sexta-feira, 25 de março de 2011

Saudades da Matriz

 

     Que saudades eu tenho da velha igreja Matriz de Pirenópolis! Falo do templo original, aquele aonde iam meus antepassados para assistir missa, orar em despedida dalgum morto ou participar de festivos casamentos, batizados, crismas etc. Tudo acabou num incêndio que ninguém conseguiu explicar, há quase uma década, e lá se foram o sino fabuloso, a prataria pesada, o altar-mor de custoso entalhe, os altares laterais, o paraíso pintado por Tonico do Padre no teto da capela-mor, os florais no barrado das paredes etc.




     O fogo causou males irreversíveis no interior do  templo, mas as grossas paredes de taipa-de-pilão restaram intactas, assim como as torres e as sacristias. A restauração do prédio por fora ficou perfeita e estão de parabéns seus idealizadores. Seria muito triste Pirenópolis perder esse patrimônio arquitetônico de tamanha importância.


     Mas o interior não está bom. A ideia de instalar na Matriz o altar-mor da igreja do Rosário dos Pretos foi infeliz. Os artesãos da época não fabricaram a peça para um templo das dimensões da Matriz e então sobra um espaço sem sentido nas laterais. E por que não executaram o projeto dos altares laterais? Deixar buracos e terra na parede não me parece correto, pois dá um triste aspecto de obra inacabada.




     Quando a Matriz foi reformada na década de 1990, eu era o tesoureiro da Sociedade dos Amigos de Pirenópolis (Soap) e acompanhei a obra bem de perto. Pude ver que todos os altares foram desmontados, catalogados e fotografados. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem esse material em arquivo. Portanto, há condições técnicas para refazer todos os altares destruídos no incêndio, inclusive o altar-mor.


     O desastre que parcialmente destruiu a Matriz, na minha opinião, deve ser superado. As relíquias que haviam lá dentro podem ser substituídas e a imagem da tragédia apagada da memória dos pirenopolinos. Vamos trabalhar pela conservação da estrutura que restou e foi restaurada, bem como lutar pela reconstrução de todos os altares do templo, inclusive do altar-mor.

Adriano César Curado


6 comentários:

  1. Vejo que você é um bom crítico, mas não sei de nenhuma ação contundente sua para melhorar as coisas.

    É fácil servir de pedra, mas quero ver ser vidraça.

    Na restauração da Matriz fizemos o melhor possível e ainda acha gente para reclamar. Melhor mesmo teria sido deixar os escombros como estavam, aí eu queria ver você reclamar para valer.

    Outra coisa, você não é arquiteto nem engenheiro, que eu saiba, então não se meta a criticar construções e restauros.

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  2. Eu concordo com você sobre a continuação da restauração da Matriz, no que pertine aos elementos artísticos. Não será fácil nem barato, mas é bom fazer antes um projeto.

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  3. Ana Cláudia Faria Cunha11 de maio de 2011 às 17:53

    Meu caro Adriano César Curado, infelizmente a parte artística não será restaurada tão cedo, pois os dirigentes do Iphan não deixam. Vamos ter que esperar que essa turma se aposente e uma nova geração surja, para só então pleitearmos o retorno integral da nossa amada Matriz de Senhora do Rosário.

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  4. Cristina, qual sua relação com a arquitetura? Bem, sou estudante de arquitetura, e mesmo quem não seja arquiteto ou restaurador, engenheiro, etc... toda e qualquer opinião com um mínimo de sensatez é bem vinda, pois esta obra caso não saiba, é patrimônio federal portanto é de todos, e também lhe informo que foi usado recursos públicos, e o dever do cidadão caso também não saibas é cobrar. A uma discussão no meu meio (arquitetura)sobre reconstruções. Há divergentes ideias do que é reconstrução. Eu prefiro e defendo que as construções devem atender as finalidades de seu povo, e que é para o povo que ela está ai. A questão que se conota é que se deve discutir mais com os moradores e menos com os teóricos (pois há várias teorias e obras reconstruídas de diferentes formas). Creio que se deve reconstruir os retábulos, afrescos, e demais elementos artísticos para reconstruir a memória dos pirenopolinos que se sentem vazios ao verem aquela obra como está, me sinto assim, meu pais e avós também.... O incêndio nunca será esquecido, ele está na alma dos que o viram.

    MVRS

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    Respostas
    1. Caríssimo (a) MVRS, agradeço muito sua atenção em responder à crítica indigesta de Cristina P. Dois anos após escrever este artigo, eu continuo com a mesma opinião quanto à restauração mal feita da Matriz.

      E tanto eu estava correto, que recentemente o Iphan anunciou que irá começar a reconstrução dos altares queimados. Por que não fizeram isso antes?

      Não pretendia responder a essa Cristina P., alguém que fala, fala, mas não mostra a cara e sequer tem coragem de assinar o próprio nome. Dá a entender que é arquiteta e participou da reconstrução da Matriz. Eu até suponho quem seja.

      Como dizia, não tinha a intenção de retrucar tão descabidos argumentos, mas diante de suas sábias palavras, vou dizer algo.

      De ação contundente minha para melhorar as coisas, senhora Cristina P., cito a restauração da Matriz em 1990, do prédio do teatro, do prédio do cinema, tudo isso como tesoureiro da Sociedade dos Amigos de Pirenópolis, onde minha prestação de contas ganhou um ofício de elogio do Ministério da Cultura.

      Não deixarei jamais de criticar o que acho errado. Não sou mesmo arquiteto, é verdade, mas não preciso de uma diploma nesse campo para ver que as autorizações que os órgãos públicos dão para destruir os casarões ou intervir grosseiramente em sua estrutura estão erradas. Nossa cidade corre o risco de ser tornar "cenário", apenas com a fachada original dos prédios.

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  5. apoio incondicionalmente - sou de outro estado, mas conheci a igreja ao longo do tempo...

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