"E lá se vai a nossa
Bidiu pelos campos do Senhor, e queira Deus que para usufruir da
fartura que lhe foi negada nesta sua existência que fazia mais leve
a nossa própria.
Bidiu que nasceu
Otilia, com seus passinhos trôpegos e a mão estendida sempre nos
fazia reter a marcha de nossas correrias para um “papo” para
muitos incompreensível, mas que para aqueles capazes de ouvir com o
coração, ela nos levava a embarcar em viagens por um mundinho
próprio onde não havia espaço para tristezas e agonias.
Bidiu, tua ausência
deixa Pirenópolis menos mágica. Nossos olhos acostumados a sua
figurinha singela transitando por estas ruas cheirando a séculos,
agora se deparam com um vazio doído, vazio que por mais que
busquemos preencher , nos deparamos com um eco em nossas
almas…..CABÔ!!!!
Bidiu, que os céus te
recebam naquele lugar reservado aos seres que com candura cumpriram
na terra seu papel angelical, de afastar de nós pobres viventes,
ainda que momentaneamente, as mazelas dos nossos atribulados
dia-a-dia
Vai Bidiu e interceda
por nós que te amamos tanto!!!
E a Bidiu….você viu?
Quem foi que disse
que duendes
só são encontrados
nas matas virgens
e que só se deixam ver
nas noites de lua
cheia?
Pode até ser esta a
regra
mas todas têm sua
exceção
e foi isto que tornou
possível
se ver e conviver
com um duende mulher e
menina
que transitava em plena
luz do dia
na cidade da meia ponte
Lá vinha ela com seu
bornal
no peito trazia o
crachá
que dizia chamar-se
Otilia
Otilia ninguém sabia
pois o povo que a
conhecia
só a chamava Bidiu
Seu corpo miúdo
vestido de chita
seu sorriso constante
e mão estendida
cativava o passante,
morador ou viajante
Bidiu,
duende menina
nos anos avançada
trazia sempre a mesmo
toada
cabô o arroz, cabô o
feijão, cabô o café
E agora
sem nem mais nem porquê
quis o criador que pra
nós Bidiu
CABÔ !
Seu Ico velho sineiro,
Badalou nos céus
Chamou Bidiu
Pra comer biscoitos da
Benta
E entoar cantigas
cochichadas
De velhos meninos que
sempre foram.
E em nós Senhor
que aqui ficamos?
só as saudosas
lembranças
de, em nós as crianças
sem Ico
sem Benta
sem Bidiu… Isso não
se faz viu!!!"
Por Tadeu.
Fonte: AgitaPirenópolis
...e quantas Bidius vemos por nossas ruas, viramos a face e seguimos no caminho. Talvez um dia seremos uma, e outros passantes, nativos ou não também nos ignoraram! Esse é o destino de muitos, serem esquecidos em vida, tão logo na morte!
ResponderExcluirAdorei sua prosa poética, sempre muito renomado. Um forte abraço.
... e quantas Bidius existem por ai, admiramos sua figura frágil, nos inspiramos em sua longevidade, mas viramos nossas faces, seguimos nossos caminhos!
ResponderExcluirUma dia seremos uma como ela, pequenina e frágil, seremos esquecidos em vida, e tão longo após ela. Talvez permaneçamos nas lembranças de algum, que um dia escreverá a nossa história.
Adorei sua prosa e seu poema. Abraço.