quarta-feira, 27 de abril de 2016

Rodovia José J. Veiga: Agetop não repõe placas


Em 1999, posei ao lado da novíssima placa. Todas desapareceram e a Agetop não atende aos meus apelos.
Lidar com a memória desperta saudades. Saudades boas, claro. Os fatos ruins, aprendi a transformá-los em lembranças risíveis – ou, quando é o caso, flashes de perdões. E aprendi também a considerar saudade somente o que nos recorda alegrias. O despertar para esta crônica levou-me a abrir uma coletânea encadernada do semanário Gazeta de Goiás, que editei por um ano e meio, entre colegas de admiráveis talentos e dedicação, como Amilton Carvalho, Maristina Andrade, Sálvio Juliano, Eleusa Menezes, Nilson Gomes, Dorothy Menezes, Rose Mendes e o virtuoso programador visual Carlos Sena, além de Alessandro Carrijo... os esquecidos perdoem-me, assumo as falhas de memória

Já se completaram 17 anos de uma viagem inesquecível ao Rio de Janeiro. Propus-me a realizar três eventos – assistir à defesa de tese de doutorado, na PUC, do amigo poeta Goiamérico Felício, na tarde do dia 2 de março. A manhã do mesmo dia, aproveitei-a nos outros dois itens – visitar o poeta Afonso Félix de Sousa e o contista e romancista José J. Veiga, dois goianos exponenciais no ofício literário. Entrevistei-os, obviamente, valendo-me do indispensável oportunismo jornalístico.

Mexido pelas lembranças, fui às páginas do semanário Gazeta de Goiás. A entrevista com Afonso, transformei-a na matéria jornalística com que homenageamos o Dia Nacional da Poesia (14 de março), naquele ano, e a de Veiga, guardei-a (ainda tenho a fita e o minigravador).

Hão de perguntar-me, alguns, a razão de não ter publicado tal entrevista e haverá quem suponha ser um capricho meu etc. Pode ser, não sei. Hei de, a qualquer momento, desgravar tal entrevista e trazê-la ao conhecimento – vamos ver. Fato é que, na última página da edição de 2 a 8 de maio de 1999 da Gazeta de Goiás (Ano II, nr. 95), publicamos (o editor de Cultura era o competente jornalista, artista plástico e professor Sálvio Juliano) matéria que tomou quase toda a página – “Rodovia José J. Veiga” (era o título).

Era o fim de uma jornada. Quando presidi a União Brasileira de Escritores de Goiás, solicitei ao saudoso deputado Professor Luciano que propusesse a homenagem ao autor de Sombra de Reis Barbudos dando seu nome ao curto trecho rodoviário entre Corumbá e Pirenópolis. A Assembleia Legislativa aprovou e o governador Helenês Cândido sancionou a Lei (dezembro de 1998). Coube ao governador Marconi Perillo, em maio de 1999, mandar instalar as placas nas duas margens da rodovia, com o nome oficial do trecho.


A placa atual, na cidade de Pierenópolis, omite o nome do homenageado.
Por volta de 2009, as placas desapareceram. Encaminhei pedidos à Agencia Goiana de Tramsportes e Obras Pública - Agetop, envolvi alguns secretários de Estado para apoiarem-me e recorri ao próprio governador Alcides Rodrigues, mas, pelo visto, suas ordens já não eram mais cumpridas. Com o retorno de Marconi Perillo ao governo, em 2011, voltei a insistir, e continuei sem respostas. Mobilizei espaços do DM (Ulisses Aesse publicou pelo menos duas vezes o mesmo pedido), recorri a parentes do presidente da Agetop, mas de nada adiantou.

Bem! Resta-me implorar ao governador Marconi Perillo que determine a reposição dessas placas. O homenageado deixou seu nome fortemente marcado em nossa história e recuso-me a aceitar o descaso do Sr. Jayme Rincon. Ele deve saber que existe uma lei nesse sentido.
Luiz de Aquino

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