segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Luiz Gonzaga Jayme

 SÉRIE: PATRONOS DA APLAM

LUIZ GONZAGA JAYME
Patrono da Cadeira nº 08
Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música




     Luiz Gonzaga Jayme (Pirenópolis 8.5.1855 – Rio de Janeiro 29.1.1921), foi duas vezes senador da República, desembargador, promotor de justiça, chefe de polícia, professor, advogado e jornalista.

     Era filho do coronel João Gonzaga Jayme de Sá e de Maria Tomázia Batista, casou-se com Maria Augusta Sócrates, em 15.8.1884, deixando: Aníbal Jayme, Múcio Sévola Jayme, Naiá Gonzaga Jayme, Túlio Hostílio Jayme, Marieta Gonzaga Jayme, Dr. Alarico Gonzaga Jayme, Dr. Genserico Gonzaga Jayme, Dr. Luiz Gonzaga Jayme, Ari Gonzaga Jaime e Belti Gonzaga Jayme.



João Gonzaga Jayme de Sá, pai de Luiz Gonzaga Jayme

     Lulu Jayme, como era conhecido em Pirenópolis, era neto paterno do padre Luiz Gonzaga de Camargo Fleury e de Maria Genoveva da Soledade (Inhá Genu). Entre 1862 e 1867 cursou as aulas particulares do professor Braz Luiz de Pina, um homem austero, mas que soube ver em Jayme uma inteligência acima da média. E por isso, no ano seguinte, por indicação do professor Pina, seu melhor aluno matriculou-se no Colégio Senhor do Bonfim, que ficava num casarão ao final da rua Santa Cruz, hoje demolido, dirigido pelo professor Raimundo Henrique des Genettes. Também des Genettes se surpreendeu com a capacidade mental do aluno e o indicou para o Liceu, na Cidade de Goiás, onde cursou humanidades e viu despertar em seu íntimo a paixão pela Ciência Jurídica.


Padre Luiz Gonzaga de Camargo Fleury, avô paterno de Luiz Gonzaga Jayme



     Gonzaga Jayme retornou então para Pirenópolis e comunicou ao pai que gostaria de cursar Direito. Seu Jayme, seu pai, embora fosse um homem de poucos estudos, lia bastante e queria que o filho adquirisse a cultura que não teve, já que perdeu o pai com 15 anos e teve que trabalhar para se manter. Seu Jayme, então, juntou suas economias e mandou o filho para São Paulo, matricular-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. 

De pé (esquerda p/ direita): Francisco Ayres, Antônio Ramos Caiado, ?
Sentados: Luiz Gonzaga Jayme, Eugênio Rodrigues Jardim,
Hemenegildo Lopes de Moraes e Olegário Pinto.

     Isso mudaria para sempre a vida de Lulu Jayme, pois no prédio do velho convento, onde a faculdade funcionava, fervilhava a vida cultural do país, circulavam periódicos, encenavam-se peças teatrais, surgiam grandes escritores e poetas, por lá passaram Álvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varella. Ali também nasceram os principais movimentos políticos da história do Brasil, desde o Abolicionismo de Joaquim Nabuco, Pimenta Bueno e Perdigão Malheiro, ao Movimento Republicano de Prudente de Moraes, Campos Salles e Bernardino de Campos.
    


Inhá Genu, avó paterna de Luiz Gonzaga Jayme

     O agora Dr. Jayme bacharelou-se com louvor em 21.11.1882 e regressou saudoso a Pirenópolis, onde foi recebido com uma grande festa promovida por seu emocionado pai. Na terra natal ficou Gonzaga Jayme no exercício da advocacia e do magistério, até que (em 1884) seguiu para a Cidade de Goiás, então capital da Província, para se tornar promotor de justiça. Em Goiás se casou com sua prima Maria Augusta Sócrates (15.9.1884) e no mês seguinte tomava posse no cargo de juiz municipal de Santa Luzia, depois transferido para Pirenópolis, onde passou a também exercer o cargo de professor do Colégio Ateneu Meiapontense.

Faculdade de Direito de São Paulo no tempo de Luiz Gonzaga Jayme

     A notícia dos conhecimentos jurídicos do Dr. Jayme corriam a Província, ainda tão carente de bons profissionais na área, e em 16.4.1890 assumiu o cargo de juiz de direito do rio Coxim, mas por lá ficou somente três meses, pois como bom profissional que era, foi convocado para o Tribunal de Relação de Goiás (hoje Tribunal de Justiça), cargo que exerceu até 20.4.1892, quando foi nomeado chefe de polícia e ficou no cargo até 31.12.1892. Em 1.1.1893, tomou posse efetiva como ministro do Superior Tribunal de Justiça de Goiás (hoje desembargador) e também tornou-se professor de direito penal da extinta Academia de Direito de Goiás.


