quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Sebastião Pompêo de Pina Júnior

SÉRIE BIOGRAFIAS
SEBASTIÃO POMPÊO DE PINA JÚNIOR


Sebastião Pompêo de Pina Júnior (Pirenópolis, 10.02.1896 – 30.01.1970) foi dentista, advogado, promotor de justiça, músico, maestro, ator, dramaturgo, poeta, encarnador de imagens e compositor.

Aos dez anos de idade subiu ao palco como protagonista da obra “As Duas Torres”, uma longa peça de oito atos, que terminava ao alvorecer e era apresentada em barracões construídos na rua, pois a cidade não tinha um prédio de teatro.

Tocou pistom por muitos anos na Banda Fênix, mas seu instrumento principal era o violino, para o qual se dedicava de forma quase obsessiva, à procura da perfeição. E tocava muito bem.


Era homem de grande cultura. Viajava constantemente ao Rio de Janeiro para assistir peças de teatro, filmes em cinema e recitais de músicas. Aproveitava também para aperfeiçoar o violino com as aulas particulares do mestre Peri Machado, titular do Conservatório Nacional de Música.

Fez parte da Orquestra Ideal, na Cidade de Goiás, e ao regressar a Pirenópolis, iniciou um movimento musical com o clarinetista Otacílio Ferreira e o violonista José da Abadia. Logo aderiram Joaquim Propício de Pina (flauta), Luiz de Aquino Alves (violão), Osmar Tocantins (clarineta) e Hilário Alves de Amorim (violão). Era o final do ano de 1923 e o conjunto se apresentava em saraus e acompanhava árias teatrais.


Casa onde morou Sebastião Pompêo
Foi um sucesso tão grande que decidiram ampliar tal conjunto musical e transformá-lo na Orquestra Pireneus, considerada uma das melhores de Goiás à época devido ao riquíssimo repertório e exímia interpretação por seus integrantes. Mestre Propício convidou a integrá-lo os seguintes músicos da Banda Fênix: Joaquim Thomaz de Aquino, que na banda tocava baixo em si, para executar flauta; Benedito Marcos da Conceição ficou com o baixo em si; Sebastião Brandão, que tocava bombardino, passou para o trombone.

Posteriormente entraram para ao Orquestra Pireneus os irmão Euler e Hélio Amorim (violino) e Braz Wilson Pompeu de Pina (flauta). José da Abadia deixou o violão e passou a tocar o violoncelo de ouvido, pois não sabia música.


Membros da Orquestra Pireneus na histórica foto: da esquerda para a direita, em pé: Euler Amorim, Benedito Marcos da Conceição, Hilário Alves de Amorim, Sebastião Brandão, Benedito de Aquino Alves e Luiz de Aquino Alves. Sentados: Otacílio Ferreira, Braz Wilson Pompeu de Pina, Joaquim Tomás de Aquino, Joaquim Propício de Pina, Osmar Tocantins, Sebastião Pompêo de Pina Júnior, Hélio Amorim e José d'Abadia.

A famosa Orquestra Pireneus tinha como principal atividade tocar no Cinema do Ilídio e também em peças teatrais e saraus. O próprio Tãozico se encarregava de mantê-la atualizada e para isso, quando chegava a Pirenópolis uma gravação de gramofone, transcrevia-a para a pauta, acrescentava alguns arranjos e logo os músicos ensaiavam a nova música. Sucesso absoluto.

Formou-se em Odontologia em 1926 e em Direito em 1937. Segundo seu sobrinho, Dr. Wilno Pompeu de Pina, desistiu da profissão de dentista de tanto levar cano dos clientes. Foi promotor de justiça nas Comarcas de Trindade, Silvânia, Pirenópolis e Formosa.


Após se aposentar como promotor, passou a se dedicar à arte. Começou como encarnador de imagens e para isso possivelmente teve como mestre Agesilau de Siqueira (Lalau), homem famoso nesse ofício.

Depois que Joaquim Propício de Pina faleceu (11.8.1943), Tãozico Pompeu o substituiu como Mestre Capela da Igreja Matriz, passando a reger o Coral Nossa Senhora do Rosário até sua morte em 1970.

Escreveu diversas peças teatrais que foram publicadas com o título de Comédias, em 1979, pela Editora Oriente. Encenou em Pirenópolis mais de quarenta peças teatrais, sendo o autor e o ator de muitas delas. Outro feito seu que merece destaque é o fato de ter zelado, por muitas décadas, do arquivo musical de nossa terra. Se não fosse sua dedicação como arquivista, tudo teria se perdido.

Faleceu em 30.01.1970, aos 74 anos de idade, em estado de solteiro e sem sucessão.

É Patrono da Cadeira nº XXVII da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música, cujo Membro fundador é o escritor e cineasta João Batista de Andrade.

Compôs:

Veni Creator Spiritu
Wilno
Lucinha
Dr. Joãozinho
Balego
Luar dos Pireneus
Mungazá
Sino dos Pireneus


Bibliografia:

CURADO, Adriano César. Biografia do Mestre Propício. Pirenópolis: 1993. Mimeogr.
CURADO, Glória Grace. Pirenópolis: Uma Cidade para o Turismo. Goiânia: Oriente, 1980.
JAYME, Irnaldo. Furacão Histórico. Anápolis: Ed. Cristã Evangélica, 1970.
JAYME, Jarbas. Esboço Histórico de Pirenópolis., Tomos I e II. Goiânia: UFG, 1971.
JAYME ___. Famílias Pirenopolinas (ensaios genealógicos), Tomo I, Pirenópolis: Edição do Autor, 1973.
JAYME, José Sisenando. Pirenópolis Humorismo e Folclore. Edição do Autor: 1983.
MENDONÇA, Belkiss S. Carneiro de. A Música em Goiás. Goiânia: Editora UFG, 2ª ed. 1981.
PINA JÚNIOR, Sebastião Pompêo de. Comédias. Goiânia: Editora Oriente, 1979.

Adriano Curado

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