O Museu
do Divino, que foi instalado no antigo prédio da Casa de Câmara e
Cadeia de Pirenópolis, passou a abrigar, desde 2009, relíquias e
fotografias de uma das maiores manifestações culturais nacionais.
Por outro lado, provocou a fechamento da cadeia pública local e
deixou a cidade sem sequer uma cela para prender os autores apanhados
em flagrante delito.
Na época
do fechamento do pequeno presídio, os gestores públicos estaduais,
entusiasmados com a possibilidade de restauração rápida do prédio
e posterior inauguração do museu, prometeram que em três meses uma
nova cadeia estaria pronta. Já se passaram anos e até agora só
temos promessas.
A
consequência disso é devastadora para a cidade. A sensação de
insegurança é assunto dominante entre moradores e turistas.
E para
completar a celeuma, os presos da cidade, que estão em Alexânia,
agora terão que deixar o presídio e serão possivelmente deslocados
para Estrela do Norte. Isso causará transtornos na vida dos
familiares dos detentos, que terão que se deslocar cerca de 200km
para as visitas a que têm direito. Sem falar na ressocialização do
condenado, que também restará prejudicada.
Durante
o Canto da Primavera, por exemplo, registrou-se até assalto em um
condomínio fechado na cidade. Quem esteve nas apresentações ao ar
livre, ali no Campo das Cavalhadas, certamente que se espantou com a
ausência da segurança pública no local e presenciou condutas que
são indignas de uma cidade cultural como Pirenópolis.
A Cidade
dos Pireneus, como é conhecida, pode ser considerada hoje um lugar
inseguro. Realidade bem diferente de anos atrás, quando se dormia de
janelas abertas e as portas se abriam generosas nos longos corredores
dos casarões.
A quem
devemos apelar? Será que esperam uma tragédia de razoável
proporção para tomar uma atitude? Não seria o caso de uma ação
judicial para obrigar o Estado a cumprir suas obrigações
constitucionais?
Enquanto
as promessas não se convertem em ações efetivas, continuaremos com
a porta tramelada e olhares enviesados pelas frestas das janelas.
Adriano César Curado
(Matéria publicada no Jornal Diário da Manhã em 7.11.2012, Caderno Opinião, p. 5.)
Excelente seu artigo, Adriano. Uma cidade com potencial turístico feito Pirenópolis, que quer dar suporte técnico para a Copa do Mundo de Futebol, não pode ficar sem uma cadeia pública. Isso é um mínimo.
ResponderExcluirCaro Adriano César,consoante o artigo 144, em seu a § 5º, que a Segurança Pública é prestada, dentre outros órgãos, pelas Polícias Militares, cabendo a estas, a função de policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública.
ResponderExcluirPara prestar um serviço de tal complexidade e importância, os componentes da Polícia Militar deveriam estar devidamente qualificados e logisticamente assistidos.
A pergunta: A Polícia Militar está devidamente preparada para responder a necessidade da sociedade? O Estado tem o dever, a obrigação de prestar um serviço eficiente. A ineficiência por parte de sua assistência é, portanto, ofender um princípio Constitucional.
Onde se viu neste país continente um lugar onde não se tem uma cadeia pública? Hoje em dia não podemos acreditar muito em promessas de politicos, etc... O cidadão cumpridor de seus deveres é o que está preso! Oxalá o senhor prefeito agora tome uma decisão efetiva na construção urgente de uma cadeia, ou seja lá o que for preciso para resguardar o nosso povo, nos livrar desse perrengue.
Não é o prefeito que constrói cadeia, isso é atribuição do Estado de Goiás.
ExcluirConstruir cadeias, infelizmente, não dá votos. E esses políticos que aí estão só pensam mesmo em permanecer no poder. Escritor, importantíssima essa sua postagem. Meus parabéns.
ResponderExcluirUma cidade sem presídio é o paraíso dos bandidos.
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