SÉRIE BIOGRAFIAS
MARIA EUNICE PEREIRA E
PINA
Maria Eunice Pereira e
Pina (Pirenópolis 16.06.1930 – 24.11.2005) foi escritora,
poetiza, grande incentivadora da cultura pirenopolina, fundadora do
Museu das Cavalhadas, do Jornal Nova Era e da Academia Pirenopolina
de Letras, Artes e Música.
Os filhos Luiz Armando e João Luiz. Foto: acervo do Museu das Cavalhadas |
Era filha de João Luiz
Pereira e Sílvia Leite. Estudou no Colégio Padre Gonzaga e na
Escola Normal Nossa Senhora do Carmo, ambos em sua terra natal.
Casou-se com Sebastião Pompeu de Pina (Tãozico) em 26.6.1946, e
tiveram: Eduardo Pompeu de Pina; João Luiz Pompeu de Pina; Maria do
Carmo de Pina Mendonça; Luiz Armando Pompeu de Pina; Sílvia
Conceição de Pina; Célia Fátima de Pina (Jayme, p. 260).
Maria Eunice e José Reis
fundaram em 1989 o jornal Nova Era, que circulou em Pirenópolis de
outubro de 1989 a abril de 1998, quando encerrou suas atividades no
número 35. Sua finalidade era puramente cultural. Não possuía
caráter político-partidário e nem visava qual tipo de lucro. Sua
arrecadação com patrocínio era ínfima e mal dava para as
despesas. O jornalista José Reis foi o idealizador do projeto, e com
ele colaborou de forma decisiva Maria Eunice Pereira e Pina.
Interior do Museu das Cavalhadas |
A Academia
Pirenopolina de Letras, Artes e Música
No dia 26 de março de
1994, na casa de Maria Eunice, foram traçados os planos iniciais
para a concretização do projeto da Academia, e ela, com uma pequena
aposentadoria, arcava sozinha com as despesas e ainda achava tempo
para tocar o Museu das Cavalhadas, selecionar artigos para o Jornal
Nova Era e dar atenção para a família. E no dia 16 de abril de
1994, depois de alguns ajustes, Arnaldo Setti, José Jayme e José
Mendonça Teles concluíram a lista de patronos e acadêmicos.
Precisamente às 17h00, no Museu das Cavalhadas, foi declarada
fundada a Aplam. Maria Eunice ocupava a Cadeira n° 04, Patrono José
Joaquim da Veiga Valle; e é a Presidente de Honra da entidade.
Maria Eunice no Museu. Foto: Acervo do Museu das Cavalhadas |
O Museu das Cavalhadas
Na casa onde morou Maria
Eunice, localizada na Rua Direita, n° 39, no Centro Histórico de
Pirenópolis, está localizado o fabuloso Museu das Cavalhadas, que
foi aberto ao público em 1976. Podemos dizer que a Festa do Divino
entrou na vida de Maria Eunice aos poucos, quando seus filhos Luiz
Armando e João Luiz, ainda jovens, decidiram participar das
Cavalhadas e aprontavam no quintal de onde hoje é o museu. A mãe os
ajudava na custosa arrumação dos cavalos, no cuidado com a roupa
engalanada, no trato com os ajustes finais aqui ou acolá.
Exemplar do Jornal Nova Era |
O portão aberto, a
localização central daquele quintal, a simpatia dos membros daquela
família, tudo isso atraiu público. Primeiramente os pirenopolinos,
e atrás deles os turistas. Maria Eunice tinha que dividir a atenção
com a aprontação e os insistentes pedidos para tirar fotos,
fornecer dados sobre a festa, emprestar material de pesquisa. Notou
ela, então, que a cidade estava carente de um local voltado para a
memória das Cavalhadas. Neste instante, o museu invadia sua casa,
sua vida, sua intimidade, e passaria em breve a fazer parte de sua
própria existência.
Interior do Museu das Cavalhadas |
Tudo começou com a
exposição das roupas dos filhos numa salinha na entrada da casa,
mas com pouco tempo começaram as doações e o museu não parou mais
de crescer. Invadiu casa adentro, diminuiu os espaços da família, e
aquela simples residência passou a ser uma casa de cultura.
