Procura-se Dias Molhados
Chovia muito...
Chovia demais da conta...
E eu, criança esbaforida,
Doida pela liberdade,
Odiava o lenga-lenga,
O pingar manso do inverninho
‘Chuva de molhar bobo’.
O tempo cuida de tudo
E prega peças na gente:
Donde haveria eu de lamentar
A falta que a chuva nos faz?
Hoje que respondo por mim
E pelos meus atos
É quase uma lamúria
A falta do céu se abrindo
Derramando-se no ressequido.
O cheiro da terra umedecida
Envolta no aroma das panelas
Ou do café fervente.
Tudo evoca sentimentos
Quando hoje dobro joelhos
Suplicando encarecido
Regresso imediato, ensandecido
Daquelas gotas frias, puras
Que alegram tanto a gente
Nesses dias tão insossos.
Marcos Fernando de Assis, poeta da vizinha Corumbá de Goiás.
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Adriano Curado