SÉRIE BIOGRAFIAS
LUÍS CRULS
Luiz Cruls (Diest, Bélgica, 21/1/1848 - Paris, França. 21/6/1908)
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Louis
Ferdinand Cruls (Diest, Bélgica, 21.01.1848 — Paris, França,
21.06.1908) foi um astrônomo que trabalhou a maior parte de sua vida
no Brasil, tendo baseado em Pirenópolis durante a demarcação do
Distrito Federal.
Tornou-se
conhecido como Luís Cruls aqui no Brasil. Na Bélgica, sua terra
natal, cursou a escola de engenharia civil da Universidade de Gand.
Entrou para o exército daquele país como aspirante de engenharia
militar, alcançando em um ano os postos de primeiro e segundo
tenente.
Dieste, onde nasceu Cruls |
Serviu o
exército belga de 1869 a 1872. Em 1874 pediu baixa e veio para o
Brasil. Foi membro da “Comissão dos Trabalhos Geodésicos no
Município Neutro”, de 1874 a 1876.
Em 1875
publicou em Gante um trabalho sobre métodos de repetição e
reiteração para leitura de ângulos, o que lhe credenciou a ser
admitido como Adjunto no Observatório Imperial do Rio de Janeiro.
Estudou o planeta Marte e, em 1882, observou o trânsito de Vênus na
cidade chilena de Punta Arenas. Em 1877, publicou um estudo sobre a
organização da Carta Geográfica e da História Física e Política
do Brasil.
Antigo Observatório Astronômico do Rio de Janeiro |
Em 1881
aceitou o cargo de diretor do Observatório Astronômico do Rio de
Janeiro.
Em 1892
foi-lhe cometida a incumbência da exploração do Planalto Central
do Brasil e chefiou uma equipe de cientistas que estudou a orologia,
condições climáticas e higiênicas, natureza do terreno, qualidade
e quantidade de água etc. da área do Planalto Central, onde seria
construída a capital Brasília, em 1960.
Uma
cratera de Marte foi batizada em sua homenagem.
A Comissão Cruls
A famosa
Comissão Cruls, que demarcou a área do Distrito Federal, manteve
sua sede na cidade de Pirenópolis, de onde saiu em diversas
excursões de mapeamento da região. Embora sua história seja bem
vasta, neste texto procuraremos resumi-la à nossa cidade, e tratar
apenas da primeira missão.
O
presidente Floriano Peixoto resolveu cumprir um dispositivo
constitucional que previa a mudança da Capital Federal e por isso
enviou ao Congresso Nacional uma mensagem. Em 1892 o Congresso
Nacional aprovou a Comissão Exploradora do Planalto Central do
Brasil, que era composta pelo engenheiro Luís Cruls, de origem
belga, diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, e
outros 21 membros, entre cientistas, técnicos e militares.
A missão
partiu do Rio de Janeiro em junho de 1892. Seguiu por ferrovia até
Uberaba, ponto final dos trilhos da Cia. Mogiana de Estradas de
Ferro, e depois continuou a cavalo e mulas até Pirenópolis. Nas
bruacas e baús levavam aproximadamente dez toneladas de bagagens e
equipamentos que transportavam em 206 caixotes e fardos recheados com
barracas, armas, mantimentos e instrumentos científicos (dois
círculos meridianos, teodolitos, sextantes, micrômetro de Lugeol,
luneta astronômica, heliotrópios, cronômetros e relógios, seis
barômetros de mercúrio sistema Fortin e onze aneróides, bússolas,
podômetros, diversos instrumentos meteorológicos, câmaras
fotográficas com seu respectivo material de revelação e uma
pequena oficina de aparelhos mecânicos destinados ao conserto dos
instrumentos que viessem a sofrer algum acidente).
No casarão rosa hospedou-se Cruls |
Hospedaram-se
esses homens num casarão na Rua Direita e foram muito bem recebidos
pelos pirenopolinos da época. De presente à cidade, em retribuição
à hospitalidade, doaram uma planta baixa muito bem elaborada.
Fotografia tirada debaixo da jabuticabeira no casarão da rua Direita |
Em
Pirenópolis Cruls dividiu o pessoal em duas turmas, com o objetivo
de percorrer o planalto a ser explorado por dois caminhos diferentes.
A primeira turma, chefiada pessoalmente por ele, seguiu diretamente
para Formosa. A segunda, que passou por Corumbá, Santa Luzia (hoje
Luziânia) e Mestre d’Armas (hoje Planaltina) e posteriormente também chegou a
Formosa.
Fotografia da Comissão Cruls |
A equipe
trabalhou mais de um ano em minuciosas medições, até que fincou
quatro marcos delimitadores, denominados de Retângulo Cruls, com
área de 160 por 90 km, e englobava as nascentes das bacias do
Amazonas, São Francisco e Paraná.
Fotografia da Comissão Cruls |
Quando
finalmente retornou ao Rio de Janeiro, já tinham se passado treze
meses de viagem. Organizou-se uma concorrida exposição na sede dos
Correios e Telégrafos onde foram exposto mapas e fotografias, além
de amostras do solo, da flora e da fauna do Planalto Central do
Brasil.
Fotografia da Comissão Cruls |
Cruls
apresentou seu relatório ao Governo Federal e ele foi publicado no
Diário Oficial da União em junho de 1893. A partir de então, o
Retângulo Cruls passou a figurar em todos os mapas do Brasil.
Posteriormente, foi escolhida uma área bem menor, mas dentro da
demarcação anterior, onde se encontra atualmente o Distrito
Federal.
Fonte:
JAYME, Jarbas. Esboço Histórico de Pirenópolis, vol. I, Goiânia: Editora UFG, 1971.
Planalto
Central do Brasil - Coleção Documentos Brasileiros-Livraria José
Olympio Editora-1957.
Site:
Detalhe
de um atlas escolar luso-brasileiro de 1927, quando não existia
Goiânia e a ferrovia terminava antes de Bonfim (Silvânia). Anápolis
era Santa Anna; Luziânia, Santa Luzia e Planaltina, "Mestre
d'Armas". A área prevista para o Distrito Federal era bem maior
que a atual e incluía até Corumbá e Formosa.
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Excelente a sua matéria, uma verdadeira aula de história.
ResponderExcluirGostei do texto, uma certidão de nascimento de Brasília!
ResponderExcluirBelo trabalho e pesquisa.
ResponderExcluirA Missão Cruls merece ser melhor estudada pelos brasileiros para que se tenha noção de como era o interior brasileiro no final do século XIX. Ademais, foi o começo de uma arrancada na conquista do grande continente: A MARCHA PARA O OESTE. Base para a ocupação de nosso território. Brasília representa o ápice deste empreendimento e, com certeza, foi o acontecimento político mais importante do século XX.
ResponderExcluire-mail: edirmeirelles39@gmail.com
Realmente, não entendo a falta de menção (ou a falta de destaque, quando mencionam) nas escolas a essa expedição, da qual surgiram diversos aspectos importantes e determinantes de nossas identidades cultural e política atuais. Alguns temas da BNCC podem até serem interpretados como fazendo menção a essa expedição, mas, na prática, em sala de aula, raramente o são. Por quê?
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