Em 28 de junho de 2001, foi sancionada a Lei 1.294, que dispõe sobre a proteção e preservação do Patrimônio Cultural do Município de Silvânia, instituindo o Conselho Municipal de Cultura e do Patrimônio Cultural.
Esta iniciativa deve ser creditada aos silvanienses Edmar Camilo Cotrim, Emilio Nicomedes Batista, Aldair da Silveira Aires, José Cotrim (Zé Cidadão), Noemi Arraes, aos vereadores da época, ao Dr. Laerte, à promotora Lilian Conceição Teles Araújo e a todos os que acreditaram e ainda acreditam na necessidade dessa lei, que ainda protege nosso patrimônio cultural edificado.
De lá pra cá, foi um Deus nos acuda e um festival de tentativas de desconstrução dessa necessária Lei. Um prefeito, em 2007 chegou ao ponto de encaminhar à Câmara Municipal um Projeto de Lei para acabar com a mesma, mas graças ao bom senso dos vereadores de então foi rejeitado por unanimidade.
É difícil compreender e empreender ações que visem à defesa de nosso patrimônio cultural edificado e até mesmo de nossas tradições. Não é a falta de cultura, mas o excesso daquelas que nada acrescentam e ao interesse comercial à frente da sensibilidade cultural.
Em Silvânia, na década de setenta, existiam por volta de 124 casas no estilo colonial. Hoje, pouco mais de 30 ainda persistem de pé, incluindo as seculares igrejas do Bonfim e São Sebastião. Os casarões, na sua grande maioria, são de famílias tradicionais que sabem o valor de suas edificações. Algumas, vemos se deteriorar lentamente, e o único tombamento que lhes aguardam não é o da proteção.
O saudoso senador José Caixeta, no livro do historiador Edmar Camilo Cotrim –Silvânia, enredo e personagens –, disse que arrependeu-se muito no final da década de 60 por ter construído uma praça moderna no local do antigo Largo do Rosário e de ter jogado ao chão diversos casarões para a abertura de uma avenida. Zé Caixeta era um visionário e um cidadão de bem, a quem Silvânia e a região devem muito. Um dos seus maiores legados foi a sinceridade em assumir erros e a humildade em falar de seus diversos acertos. Uma figura emblemática que deixou uma saudade imensa!
No final de 2014, passando alguns dias na casa de minha mãe e percorrendo as ruas da velha Bonfim (hoje Silvânia), pude observar algumas reformas que me alegraram muito. A primeira delas foi na casa do espólio de Dona Geralda e Leonides Cotrim. Ficou belíssima, encantando ainda mais o entorno da Praça do Rosário! Ouvi do amigo jornalista Célio Silva que ela havia sido comprada por empresários de Brasília e que tinham adequado a mesma para um ponto comercial.
Outra que me comoveu bastante, foi a de Dona Teresa Lobo Correa. Trata-se de uma edificação Art Déco, mais precisamente da década de 20, que seu filho, Osvaldo Sérgio Lôbo Correa (meu amigo Osvaldão), está transformando em um salão de festas, mantendo sua belíssima fachada. Essa casa é que vemos ilustrando este artigo.
Enalteço a do espólio de Osvaldo Onofre Gonçalves (saudoso Zico Fabrício), que sua esposa Dona Deni e uma de suas filhas, Sandra, sempre a deixaram impecável. É uma das mais belas da cidade! A contrariedade de Sandra é o tráfego de caminhões pesados, que compromete muito a edificação. Sei o quanto busca preservá-la e manter sua originalidade.
A tão esperada reforma da Igreja de São Sebastião ocorre graças ao apoio do governo do Estado, que teve o pedido pessoal ao governador pelo Arcebispo Dom Washington Cruz, e do empenho do ex-Secretário da Fazenda e atual presidente da Saneago, José Taveira, em atendimento ao prefeito José da Silva Faleiro, à comunidade de São Sebastião e aos devotos. Silvânia ganhou um valiosíssimo presente e reconhece mais este grande feito do governador Marconi Perillo para a cultura goiana.
Não que falte vontade aos proprietários e governo municipal, – tendo na Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Juventude o entusiasta Valdir Antônio Rosa – em conservar esses valiosíssimos patrimônios. O que falta são recursos financeiros, principalmente do governo federal.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) possui uma competente Superintendente, Salma Saddi, que sempre está pronta a ajudar. Mas falta ao órgão o que é mais importante: dotação orçamentária específica para os casarões.
A importância de termos imóveis tombados resulta em vários caminhos para angariar recursos, inclusive através de emendas parlamentares que poderão ser geridas pelo próprio Iphan. O trabalho do Instituto em Goiás é imenso e, por isso, seu nome se confunde com a atuação da competente superintendente e de seus preparados colaboradores.
Espero, com grande expectativa, o projeto da Estação Goyazes, que trará à Região da Estrada de Ferro, com suas estações revitalizadas pelo Iphan, uma ação cultural que se encontra em estudo. O ano de 2015 nos trará boas novas!
Quero, neste artigo, parabenizar aqueles que buscam conservar o que temos de mais belo em nossa querida Silvânia. Que seus exemplos sejam repassados a outras cidades. Abraço-os em reconhecimento por manterem belas nossas seculares edificações. Mais do que históricas, são elas a identidade cultural de nossa gente.
