mais belas apresentadas em Pirenópolis, cantada em latim pelo coral local e com participação de muitos músicos. Até bem pouco tempo Ita e Alaor eram figuras indispensáveis na solenidade, sempre com seus violinos a tiracolo. Essa missa geralmente é celebrada pelo bispo de Anápolis e costuma demorar bastante, quase a manhã toda.

     Terminada a missa, na sacristia da Matriz é feito o sorteio do novo Imperador do Divino, aquele que realizará a festa no ano seguinte. Antes, qualquer pessoa podia participar do sorteio (entrar na sorte), mas na atualidade a Igreja restringiu os candidatos aos frequentadores da paróquia. Primeiro são sorteados os mordomos (do mastro, da fogueira, da bandeira etc.) e por último o Imperador.

Geraldo de Pina: Imperador 1969

     Numa cerimônia simples dentro da Matriz, no domingo à noite, após as Cavalhadas, o padre convida o Imperador do ano e o novo a se aproximarem do altar. Nesse momento, a Banda Fênix toca o Hino do Divino e toda a assistência canta. O celebrante então retira a Coroa da cabeça do Imperador velho e na sequência coroa o novo Imperador, quando então a banda repete o Hino.

     O Imperador do Divino deste ano é Benedito Félix da Costa Ferreira.

Adriano César Curado

Marcus de Siqueira: Imperador 2009

3 comentários:

  1. Adriano, gostei demais da sua matéria, você nos dá uma verdadeira aula de história. Parabéns.

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  2. Não sabia que a cerimônia de coroação acontecia assim. Você é demais, historiador!

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  3. UIARA PEREIRA DE PINA13 de maio de 2013 às 15:47

    A tradição está se perdendo.Uma pena, dor no coração.Parabéns pelo posto primo, mais uma vez, DEMAIS!

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