Luiz Armando e João Luiz
participaram das Cavalhadas por duas décadas e isso estabeleceu
laços fortes entre aquela família e a Festa do Divino Espírito
Santo. Tanto que, após deixar de ser cavaleiro, João Luiz decidiu
investir no futuro da festa e criou assim as Cavalhadas Mirins. O
museu conserva hoje significativa parcela da memória das Cavalhadas
de Pirenópolis e da Festa do Divino como um todo, o que compõe o
contexto cultural da cidade. Se tivesse mais espaço e alguma ajuda
financeira fora da família, preservaria ainda mais a riqueza
cultural goiana, pois seu acervo poderia ser muito maior. Seu público
hoje é composto de turistas nacionais e estrangeiros, e não é raro
ver grandes concentrações de excursões de estudantes e
pesquisadores na porta da casa.
Entrada do Museu das Cavalhadas |
Com a morte de Maria
Eunice em 2005, a família se cobriu com o mesmo manto de altruísmo
que sempre a orientou. Resolveram entre si preservar a casa e todo o
acervo do museu. Lá mora hoje sua filha Célia, uma pessoa fabulosa
e entusiasmada, que contagia a gente com aquele mesmo carisma que
sempre foi a marca de sua mãe. Sozinha, sem ajuda, resiste
bravamente aos obstáculos que a vida lhe impõe. Célia cursa
turismo, quer ver o acervo ampliado e sonha com a casa transformada
toda em museu.
O Museu das Cavalhadas se
inseriu nos cadastros do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em
2009 e desde então participa de programas nacionais de museus, o que
amplia bastante o alcance do compartilhamento de informações e
experiências.
Interior do Museu das Cavalhadas |
Produção literária:
Participação em
antologias:
1. Poemas, trovas e
crônicas no Anuário dos Poetas do Brasil, Organização de Aparício
Fernandes, Rio de Janeiro: Folha Carioca Editora Ltda., 1979 e 1982.
2. Colheita (A voz dos
inéditos), Organização Gabriel Nascente. Goiânia: Inigraf, 1979.
3. Corumbá (Episódios e
Comentários), Organização Renato Báez. Org. Renato Báez, São
Paulo: Resenha Tributária, 1979.
4. Genealogia e Opiniões,
Org. Renato Báez, São Paulo: Resenha Tributária, 1983.
5. Primavera em Trovas -
Arthur F. Batista - São Paulo - 1981.
6. Saudade em Trovas -
Arthur Francisco Batista - SP - 1983.
7. Luz nas Trevas (4°
Vol. da Coleção
Arnês), Org. José Pinheiro Fernandes, Rio de Janeiro: Editora
Valença, 1985.
8.
Ficções de Hoje... Realidade de Amanhã (10° Vol. da Coleção
Arnês), Org. José Pinheiro Fernandes, Rio de Janeiro: Editora
Valença, 1991.
Obra
publicada:
PINA.
Maria Eunice Pereira e. Devaneios de uma pirenopolina. Goiânia:
Kelps, 1993. (poesia)
Considerações
finais:
Convivi muitos anos com
Maria Eunice e posso testemunhar seu desprendimento pessoal em prol
da cultura. Eu a considero a Cora Coralina de Pirenópolis. Nossa
cidade deve bastante a ela e à sua família. Seu filho Luiz Armando
foi duas vezes prefeito, e como cavaleiro das Cavalhadas ajudou a
modernizá-la, foi rei mouro por muitos anos. João Luiz também foi
cavaleiro e depois criou e organiza até hoje as Cavalhadas Mirins.
Célia mantém vivo o sonho da mãe e idealiza melhorias no Museu das
Cavalhadas. Por tudo isso, Maria Eunice merece figurar entre nossos
biografados.
Adriano Curado
Fonte:
Arquivo da Academia
Pirenopolina de Letras, Artes e Música
Arquivo da Biblioteca
Piraí, em Pirenópolis.
Acervo do Museu das
Cavalhadas.
CARVALHO, Adelmo.
Pirenópolis – Coletânea 1727-2000, História, Turismo e
Curiosidades. Goiânia: Kelps, 2000.
JAYME, Jarbas. Famílias
Pirenopolinas, Vol. I, Goiânia: Editora UFG, 1971.
Entrevista:
Maria Eunice Pereira e
Pina (em 2000)
João José de Oliveira
(em 2000)
Célia Fátima de Pina
(em 2013)
Não faço comparação entre Cora e Dona Eunice, Dona Eunice é única e produziu para Pirenópolis o encontro de refinados literatos, os melhores do estado de Goiás, que de suas reflexões a cada dia aprendemos mais.
ResponderExcluirMinha avó linda e feliz em seu museu.. a pessoa mais nobre, culta e amorosa que conheci.. amava Pirenópolis e tinha idéias pioneiras, a frente de seu tempo ...uma verdadeira revolucionária.. faz muita falta!! obrigada, Adriano Curado.. a APLAM está em muito boas mãos!, não tem dúvida..
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