(Cleverlan Antônio do Vale, Graduado em Gestão Pública, Administração de Empresas, pós-graduado em Políticas Públicas e Docência Universitária, doutorando em Economia. Articulista do DM – cleverlanvale@gmail.com)
Esta iniciativa deve ser creditada aos silvanienses Edmar Camilo Cotrim, Emilio Nicomedes Batista, Aldair da Silveira Aires, José Cotrim (Zé Cidadão), Noemi Arraes, aos vereadores da época, ao Dr. Laerte, à promotora Lilian Conceição Teles Araújo e a todos os que acreditaram e ainda acreditam na necessidade dessa lei, que ainda protege nosso patrimônio cultural edificado.
De lá pra cá, foi um Deus nos acuda e um festival de tentativas de desconstrução dessa necessária Lei. Um prefeito, em 2007 chegou ao ponto de encaminhar à Câmara Municipal um Projeto de Lei para acabar com a mesma, mas graças ao bom senso dos vereadores de então foi rejeitado por unanimidade.
É difícil compreender e empreender ações que visem à defesa de nosso patrimônio cultural edificado e até mesmo de nossas tradições. Não é a falta de cultura, mas o excesso daquelas que nada acrescentam e ao interesse comercial à frente da sensibilidade cultural.
Em Silvânia, na década de setenta, existiam por volta de 124 casas no estilo colonial. Hoje, pouco mais de 30 ainda persistem de pé, incluindo as seculares igrejas do Bonfim e São Sebastião. Os casarões, na sua grande maioria, são de famílias tradicionais que sabem o valor de suas edificações. Algumas, vemos se deteriorar lentamente, e o único tombamento que lhes aguardam não é o da proteção.
O saudoso senador José Caixeta, no livro do historiador Edmar Camilo Cotrim –Silvânia, enredo e personagens –, disse que arrependeu-se muito no final da década de 60 por ter construído uma praça moderna no local do antigo Largo do Rosário e de ter jogado ao chão diversos casarões para a abertura de uma avenida. Zé Caixeta era um visionário e um cidadão de bem, a quem Silvânia e a região devem muito. Um dos seus maiores legados foi a sinceridade em assumir erros e a humildade em falar de seus diversos acertos. Uma figura emblemática que deixou uma saudade imensa!
No final de 2014, passando alguns dias na casa de minha mãe e percorrendo as ruas da velha Bonfim (hoje Silvânia), pude observar algumas reformas que me alegraram muito. A primeira delas foi na casa do espólio de Dona Geralda e Leonides Cotrim. Ficou belíssima, encantando ainda mais o entorno da Praça do Rosário! Ouvi do amigo jornalista Célio Silva que ela havia sido comprada por empresários de Brasília e que tinham adequado a mesma para um ponto comercial.
Outra que me comoveu bastante, foi a de Dona Teresa Lobo Correa. Trata-se de uma edificação Art Déco, mais precisamente da década de 20, que seu filho, Osvaldo Sérgio Lôbo Correa (meu amigo Osvaldão), está transformando em um salão de festas, mantendo sua belíssima fachada. Essa casa é que vemos ilustrando este artigo.
Enalteço a do espólio de Osvaldo Onofre Gonçalves (saudoso Zico Fabrício), que sua esposa Dona Deni e uma de suas filhas, Sandra, sempre a deixaram impecável. É uma das mais belas da cidade! A contrariedade de Sandra é o tráfego de caminhões pesados, que compromete muito a edificação. Sei o quanto busca preservá-la e manter sua originalidade.
A tão esperada reforma da Igreja de São Sebastião ocorre graças ao apoio do governo do Estado, que teve o pedido pessoal ao governador pelo Arcebispo Dom Washington Cruz, e do empenho do ex-Secretário da Fazenda e atual presidente da Saneago, José Taveira, em atendimento ao prefeito José da Silva Faleiro, à comunidade de São Sebastião e aos devotos. Silvânia ganhou um valiosíssimo presente e reconhece mais este grande feito do governador Marconi Perillo para a cultura goiana.
Não que falte vontade aos proprietários e governo municipal, – tendo na Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Juventude o entusiasta Valdir Antônio Rosa – em conservar esses valiosíssimos patrimônios. O que falta são recursos financeiros, principalmente do governo federal.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) possui uma competente Superintendente, Salma Saddi, que sempre está pronta a ajudar. Mas falta ao órgão o que é mais importante: dotação orçamentária específica para os casarões.
A importância de termos imóveis tombados resulta em vários caminhos para angariar recursos, inclusive através de emendas parlamentares que poderão ser geridas pelo próprio Iphan. O trabalho do Instituto em Goiás é imenso e, por isso, seu nome se confunde com a atuação da competente superintendente e de seus preparados colaboradores.
Espero, com grande expectativa, o projeto da Estação Goyazes, que trará à Região da Estrada de Ferro, com suas estações revitalizadas pelo Iphan, uma ação cultural que se encontra em estudo. O ano de 2015 nos trará boas novas!
Quero, neste artigo, parabenizar aqueles que buscam conservar o que temos de mais belo em nossa querida Silvânia. Que seus exemplos sejam repassados a outras cidades. Abraço-os em reconhecimento por manterem belas nossas seculares edificações. Mais do que históricas, são elas a identidade cultural de nossa gente.
(Cleverlan Antônio do Vale, Graduado em Gestão Pública, Administração de Empresas, pós-graduado em Políticas Públicas e Docência Universitária, doutorando em Economia. Articulista do DM – cleverlanvale@gmail.com)
Matéria publicada no jornal Diário da Manhã de 9.1.15, Caderno Opinião p. 3.
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Adriano Curado