terça-feira, 28 de dezembro de 2010

RETROSPECTIVA (II)

Mascarado original, com máscara de boi, traje refinado, rosas de papel e cavalo enfeitado


Preciosos são os patrimônios material e imaterial de Pirenópolis. No material se incluem as edificações antigas (casarões, igrejas, prédios públicos), o conjunto arqueológico (resquícios das velhas lavras bandeirantes, as ruínas do Abade), as cachoeiras etc. Patrimônio imaterial são as manifestações culturais, como as Cavalhadas, as Pastorinhas, as procissões etc. O somatório de tudo isso é que representa o inventário patrimonial de um povo. Por aí se mede a riqueza de uma região e seu potencial turístico.




Crianças do congo e da contradança compõem o Cortejo do Imperador

Preservar nossa cultura e tradição é salutar para a sobrevivência da cidade. Falta uma disciplina nas escolas locais que ensine a criança a ser pirenopolina. Recebi outro dia um e-mail de um garotinho em agradecimento pelas informações postadas neste blog, e me dizia ele que não sabia quem eram as personagens das biografias (aí incluso o pintor Pérsio Forzani), nem que aqui se chamou um dia Meia Ponte. Pode?!





Mascados sujos de graxa e sem adorno nos animais ameaçam a tradição

A falta de conhecimento das crianças de hoje, no que diz respeito à história e cultura local, põe em risco o futuro e ameaça um dos nossos maiores tesouros, que é a espontaneidade. Pirenópolis é diferente porque suas festas não são espetáculo para turista ver, a população vive com entusiasmo cada manifestação cultural. As famílias se sentem orgulhosas quando uma moça do clã se apresenta nas Pastorinhas, os rapazes seus saem de Mascarado ou compõem o seleto time das Cavalhadas. E não só isso. Têm também as procissões, a Banda Fênix, a de Couro, a Festa dos Pireneus, da Capela etc.




Cortejo do Imperador sai da Matriz


Manter vivas essas manifestações se torna mais difícil a cada ano. E isso ocorre porque falta conscientização do significado de ser “pirenopolino”. A título de exemplo, observe que o número de Mascarados com máscara de boi, uma tradição exclusiva de Pirenópolis, diminui a cada ano. E o que é pior, são substituídos por indecentes transformistas seminus, com o corpo besuntado de graxa, que saem por aí no afã de infernizar a festa alheia. A situação tomou uma proporção tal, que virou caso de polícia. Em 2009 essas pessoas saíram pelas ruas da cidade com uma frauda que mal lhes escondiam as partes íntimas e foram parar na Delegacia de Polícia por ato obsceno. Para evitar que isso se repetisse, em 2010 vestiram um calção, porém meteram uma máscara de pano na cabeça e, com o corpo sujo de graxa, abraçavam quem encontrassem pela frente, além de se esfregarem nas paredes das casas. Isso é cultura?!




A Banda Fênix é forte símbolo cultural de Pirenópolis


Já é tempo de elaborar um inventário cultural da cidade, com vasto acervo focado em pesquisas documentais e depoimentos orais, fotografias, filmagens etc. Nos ensinos médio e fundamental, os alunos terão acesso ao conteúdo desse material e se conscientizarão da importância de manter intactas as tradições que receberam daqueles que os precederam.


by Adriano César Curado


3 comentários:

  1. Vc tá com a razão, se não cuidar, Piri vai acabar. Silvio de Castro

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  2. Infelizmente a falta de interesse não só das crianças, mas dos jovens e adultos, põe em risco a cultura e tradições de nossa cidade! Exemplifico a música: A escola e Banda de Música Phoenix, ensina gratuitamente a tocar instrumentos,o que ajudaria a suprir a falta de músicos da banda, outro exemplo é o coral: alguém se interessa a cantar em latim? Eu repico os sinos , alguém se interessa a aprender esse ofício? MV

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  3. Esses mascarados sujos de graxa são mesmo uma ameaça, não só à festa como também à integridade das pessoas, pois saem por aí abraçando quem encontram pela frente, não importa se jovens ou idosos. Até o padre de Pirenópolis foi atacado por esses marginais, na entrada do campo no ano passado (2010) e teve de voltar para casa para trocar de roupa. Isso é diversão sadia? Esse tipo de atitude pode acabar em crime. Walmiro Assis Cintra

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