quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Homenagem a “Bidiu”


     "E lá se vai a nossa Bidiu pelos campos do Senhor, e queira Deus que para usufruir da fartura que lhe foi negada nesta sua existência que fazia mais leve a nossa própria.

     Bidiu que nasceu Otilia, com seus passinhos trôpegos e a mão estendida sempre nos fazia reter a marcha de nossas correrias para um “papo” para muitos incompreensível, mas que para aqueles capazes de ouvir com o coração, ela nos levava a embarcar em viagens por um mundinho próprio onde não havia espaço para tristezas e agonias.

     Bidiu, tua ausência deixa Pirenópolis menos mágica. Nossos olhos acostumados a sua figurinha singela transitando por estas ruas cheirando a séculos, agora se deparam com um vazio doído, vazio que por mais que busquemos preencher , nos deparamos com um eco em nossas almas…..CABÔ!!!!

     Bidiu, que os céus te recebam naquele lugar reservado aos seres que com candura cumpriram na terra seu papel angelical, de afastar de nós pobres viventes, ainda que momentaneamente, as mazelas dos nossos atribulados dia-a-dia

     Vai Bidiu e interceda por nós que te amamos tanto!!!

E a Bidiu….você viu?
Quem foi que disse
que duendes
só são encontrados
nas matas virgens
e que só se deixam ver
nas noites de lua cheia?
Pode até ser esta a regra
mas todas têm sua exceção
e foi isto que tornou possível
se ver e conviver
com um duende mulher e menina
que transitava em plena luz do dia
na cidade da meia ponte
Lá vinha ela com seu bornal
no peito trazia o crachá
que dizia chamar-se Otilia
Otilia ninguém sabia
pois o povo que a conhecia
só a chamava Bidiu
Seu corpo miúdo
vestido de chita
seu sorriso constante
e mão estendida
cativava o passante,
morador ou viajante
Bidiu,
duende menina
nos anos avançada
trazia sempre a mesmo toada
cabô o arroz, cabô o feijão, cabô o café
E agora
sem nem mais nem porquê
quis o criador que pra nós Bidiu
CABÔ !
Seu Ico velho sineiro,
Badalou nos céus
Chamou Bidiu
Pra comer biscoitos da Benta
E entoar cantigas cochichadas
De velhos meninos que sempre foram.
E em nós Senhor
que aqui ficamos?
só as saudosas lembranças
de, em nós as crianças
sem Ico
sem Benta
sem Bidiu… Isso não se faz viu!!!"

Por Tadeu.




2 comentários:

  1. ...e quantas Bidius vemos por nossas ruas, viramos a face e seguimos no caminho. Talvez um dia seremos uma, e outros passantes, nativos ou não também nos ignoraram! Esse é o destino de muitos, serem esquecidos em vida, tão logo na morte!

    Adorei sua prosa poética, sempre muito renomado. Um forte abraço.

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  2. ... e quantas Bidius existem por ai, admiramos sua figura frágil, nos inspiramos em sua longevidade, mas viramos nossas faces, seguimos nossos caminhos!
    Uma dia seremos uma como ela, pequenina e frágil, seremos esquecidos em vida, e tão longo após ela. Talvez permaneçamos nas lembranças de algum, que um dia escreverá a nossa história.

    Adorei sua prosa e seu poema. Abraço.

    ResponderExcluir

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