Pirenópolis
é uma terra abençoada porque tem um produto raríssimo: a
espontaneidade folclórica. Cada pirenopolino está à disposição
dos festejos que ocorrem na cidade – festa do Morro, da Capela, do
Divino, Semana Santa etc. Tudo isso tem a participação popular com
alegria e entusiasmo.
E sabe
por quê? Porque nossa cultura nos basta.
Não
precisamos importar novidades “de fora”, temos já o suficiente
aqui. Inventar moda para quê? Sou muito mais assistir uma rodada de
causos com os repentistas nativos, que ir ao teatro ver um comediante
nacionalmente famoso. Prefiro a Banda Fênix pelas ruas da cidade, em
festivas alvoradas, que concertos recheados com arranjos indigestos
lá dos estrangeiros. Meus olhos brilham com a mesmice das
Pastorinhas, mas não têm o mesmo fulgor nas peças teatrais de
outras searas. Mil vezes os poemas puros e delicados de Marieta
Amaral, que um escritor de renome internacional, mas que só vem à
nossa terra por dinheiro – nosso dinheiro, ressalvo.
Sim, sou
bairrista. Amo a minha terra acima de qualquer outra. E para mim, não
há lugar mais lindo no mundo que Pirenópolis. Não há povo mais
inteligente que o pirenopolino. Não há banda mais afinada que a
Fênix.
Vamos
preservar o que é nosso e exigir que os “de fora” não venham
trazer aculturação. Eu valorizo aqueles que cuidam da cultura
pirenopolina e abomino os que inventam moda, pois não sabem o veneno
que injetam em Pirenópolis.
Na
comparação das imagens, a Igreja Matriz antiga e a atual resumem
tudo que escrevi.
Adriano
César Curado
Imagem: Rafael Urani |
A cultura pirenopolina basta, sim. E muito.
ResponderExcluirEssa mania de trazer gente de outros lugares para se apresentar aqui, com prejuízo dos artistas pirenopolinos, é uma tentativa moderna de aculturação.
O Canto da Primavera, por exemplo, não precisava existir com esse formato. Para quê um Ney Matogrosso? Com o dinheiro pago a ele poderiam incentivar os meninos que estudam na escolinha da Banda Fênix ou no recém-inaugurado espaço Ita e Alaor. Isso traria menos gente à cidade? Certamente que sim. Mas Pirenópolis não necessita aumentar a quantidade de turistas, já não dá conta nem dos atuais. O resultado é um mundão de gente drogada e bêbada, urinando nos passeios públicos, depredando a cidade. Isso é turismo?
Chega de megaeventos em Pirenópolis. As autoridades públicas têm que incentivar a cultura local, cuidar para não apagar a chama da espontaneidade popular, como você bem escreveu. Mas se o gestor público não compreende Pirenópolis, como implantar um projeto de integração cultural?
Mais uma vez sua postagem é oportuna e nos convida à reflexão. Meus parabéns, caro escritor, sua escrita é a alma desta cidade.
Parabéns pela postagem! A cultura regional somente se enriquece com a valorização do seu próprio tesouro, que são seus artistas, escritores, pintores, etc., sem a necessidade do tesouro alheio. Dar valor a prata da casa é eternizar a cultura local e fortalecer as raízes de um povo. Basta observarmos os índios, que ao sofrerem a influência do homem branco, paulatinamente deixaram sua cultura de lado e foram absorvendo a nossa...
ResponderExcluirViva a cultura Pirenopolina!!
Viva Pirenópolis!!! Salvem seus escritores e artistas da influência estrangeira valorizando-os devidamente...
ResponderExcluirLuís Eduardo.
Quem tem um tesouro e dele não sabe cuidar, não o merece e deve perdê-lo. No baú do folclore estão as maiores riquezas de uma nação. O rei de Pirenópolis está tirando a mais cara joia de sua coroa e lançando-a ao porcos, sem perceber que seu trono é de papel e precisa ser renovado a cada quatro anos.
ResponderExcluirHá espaço para todos no meio cultural. O que não pode é dar mais valor ao que está lá fora, porque aqueles que lavram a dura terra da cultura merecem seu espaço de destaque. Se eu fosse o prefeito de uma cidade, os artistas da casa é que iam estar ao meu lado na administração, porque são os amigos e parentes deles que votam, que elegem os políticos. Gente de fora recebe o pagamento para se apresentar e cai fora. Os de casa, não. Ficam por ali mesmo, rondando, contanto seus causos e melhorando a imagem política local.
ResponderExcluirEu adoro comentar neste seu blog, Adriano, porque só aqui a gente tem a liberdade de se manifestar. Amo muito Pirenópolis, vou sempre na cidade e gosto de passear pelas ruas, de torcer o pé nas pedrinhas desalinhadas. Não é de hoje que eu noto o que você falou aí, que é a valorização das culturas de fora, sem que o povo da terra participe com seus ensinamentos, suas histórias, sua música. Já tinha até comentado isso com meu pai e ele me falou que a perda da cultura local começa assim.
