Pirenopolinos fantasiados em Carnaval da década de 1960 |
O Carnaval é uma data de muita festa em Pirenópolis, desde tempos bem distantes. Por isso é louvável que a Prefeitura Municipal mantenha viva a tradição das marchinhas, repelindo as músicas de má qualidade que imperam por aí.
Até meados dos anos de 1920, existiu em Pirenópolis o pitoresco “Entrudo”, que vinha dos tempo do Império e do Brasil Colônia. Nele tinha de tudo. Banhos inesperados na rua com água perfumada. Mascarados a cavalo e à pé, que cantavam as moças com voz em falsete. Batalhas de serpentina e confetes. Os bailes eram nas casas de família, animadas por pequenos conjuntos musicais e se revestiam de muito respeito.
Minha avô, que já é quase nonagenária, conta-me que, na sua época de moça (1930-40), os bailes eram animados por orquestras. Quase toda a cidade participava e era concorrido o evento. Não havia Carnaval pelas ruas, a festa era em salões fechados, com cobrança de ingressos.
Diz minha avó: “Na época da minha juventude, os bailes eram no prédio do teatro. Por ocasião do Carnaval, retiravam as poltronas a ali virava um salão grande, que as famílias tradicionais frequentavam. No palco tocava uma banda boa, afinada, e todo munda dançava”.
Esses bailes carnavalescos eram perfumados por lança-perfume, que na época ainda não se considerava droga, já que ninguém inalava como nos dias atuais. Era apenas para abrilhantar o clima da festança.
Depois, nos anos de 1960-80, os bailes passaram para o Praia Clube, salão imenso localizado num casarão na rua Direita. No local hoje está o edifício do fórum. Ali já não havia orquestras, mas tocavam som mecânico com marchinhas famosas da época e a diversão era bem grande, com animados blocos de vestimentas patronizadas.
Nos anos de 1990-2000, a administração municipal tentou reestruturar o Carnaval e muitos blocos disputavam as premiações. Saia o cortejo da rua Direita, subia para a praça Central e se concentrava no largo em frente ao prédio dos Correios. Mas um assassinato covarde que ali ocorreu acabou com a festa.
De pouco tempo é o atual Carnaval Cultural de Pirenópolis. Começou com um projeto para o qual muita gente torceu o nariz. Achavam que atrairia bagunça para a rua Direita, temeram pela segurança das pessoas e do Patrimônio Histórico. Mas a prática demonstrou que o som não era tão alto que pudesse danificar os casarões e a paz prevaleceu até a última edição.
Neste ano de 2012, certamente que tudo transcorrerá como planejado. O Secretário de Turismo, Sérgio Rady, afirmou que a festa “tem um foco único para o evento, que é a organização, segurança e o bem estar para comunidade e visitantes deste período”.
Regras para o Carnaval Cultura 2012:
- proibição de som automotivo no Centro Histórico e setores residenciais;
- proibição de circulação de bebidas em recipientes de vidro, fora dos estabelecimentos comerciais;
- o trânsito de veículos nas principais ruas do Centro Histórico será impedido
Este site deseja que todos que venham aproveitar o Carnaval Cultural de Pirenópolis se divirtam. Que a tranquilidade prevaleça, a harmonia reine, na Festa do Rei Momo.
Fonte:
- Entrevista com Maria Jayme de Siqueira Pina, de 88 anos de idade, em 16.2.2012.
- Recordações de minha própria infância.
- Jornal da Imprensa – A história do Carnaval
- JAYME, José Sisenando. Pirenópolis (Humorismo e Folclore). Goiânia: Edição do Autor, 1983.
Adriano César Curado
É uma pena o apagão. Primeiro carnaval que passo numa cidade que não coloca gerador para garantir a festa (gerador pro palco da rua direita, por óbvio)
ResponderExcluirFoi mesmo horrível o apagão no sábado, com todo mundo ali no escuro, sem alternativa.
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