terça-feira, 2 de janeiro de 2018

MEXENDO COM OS MEUS GUARDADOS


O meu primo, o Delegado Rodrigo Luiz Jayme, me enviou hoje um significativo presente: estas fotos do meu pai, Agnaldo d’Abadia Jayme. Reconheço que o meu pai, morto prematuramente aos 41 anos, me fez muita falta. Ele faleceu em decorrência de um Infarto Agudo Miocárdio - IAM. Confesso que eu era muito ligado ao meu pai. Receber as suas fotos me fez pensar que ele realmente me fez muita falta!!!...

Receber as fotografias dele me levaram a fazer uma reflexão sobre a minha própria vida! Eu só tinha 11 anos quando do seu falecimento. Imaginem só os problemas de um órfão de pai ainda menino. Você precisa do pai como apoio material, como também no sentido da segurança pessoal! Inclusive, você precisa se tornar muito forte e bom de briga para não ser vitima “bullying” na escola. No primeiro ano sem ele, encarei 11 brigas em um ano na escola, ou seja, tive muito “treinamento” prático.

Aos 15 anos, comecei a dar aulas particulares, especialmente nas férias, para ganhar algum dinheiro extra por conta própria. Aos 18 anos, quando me preparava para o vestibular de Medicina, me tornei professor de Português, em uma escola de supletivo (antigo Madureza), em Goiânia. A minha mãe era uma professora dedicada e sempre me ajudou naquilo fosse possível. No entanto, os professores naquela época tinham uma remuneração muito baixa e minha mãe era uma jovem viúva, mãe de quatro filhos. Dessa forma, a opção era me tornar independente economicamente!

Foi ainda como professor que pude me manter na faculdade de medicina na UnB. Como estudante na Universidade de Brasília, me casei aos 20 anos e me tornei pai aos 21 anos. Quando me formei em Medicina já tinha duas filhas! Continuei, assim, a minha sina de órfão de pai, morto prematuramente. Estas reflexões todas me vieram à cabeça ao receber estas fotos de presente do primo Rodrigo Jayme.

No primeiro ano de Faculdade, já iniciamos a nossa participação nas lutas estudantis: luta por moradia, luta pelo direito escolher o curso que queríamos realizar, luta pela democracia e contra a Ditadura. Na primeira eleição, fui eleito vice-presidente do Centro Acadêmico do ICB - Instituto de Ciências Biológico. A Presidência da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília (FEUB) era exercida pelo meu amigo Honestino Guimarães.

Eu havia conhecido Honestino Guimarães antes de entrar para a Universidade. Honestino era vizinho de uns primos meus na Asa Norte em Brasília. Ele veio, em 1967, participar da Festa do Divino. Na oportunidade, trouxe consigo alguns estudantes da Universidade de Brasília e eles ficaram hospedado em minha casa. Pouco menos de um ano depois, em 1968, eu me tornei aluno da UnB, passando no vestibular para Medicina. Mas isto é outra história!!!...

Como se pode perceber, primo Rodrigo, este seu presente foi muito importante para mim. As fotos mexeram com os meus “guardados” e me fizeram voltar ao passado. Ficou evidente para mim quanta falta me fez a presença do meu pai em minha vida. Felizmente, consegui superar as dificuldades e chegar a onde cheguei. Felizmente, meu filho e minhas filhas puderam contar com o nosso apoio ao longo de sua vida e hoje já oferecem seu apoio aos seus descendentes.

Contar esta história me fez lembrar do “I-Juca Pirama”, um poema épico de Goncalves Dias. Em sua última estrofe, encontramos:
“Assim o Timbira, coberto de glória, 
Guardava a memória 
Do moço guerreiro, do velho Tupi. 
E à noite nas tabas, se alguém duvidava 
Do que ele contava, 
Tornava prudente: "Meninos, eu vi!".

Fausto Jaime



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Adriano Curado