Após dois séculos de existência, nosso casarão começou a sentir as marcas da modernidade. Sua estrutura é toda de aroeira, as paredes externas de adobe e as internas de pau a pique. No século XIX e boa parte do XX não havia vibração sonora excessiva e nem veículos pesados transitando pelas ruas. Por isso ele durou tanto tempo intacto. Agora não há uma parede sequer sem rachaduras, e em algumas cabem dois dedos dentro. Isso quer dizer que a casa vai ruir nas condições atuais. A estrutura antiga sofre todos os dias com o peso daquele caminhão que passa indiferente ou com o grave do som automotivo de um jovem de espinha na cara. E isso não acontece só conosco, a reclamação é geral. Veja o exemplo do prédio do teatro. Alguém chamou minha atenção num texto anterior, disse que eu reclamo demais. Estou errado? Devo me calar?
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Adriano Curado