quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Francisco Inácio da Luz

SÉRIE: PATRONOS DA APLAM
FRANCISCO INÁCIO DA LUZ
Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música


Francisco Inácio da Luz (Pirenópolis 21.02.1821 – 27.08.1878) foi músico, compositor, instrumentista, regente, pintor, escultor, inventor e marceneiro.

Filho do professor e grande musicista José Inácio do Nascimento e de Ana da Glória, que era filha do padre Francisco Inácio de Faria Vivas, estudou com o pai o curso primário. Depois estudou humanidades no colégio do padre Manuel Pereira de Sousa e teve como colegas os irmãos André e João Augusto de Pádua Fleury e o padre José Joaquim do Nascimento.

Depois disso, resolveu seguir a vida eclesiástica e, em 10.03.1844, ordenou-se na Cidade Goiás pelo bispo Dom Francisco Ferreira de Azevedo. Como patrimônio de dua ordenação, recebeu de doação de seus pais, em 18.08.1843, o casarão que está localizado bem em frente à Matriz.

Padre Francisco era capelão do Carmo

No ofício de sacerdote, foi coadjutor de seu primo, vigário José Joaquim do Nascimento, e também capelão da capela filial da Igreja do Carmo. Aproximadamente onde hoje está a Aldeia da Paz, ele edificou um sobrado. Em 1870, tornou-se capelão provisório de Santana das Antas, hoje Anápolis, e quando o local se tornou uma freguesia (06.08.1873), continuou como seu pároco até 11.03.1875, ocasião em que, sendo desrespeitado por pessoas da sociedade anapolina, voltou para Pirenópolis.

Jarbas Jayme o define assim: “Bom marceneiro, hábil mecânico, pintor exímio e musicista renomado. Nos arquivos musicais de Pirenópolis, encontram-se belíssimas e extraordinárias produções desse grande discípulo da Euterpe.” O mesmo autor conta interessante causo a seu respeito: “Fez um realejo que causava admiração aos que o ouviam. Tivemos ocasião de falar com pessoas que conheceram dito instrumento, de entre elas, o major Silvino Odorico de Siqueira, discípulo do padre Francisco.” (Jayme, Famílias, p. 331.)

Segundo Braz de Pina, durante sua época de estudante Francisco Inácio da Luz foi para o Rio de Janeiro e lá teve contato com os grandes expoentes da música da época. A capital do Brasil estava em efervescência cultural e muitas eram as novidades vindas da Europa. Ao retornar à sua terra natal, trouxe músicas sacras, teatrais etc., novidades que lecionou a seu brilhante irmão Antônio da Costa Nascimento, que passou a executar com perfeição flauta, clarinete e saxofone. (Pina, p. 8.)

Na casa da esquerda morou padre Francisco.
Foto de Arnaldo Lobato
Por volta do ano de 1858, Francisco Inácio da Luz fundou a segunda orquestra de nossa cidade. A primeira foi criada pelo Vigário José Joaquim Pereira da Veiga uma década antes. A segunda orquestra era composta por: flauta, Antônio da Costa Nascimento; 1° violino, Francisco Inácio da Luz; 2° violino, Teodolino Graciano de Pina; clarinete, José Inácio da Cunha Teles; violoncelo, José Inácio do Nascimento Júnior; e oficleide, José Rafael da Cunha Teles. (Jayme, Esboço, p. 247.)

Por contar com talentosos artistas, a segunda orquestra foi maravilhosa. Executava trechos das óperas dos compositores da moda na época, como Vincezo Bellini (1801 – 1835). Na interpretação de árias religiosas, contavam com o valoroso apoio dos irmãos Braz e Teodoro de Pina, que cantavam esplendorosamente. Quando se mudou para Santana das Antas, Francisco passou a direção da orquestra a seu irmão Tonico, que por ser homem de difícil trato, levou-a ao fim, quando dela se afastaram os músicos.

Tonico do Padre, irmão de padre Francisco

Com Maria Francisca de Almeida, filha do capitão Manuel Joaquim de Almeira e Ana Maria da Conceição, teve sete filhos: Francisco Inácio da Luz (Chiquinho do Padre), Querubina Francisca da Luz, Ana Francisca da Luz, Benedita Francisca da Luz, Bárbara Generosa da Luz, Guilhermina Francisca da Luz e Rosa da Luz Nascimento. (Jayme, Famílias, p. 332/333).

Foi também bom marceneiro, mecânico, pintor exímio e renomado musicista. Foi o fundador da Banda de Música Euterpe, para a qual aproveitou instrumentos remanescentes da velha banda da Guarda Nacional, de Joaquim Alves de Oliveira.

Francisco Inácio da Luz, ao estudar música com mestres cariocas, mudou a história cultural de Meia Ponte. A partir dele, a evolução musical de nossa terra foi intensam, com modernização harmônica e atualização de temas. Por tudo isso, é Patrono da Cadeira n° VI da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música.

Adriano Curado


Bibliografia:

BERTRAN, Paulo (org. e ed.). Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia:
Universidade Católica de Goiás, Universidade Federal de Goiás; Brasília: Solo Editores, 1996.
JAYME, Jarbas. Cinco vultos meiapontenses. Goiânia, Edição Revista Genealógica de São Paulo.
1943.
___. Esboço Histórico de Pirenópolis. Goiânia, Editora UFG, 1971. Vols. I e II.
___. Famílias Pirenopolinas (Ensaios Genealógicos). Goiânia, Editora Rio Bonito, 1973. Vol. II.
MARCONDES, Marcos. Enciclopédia da Música Brasileira. São Paulo: Publifolha, 1998.
LUDOVICO, Thaís Lobosque Aquino. UNES Ludovico. Um artista no sertão. 2006, dissertação de mestrado. Revista UFG.
MENDONÇA, Belkiss Spencière Carneiro de. A música em Goiás. 2. ed., Goiânia, Editora da
Universidade Federal de Goiás, 1981.
PINA, Braz Wilson Pompeu de. Antônio da Costa Nascimento (Tonico do Padre), um músico no
sertão brasileiro. Revista Goiana de Artes, Instituto de Artes da UFG. Vol. 7, N 1º – jan./Dez. De
1986.
PINTO, Marshal G. Da missa ao Divino Espírito Santo ao Credo de São José do Tocantins.
Dissertação de Mestrado apresentada na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de
São Paulo. São Paulo: 2002
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem à província de Goiás. Tradução de Regina Regis Junqueira,
prefácio de Mário Guimarães Ferri. Belo Horizonte, Editora Itatiaia; São Paulo, Editora da USP,
1975a.
___. Viagem às nascentes do rio S. Francisco. Tradução de Regina Regis Junqueira, prefácio de
Mário Guimarães Ferri. Belo Horizonte, Editora Itatiaia; São Paulo, Editora da USP, 1975b.

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