quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Laurita Vitoriano da Veiga

SÉRIE BIOGRAFIAS
LAURITA VITORIANO DA VEIGA 

Laurita Vitoriano da Veiga (Campos Belos, 19/07/1939) é cantora, folclorista, bordadeira, professora, griô e rezadeira.

Filha de Austeclínio Vitoriano e de Idalina da Veiga, embora tenha nascido em Campos Belos/GO, mudou-se para Pirenópolis com um ano de idade, cidade natal de sua mãe, onde mora até hoje. Foi criada pela mãe e pelo padrasto, Sebastião Profeta do Amaral (Bastião de Chica), e ganhou dez irmãos.

Bastião de Chica, padrasto de Laurita, homem de grande sabedoria
  A lembrança mais antiga que tem é de quando morava com seu bisavô Joaquim Augusto Pereira da Veiga. Com apenas três anos de idade já participava das rezas e dos terços com ele e sua mãe. O primeiro hino que aprendeu com seu bisavô foi o Hino de Nossa Senhora da Conceição. E aos poucos aprendeu vários outros, pois cresceu acompanhando e participando das rezas.

Como é a mais velha dos irmãos, trabalhou muito e ajudou a criá-los, mas nem por isso deixou de brincar e cantar. Cantar era o que mais gostava. Aprendeu as primeiras letras em casa, pois naquela época só se ia à escola depois de conhecer o alfabeto. 

Casarão onde funcionou a Escola Com. Joaquim Alves
Estudou muito pouco. Só fez o primeiro ano (hoje ensino fundamental) na Escola Comendador Joaquim Alves de Oliveira, que funcionava na casa que hoje pertence aos herdeiros de José d'Abadia (Zé do Pina).

Laurita fazia de tudo um pouco. Lavava roupa no rio - roupa da família e também para fora, um meio de ganhar dinheiro. Do mesmo modo, cozinhava, fazia adobe, buscava lenha no mato, vendia legumes e frutas, ajudava a matar porco, fazia farinha, socava arroz no pilão, fazia aberém e catava frutos do mato. 

Outra atividade sua era garimpar o mineral rutilo no Rio das Almas e também na terra. Leone Mendonça comprava e vendia para a produção de veículos durante a Segunda Guerra Mundial. 

Aprendeu a bordar muito cedo com sua mãe. Bordava e ainda borda vários tipos de pontos.

Cresceu com participação ativa nas rezas e terços. Foi com sua madrinha Rita Moreira, com sua mãe Idalina e com Maria Isabel da Veiga, mais tarde sua sogra, que aprendeu mais rezas e hinos. Aprendeu também difícil hino religioso Resposta do Perdão, e todos os cânticos das procissões.

Com 18 anos casou-se com o sapateiro Benedito Consuelo da Veiga (Dito Consuelo), com quem teve oito filhos. Seu esposo também fazia parte do grupo de rezadores. Com o tempo, o casal ficou responsável pelas rezas. E após o falecimento de seu marido, seguem apenas dona Laurita e duas de suas filhas com a tradição que já está no fim. 

Foi com o dinheiro dos bordados, especialmente enxovais de bebês e noivas, que tirou o sustento da família e ajudou no estudo de todos os filhos.

Reinado de N. S. do Rosário em Pirenópolis
Em 2007 seu esposo, Benedito Consuelo da Veiga, foi Imperador da Festa do Divino Espirito Santo, quando ela comandou os terços dos cavaleiros e principalmente a cozinha para centenas de pessoas. Fez ainda o Reinado de Nossa Senhora do Rosário e o Juizado de São Benedito em pagamento de uma promessa.

Laurita e seu esposo, com um grupo pirenopolino, participaram da gravação de um LP (Long-Play) intitulado:  Música do Povo de Goiás. Trabalho de alunas da Universidade Federal de Goiás (UFG), sob orientação do maestro Braz Wilson Pompêo de Pina Filho e da soprano Maria Augusta Calado, com apoio da Secretaria de Educação e Cultura.

Participa do Grupo dos Griôs da Guaimbê desde 2005 até hoje, onde atuou  em várias peças de teatro: Domingas e sua Burrinha, Opereta Caipira, O Tal do Quintal, Memorial dos Ossos, dentre outras. O griô é um indivíduo que numa comunidade detém a memória do grupo e funciona como divulgador de tradições.

Foi tema nos livros: Caminhando com as Guerreiras - Criação Guaimbê, 2008; Flor de Pequi: Brincadeiras Populares – Criação Guaimbê, 2008; 

Coparticipou dos livros: Caminhos de Pirenópolis – Criação Guaimbê; A Vida Diferente – Criação Guaimbê, 2008; Andanças pelo Goiás – Criação Guaimbê, 2008; Brasil Memória em Rede: Um Novo Jeito de Conhecer o País – editora Casa Aberta, 2010; Criancerias de Quintal – Criação Guaimbê, 2015.

Participou também das gravações dos seguintes Compact Disc (CD): Extremosa Rosa, com Roberto Correa, 2001 no Zen Studio, Brasília. Cantos de Presépio e Cantos de Mutirão – Coleção Vozes do Bonfim, 2008.

Foi presidente do grupo Renascença da Terceira Idade de Pirenópolis de 2002 a 2004. Atualmente é vice-presidente da Associação de Mulheres do Bonfim, onde desenvolve trabalho voluntário com aulas de bordado.

As modas do cancioneiro popular foram aprendidas com sua mãe e até hoje canta nas festas e serestas.

Eleita para a Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música (APLAM), tomou posse em 27/08/2016, Cadeira XL Patrono: Marlene Fleury.

Posse dos novos Membros Efetivos da APLAM
 Créditos:
- Texto baseado no trabalho de pesquisa de Laurita Vitoriano da Veiga e de sua família.
- Foto do perfil: Thais Valle

Adriano Curado

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