terça-feira, 14 de maio de 2013

As danças na Festa do Divino

Tapuias na Festa do Divino

     Quem vê as apresentações do congo, da congada e da contradança atualmente, não imagina que nossa Festa do Divino já foi muito mais animada em matéria de danças.

Bastião de Chica (direita) como Tapuia

     Vou tomar como exemplo a festa de Manuel Inácio D’Abadia Aquino de Sá Filho, em 1979. O então Imperador Eli de Sá, como é mais conhecido, certamente por ser descendente do coronel Chico de Sá, um escravo alforriado, incentivou manifestações artísticas de origem africanas, como o lundu(1) a súcia(2) e o vilão(3), além das tradicionais congos, congadas e tapuias.


     Na festa de Eli, todos os dias tinha apresentações de danças típicas em sua casa. Mas ele promoveu também inéditas tardes esportivas, além de serenatas noturnas pelas ruas da cidade.


     Na década de 1970, diversos Imperadores promoveram grandes festivais de danças folclóricas na cidade, com ampla participação popular. Em 1980, o Imperador Geraldo do Espírito Santo Lopes (Geraldo de Sansa), além de manter as danças folclóricas dos antecessores, ainda inovou com catiras na casa dos juízes da novena.


     Nos anos seguintes, entretanto, acabaram essas ricas manifestações folclóricas e restaram apenas as tradicionais contradança, congos, congadas etc.

Adriano César Curado


(1) Lundu é uma dança brasileira criada a partir dos batuques dos escravos bantos, trazidos ao Brasil de Angola, e de ritmos portugueses.

(2) Súcia é uma dança de origem africana, caracterizada por forte percussão de tambores, além da participação de cuícas, onde homens e mulheres dançam em círculos.

(3) Vilão é uma dança de origem portuguesa mas adaptada pelos escravos, que repete movimentos de ataque e defesa, onde os dançarinos utilizam bastões de madeira rija e verde.


Fonte:

ARAÚJO, Alceu Maynard; JUNIOR, Arico. Cem Melodias Folclóricas – Documentário Musical Nordestino. São Paulo: Martins Editora, 2010.
SOUZA, Jusamara. Arranjos de músicas folclóricas. Coleção Músicas. Porto Alegre: Editora Meridional, 2009.

Programas da Festa do Divino de Pirenópolis dos anos de 1970/81, disponíveis para consulta no Museu das Cavalhadas, localizado na Rua Direita, Centro Histórico.

Site:


3 comentários:

  1. Adriano, a responsabilidade sobre você só aumenta a cada dia. É que você está chamando para si o legado da história e isso pode ser um caminho sem voltas. Daqui a pouco começará a ser procurado por historiadores de todo o mundo, estudantes, professores, jornalistas, escritores. E todos eles vão querer saber mais e Pirenópolis, da cultura goiano. Seu trabalho é importante e único, sei disso, mas vai chegar num ponto que essas pesquisas e matérias tomarão tempo demais da sua vida. Veja lá se compensa.

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  2. Estive no Museu da Língua Portuguesa (08/05/2013) em São Paulo/SP.
    Em um telão com o mapa do Brasil, pedia para você digitar uma região para que fosse comentado o Folclore sobre a mesma. Digitei Goiás, para minha surpresa!Pirenópolis de cara, não acreditei e ao mesmo tempo felicíssima.
    " Vale a pena, gratificante. "

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