ResponderExcluirEsta discussão sobre o regionalismo cultural é muito importante, ainda mais nestes tempos de BBBs, novelas e outras bobagens televisivas. Parece que o que vem de fora é melhor, mais chique, mais pomposo, e isso não é muito verdade. A grama do vizinho parece sempre muito mais verde que a nossa – grande ilusão!
ResponderExcluirÉ bom lembrar que o nosso Brasil conseguiu manter sua integridade territorial valorizando as culturas regionalistas, principalmente por incentivo dos grandes coronéis. Em Pirenópolis, o exemplo disso é o coronel Joaquim Alves. Viu como conheço Piri a fundo!!
Saber que arte se faz além fronteira é importantíssimo, mas deve ser valorado no mesmo nível do que está cá dentro.
Sua postagem é muito importante e deve ser publicada por aí.
Abração.
Que desperdício de tempo e dinheiro tentar abafar as manifestações cultural pirenopolinas. Não vão conseguir. A cidade tem quase três séculos de rica história, e não é à toa.
ResponderExcluirSua iniciativa de discutir esses assuntos é muito boa, Adriano. Não se preocupe, os cães latem e a caravana passa.
Pirenópolis é a sua cultura e o seu povo. Fora com estrangeirismo macabro!
ResponderExcluirTudo isso que você conta no texto, Adriano, tem resposta no lugar mais democrático do mundo: NAS URNAS! Aguarde para ver no que vai dar essa brincadeirinha!
ResponderExcluirFeliz do homem que ama sua aldeia. Maldito o crápula que a incendeia.
ResponderExcluirEscritor Adriano Curado, sua postagem é bem verdadeira e merece reflexão.
ResponderExcluirPrimeiramente devemos analisar o que está por detrás disso. Pelo que me consta, a Petrobrás patrocinará a Flipiri 2012, então haverá dinheiro público, bastante dinheiro, certamente, mas depois que passar a feira, é preciso pedir uma prestação de contas apuradíssima da destinação das quantias liberadas. Quanto foi pago a cada participante? Cada centavo da verba foi investido onde?
Se houver qualquer dúvida, é bom comunicar ao patrocinador, à Ouvidoria da União e ao Ministério Público (tanto Federal quanto Estadual), porque são concorrentes em atribuições.
Em segundo lugar, se não querem a participação efetiva dos filho da terra é porque o pacote já vem pronto, fechado. Bobos deles, que farão uma festa menor, sem o brilho dos que contam as histórias do lindo Estado de Goiás.
Caro Adriano César, este post deixa claramente sua posição contra e correta de importar cultura para a Bela Pirenópolis, realmente o que está acontecendo em todo o Brasil é: de que só agora os maiorais internacionais das décadas de 70.80,90, estão vindo tocar no Brasil. Porque não vieram cá no auge do sucesso? Temos que valorizar veementemente a prata da casa. Alguém já disse: "o brasileiro é tão bonzinho"!!!!
ResponderExcluirUm abraço a todos
PARABÉNS PRIMO.Essa é a nossa triste realidade, as pessoas de fora querendo acabar com o que é nosso, aliás tem muitos funcionários da prefeitura que são de fora e querem "embromar". Parabéns mesmo, a igreja não é mais como antes, o ditado diz: "por fora bela viola, por dentro pão bolorento", mas neste caso da igreja é: "por dentro bela viola, por fora pão bolorento", por dentro, a beleza pra inglês ver e por fora a igreja está caindo aos pedaços novamente. O projeto já foi feito pensando nisso, arrecadar mais.....Parabéns pela publicação primo.
ResponderExcluirÉ precisa uma reação da cidade contra esses modernismos. E a melhor resposta é nas urnas!
ResponderExcluirMais uma vez vemos a nossa cidade sendo tomada e ficamos calados, e quando reclamamos, nada acontece. Quer um exemplo de que perdemos espaço, veja o vídeo no site da Globo. Deixa bem claro:http://globotv.globo.com/tv-anhanguera-go/bom-dia-go/v/palco-das-cavalhadas-passa-por-reforma-em-pirenopolis-go/1901709/ Porque entrevistou o funcionário? Se ele falar contra vai ser demitido, pergunta pra alguém que vai na Cavalhada se realmente gostou! Sem interesse político em!!!!
ResponderExcluirTambém assisti a essa matéria a achei ridícula porque só aborda um lado da questão. Não mencionam que boa parte da cidade não gosta do Cavalhódromo e que acha um desperdício de dinheiro público ali empregado. Que jornalismo é esse que não faz um enfoque absoluto sobre a questão?
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