A SEMANA SANTA DE MINHA INFÂNCIA
A Semana Santa de minha infância
Era algo assim grandioso
Tinha cheiro de incenso
Sacros sons melodiosos
E sabor de muito respeito
Todo mundo impunha-se penitência
Lembrando as dores de Cristo
E até mamãe dizia sempre:
“Não coma carne quarta e sexta”
Para o anjinho não se afastar
Vovô vestido de sisudo terno preto
E sobre ele incandescente opa vermelha
Incorporado na Irmandade do Santíssimo
Saía da Matriz pela rua Direita
Na longa procissão do Senhor Morto
Eu sempre ao lado do velho
Sonhando em ser Irmão também
Naquele séquito de dor e sofrimento
Da Santíssima Mãe em aflitivo penar
Chorando a morte do filho Jesus
Nada de fogo música grito e alegria
Pirenópolis em confissão e comunhão
Com crianças esquecendo rixas
As contendas guardadas ficavam
Reservadas para Sábado da Aleluia
Quando Santa Verônica passava
Tremeluziam luminárias nos casarões
A Fênix com pesadas marchas fúnebres
Renascia os antigos de outrora
Chorando lamúria por quem foi embora
Hoje tudo é muito diferente
As procissões parecem menores
Os cortejos menos imponentes
Nem de longe sequer lembra
A Semana Santa de minha infância
Adriano César Curado
Espetacular o seu poema, algo assim que é capaz de tocar a alma da gente e elevar o espírito até a morada dos anjos. Meus parabéns, poeta.
ResponderExcluirPoesia maravilhosa!!!!
ResponderExcluirPerfeição!
ResponderExcluirQue sinfonia da alma!
ResponderExcluirParabéns pela poesia, pena não mais ter a Semana Santa como antes e a cada ano perder as peculiaridades de outrora...
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