VELHA GAMELEIRA
(homenagem à velha gameleira no fundo do Colégio do Carmo)
Voltei para ver-te velha Gameleira
Imponente estandarte que desafia o tempo
Plantada, hirta, à beira do rio
Deixando-se mover apenas pelo vento.
Voltei para ver-te saudosa Gameleira
Sentir teu cheiro, ouvir tua canção
Tocar tua pele áspera e tua folha macia
Num contraste forte e cheio de emoção.
Voltei para ouvir o eco do meu riso
Que ficou gravado nas tuas sólidas entranhas
E no silêncio das tardes preguiçosas
Ouvir minha voz e não me sentir uma estranha.
Voltei para descansar sob teu galho-abrigo
O fardo pesado da minha velhice
E lembrar saudosa os bons momentos
No eco longínquo da minha meninice.
Voltei para ver-te Gameleira amiga
E dividir contigo minhas amargas andanças
Rir com saudade dos velhos tempos
Nas águas frias de nossas lembranças.
Voltei. Voltei trazendo tudo que sou
Na bagagem pesada dos meus anos
Para descansar meu corpo e meu espírito
No abraço macio dos teus ramos.
Voltei para ouvir os que já partiram
Deixando-me num triste e solitário alento
Através dos sons de tuas ramagens
Cantando pra mim, embaladas ao vento.
Voltei para contar-te o que fiz de mim
Desabafar meu pranto na tua sombra calma
Voltar a ser criança e brincar contigo
Meu castelo forte do Rio das Almas.
Dalka Maria Pinhheiro
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