segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O tropeiro

Imagem: http://cgretalhos.blogspot.com/2010/06/tropeiros-da-borborema-traducao-precisa.html



     Durante os séculos 18, 19 e 20 (primeira metade), o trasporte de mercadorias entre Pirenópolis e outras cidades e Estados era feito pelos tropeiros. Para quem não sabe, tropeiro era um negociante, dono de uma tropa de mulas de carga.
      
     Pirenópolis teve grandes tropeiros, entre eles se destacam o comendador Joaquim Alves de Oliveira e o coronel Chico de Sá. Mas muitas outras famílias pirenopolinas se dedicaram a essa atividade, única forma de abastecer o comércio local com tecidos, sal, ferragens etc. e de exportar nossa produção de algodão, derivados da cana-de-açúcar (rapadura, açúcar mascavo) etc.

      A tropa era dividida em lotes, cada lote com 11 bestas e entregue aos cuidados do capataz. Os grandes comerciantes tinham tropas imensas de até 12 lotes, ou seja, 132 mulas treinadas para o duro trabalho. Não havia estradas, nem pontes, e muitos pousos se davam ao relento, sem sequer um rancho de palha como abrigo.

      A carga ia acondicionada dentro de uns caixotes de couro cru chamados bruacas. Em cada mula, duas bruacas, uma de cada lado, equilibradas numa cela em forma de X chamada cangalha. O tropeiro servia também de correio, pois levava notícias e recados pelos lugares onde passava. E enfrentavam rios cheios, ataques de bandidos, de feras, de doenças misteriosas. No misticismo lá deles, traziam junto ao peito para proteção um patuá (pequenina bolsa de pano costurada com uma oração dentro), dependurado num cordão.

      Pirenópolis, quando ainda se chamava Meia Ponte, era um entrocamento de estradas comerciais e portanto local de trânsito constante de tropas. Isso contribuiu para que a povoação não desaparecesse, como ocorreu com muitos outros arraiais surgidos na corrido do ouro.

     Na culinária, influenciou-nos com comidas saborosas, como o feijão tropeiro e o arroz maria-isabel.

      O tropeiro, portanto, está intimamente ligado à nossa história e deveria ser mais estudado nas escolas locais.


Adriano César Curado

Fonte:
TEIXEIRA, José A. Folclore Goiano. 3ª ed., São Paulo: Ed. Nacional, 1979.
GOULART, José Alípio. Tropas e tropeiros na formação do Brasil. RJ: Conquista, 1961.

8 comentários:

  1. O interessante no seu blog é que somente aqui a gente descobre determinados fatos da história.

    Graças a você e este espaço singular, o registro histórico não se perde.

    Parabéns por esta postagem sobre as Tropas.

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  2. Registro bem feito da história brasileira é esta sua postagem.

    O tropeirismo está enraizado na nossa cultura e criou as bases da sociedade atual.

    Você tem razão quando diz que deveriam estudar isso nas escolas.

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  3. Bela postagem sobre a história goiana.

    Pirenópolis guarda muitos acontecimentos escondidos nas mentes do mais velhos e que precisam ser revelados.

    E logo.

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  4. O tropeiro foi um grande personagem da história brasileira, mas pouco é estudado nos dias atuais.

    Daí a importância dessa sua postagem.

    Parabéns.

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  5. Suas postagens são sempre muito bem escritas pq acompanhadas de boa pesquisa histórica. Meus parabéns.

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  6. Muito da nossa cultura e dos nossos costumes devemos aos tropeiros, principalmente no que diz respeito à culinária.

    É uma pena não darem tanta importância às nossas bases históricas nas escolas e programas "educativos" da atualidade.

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  7. Essa sua postagem é uma obra de literatura, portal que faz a gente embarcar para outros tempos. Meus parabéns.

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  8. Seu blog é dos melhores pela variedade de assuntos e a leveza dos textos.

    Parabéns por esta postagem maravilhosa sobre os tropeiros e sua influência na história goiana.

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