Palácio Conde dos Arcos, sede do Senado Federal, 
da Proclamação da República até o ano de 1925,
 numa litografia do século XIX

     Em 1909 aposentou-se como desembargador e passou a se dedicar com afinco à política partidária, sua outra paixão além do Direito. Era ele filiado ao Partido Republicano, mas desejoso de romper o poder da oligarquia dos Bulhões, em 1908 desfilia-se do partido e se torna um dos mentores intelectuais da Revolução de 1909, que depôs o governador Francisco Bertoldo de Sousa e entregou o cargo em 1ª de maio ao seu vice, o coronel anapolino José da Silva Batista. 

     Foi eleito senador da República por dois mandatos (1909 a 1912 – 1912 a 1921), pelo Partido Democrático, onde se destacou seu vasto conhecimento jurídico na elaboração do Projeto do Código Penal da República, como presidente da Comissão Especial. No Senado, era membro das Comissões de Polícia, Constituição e Diplomacia, e de Justiça e Legislação.



Casarão em Pirenópolis onde morou Inhá Genu

     Como jornalista, escreveu para os jornais de oposição “Gazeta Goyania”, “Estado de Goyaz”, “Jornal de Goyaz”, “República” e “Imprensa e Goyaz”. O grande senador morreu assassinado no dia 29.1.1921, na cidade do Rio de Janeiro, por conta dum estúpido crime passional, acontecimento que pôs fim a uma brilhante carreira.


Bibliografia:

ARIMATHÉA, Amador de. Anápolis, sua ruas, seus vultos, nossa história 1830 – 2007. Goiânia: Papillon, 2007.
CURADO, Agnelo A.F. Fleurys e Curados. Goiânia, Editora Piloto, 1988.
JAYME, Jarbas. Cinco vultos meiapontenses. Goiânia, Edição Revista Genealógica de São Paulo. 1943.
JAYME, Jarbas. Esboço Histórico de Pirenópolis. Goiânia, Editora UFG, 1971. Vols. I e II. JAYME, Jarbas. Famílias Pirenopolinas (Ensaios Genealógicos). Goiânia, Editora Rio Bonito, 1973. Vol. 1.
JAYME, Jarbas. Vale seis! (Críticas genealógicas). Goiânia, Editora Rio Bonito, 1973.
JAYME, José Sisenando. A origem da Família Fleury. Goiânia, Edição do Autor, 1993.
PALACIM, Luis. Goiás 1722 - 1822. Goiânia, Oriente, 1976.
POHL, Johonn Emanuel. Viagem no interior do Brasil. Edusp, São Paulo, 1976
SAINT-HILARE, Auguste. Viagem à Província de Goiás. São Paulo, Edusp, 1976.
SIQUEIRA, Vera Lopes de. Tradições Pirenes., 2ª edição, Goiânia, Kelps, 2006.



FonteSubsecretaria de Arquivo do Senado Federal


Sites: Senado Federal e Wikipedia




Adriano César Curado

5 comentários:

  1. Excelente matéria esta que você escreveu, que nos conta a história do grande senador Jayme, homem que era bem quisto na velha República e que soube levar para longe o nome de Goiás. Parabéns, escritor. Karina Lima

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  2. Muitos pirenopolinos talvez não saibam, mas o Dr. Gonzaga Jayme, à sua época, foi das maiores mentes jurídicas deste país, capaz de influenciar e modificar todo o ordenamento jurídico brasileiro. Sua visão sobre a doutrina do Direito Penal era avançadíssima para a época e ele era exaltado e paparicado nos meios acadêmicos fluminenses. Vejam que diferença para os políticos de hoje! Na minha opinião, o Dr. Jayme merece uma boa obra sobre sua vida, que conte desde o meiapontense inteligentíssimo até o político influente no Senado da República. De qualquer forma, valeu pela matéria presente, que tem o função de despertar as jovens mentes de Pirenópolis para a grandiosidade dos que os precederam.

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  3. Luiz Gonzaga Jaime foi um grande político, homem honestíssimo, inteligência ímpar. Tal criatura só podia mesmo ter saído das entranhas de Pirenópolis, o berço da sabedoria goiana. Fabiana dos Guimarães

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  4. Eu moro aqui em Anápolis numa rua que se chama Senador Gonzaga Jayme, será que é a mesma pessoa?

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