sexta-feira, 15 de maio de 2009

Festa do Divino 3



     Uma festa que merece especial destaque é a do tenente-coronel Francisco Lopes Guimarães (22.05.1836), que faleceu às vésperas do início dos festejos. Conta-nos Jarbas Jayme que “conhecendo estar próximo o seu desenlace, recomendou que não se suspendessem as diversões profanas já programadas. Satisfez-se sua última vontade, porém com a casa de sua residência (...) coberta de fumo (fumaça). Pedro Gonçalves Fagundes se encarregou de apresentar o espetáculo denominado 'Batalhão de Carlos Magno', pela primeira vez realizado em Meia Ponte”.

     Para quem não sabe, “Batalhão de Carlos Magno” era uma peça teatral encenada em algumas localidades goianas no século 19, caracterizada por diálogos e coreografias que representavam batalhas medievais, mais ou menos semelhantes às Cavalhadas, só que a pé.

     Aos poucos a festa tomava ares populares e ia se integrando na tradição local, para logo ser disputada entre os principais expoentes das famílias locais. Provavelmente para evitar atritos políticos, foi instituído o hábito de se realizar a escolha do novo imperador através de sorteio. O sorteado, sempre indivíduos do sexo masculino, que era considerado um privilegiado, já que “escolhido” diretamente pelo próprio Espírito Santo, ganhava o privilégio de ser a figura central da festa. Entre as vantagens que lhe eram concedidas estava o de ter assento de destaque dentro da igreja, o de receber tratamento respeitoso entre seus concidadãos e até de apartar brigas familiares.

     Já no final do século 19, a lista de candidatos a imperador era bastante concorrida e variava entre diversos grupos familiares, como as famílias Siqueira, Sá, Pina, Fleury Curado, Valle, Mendonça etc. Mas não importava quem fosse sorteado, pois toda a comunidade se unia em apoio ao novo imperador e logo todos se punham a trabalhar para o abrilhantamento das festividades de Pentecostes.

Bibliografia:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Divino, o santo e a senhora. Rio de Janeiro: Funarte, 1978.
JAYME, Jarbas. Esboço histórico de Pirenópolis. 2 v. Goiânia: Imprensa da UFG, 1971.
SIQUEIRA, Vera Lopes. Datas pirenopolinas. Anápolis: apostila. 1997.



Adriano César Curado

Um comentário:

  1. Cara, eu sempre quis saber o que era de verdade um Batalhão de Carlos Magno, mas ninguém sabia me falar. Se não fosse este blogue, talvez nunca descobria.
    Abração

    Francisco Pereira Alves Madrigal

    chicogal@yahoo.com.br

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