Em 1999, posei ao lado da novíssima placa. Todas desapareceram e a Agetop não atende aos meus apelos. |
Lidar com a memória desperta saudades. Saudades boas,
claro. Os fatos ruins, aprendi a transformá-los em lembranças risíveis – ou,
quando é o caso, flashes de perdões.
E aprendi também a considerar saudade somente o que nos recorda alegrias. O
despertar para esta crônica levou-me a abrir uma coletânea encadernada do
semanário Gazeta de Goiás, que editei por um ano e meio, entre colegas de
admiráveis talentos e dedicação, como Amilton Carvalho, Maristina Andrade,
Sálvio Juliano, Eleusa Menezes, Nilson Gomes, Dorothy Menezes, Rose Mendes e o
virtuoso programador visual Carlos Sena, além de Alessandro Carrijo... os
esquecidos perdoem-me, assumo as falhas de memória
Já se completaram 17 anos de uma viagem inesquecível
ao Rio de Janeiro. Propus-me a realizar três eventos – assistir à defesa de
tese de doutorado, na PUC, do amigo poeta Goiamérico Felício, na tarde do dia 2
de março. A manhã do mesmo dia, aproveitei-a nos outros dois itens – visitar o
poeta Afonso Félix de Sousa e o contista e romancista José J. Veiga, dois
goianos exponenciais no ofício literário. Entrevistei-os, obviamente,
valendo-me do indispensável oportunismo jornalístico.
Mexido pelas lembranças, fui às páginas do semanário
Gazeta de Goiás. A entrevista com Afonso, transformei-a na matéria jornalística
com que homenageamos o Dia Nacional da Poesia (14 de março), naquele ano, e a
de Veiga, guardei-a (ainda tenho a fita e o minigravador).
Hão de perguntar-me, alguns, a razão de não ter
publicado tal entrevista e haverá quem suponha ser um capricho meu etc. Pode
ser, não sei. Hei de, a qualquer momento, desgravar tal entrevista e trazê-la
ao conhecimento – vamos ver. Fato é que, na última página da edição de 2 a 8 de
maio de 1999 da Gazeta de Goiás (Ano II, nr. 95), publicamos (o editor de
Cultura era o competente jornalista, artista plástico e professor Sálvio
Juliano) matéria que tomou quase toda a página – “Rodovia José J. Veiga” (era o
título).
Era o fim de uma jornada. Quando presidi a União
Brasileira de Escritores de Goiás, solicitei ao saudoso deputado Professor
Luciano que propusesse a homenagem ao autor de Sombra de Reis Barbudos dando seu nome ao curto trecho rodoviário
entre Corumbá e Pirenópolis. A Assembleia Legislativa aprovou e o governador
Helenês Cândido sancionou a Lei (dezembro de 1998). Coube ao governador Marconi
Perillo, em maio de 1999, mandar instalar as placas nas duas margens da rodovia,
com o nome oficial do trecho.
Por volta de 2009, as placas desapareceram. Encaminhei
pedidos à Agencia Goiana de Tramsportes e Obras Pública - Agetop, envolvi
alguns secretários de Estado para apoiarem-me e recorri ao próprio governador
Alcides Rodrigues, mas, pelo visto, suas ordens já não eram mais cumpridas. Com
o retorno de Marconi Perillo ao governo, em 2011, voltei a insistir, e
continuei sem respostas. Mobilizei espaços do DM (Ulisses Aesse publicou pelo
menos duas vezes o mesmo pedido), recorri a parentes do presidente da Agetop, mas
de nada adiantou.
Bem! Resta-me implorar ao governador Marconi Perillo
que determine a reposição dessas placas. O homenageado deixou seu nome
fortemente marcado em nossa história e recuso-me a aceitar o descaso do Sr. Jayme
Rincon. Ele deve saber que existe uma lei nesse sentido.
Luiz de Aquino
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