domingo, 31 de maio de 2020

Festa do Divino - domingo

Chegou finalmente o Domingo do Divino! Cinquenta dias após a Páscoa, cá estamos nós na Festa de Pentecostes, com todos os exageros e excentricidades que a data requer. 


     Lá no alto, nesta manhã fria, há o contraste violento entre o vermelho das bandeirolas do Cortejo Imperial e o azul imaculado do céu de seca no cerrado.


     Há um ar de pompa e nostalgia que paira sobre a cidade, como requer todo Cortejo Imperial, desde os tempos dos impérios lá pela Europa. 


     Às oito horas sai o Imperador de sua casa e vai para a Matriz, seguido por dois longos cordões de virgens (criança vestidas de branco), banda de música, etc. 


     Às nove horas tem a missa solene cantada em latim pela Orquestra e Coral Nossa Senhora do Rosário, e ao término dela, sorteio do novo Imperador e mordomos. Quando o Imperador voltar à sua residência, distribuirá o alfenim verônica e também pãezinhos-do-divino aos presentes.


     Nesses três dias finais da festa ocorre a apresentação artística que revive a luta travada entre Mouros e Cristãos pela soberania da Península Ibérica durante a Idade Média. São as Cavalhadas de Pirenópolis, um espetáculo grandioso e cheio de pompas e circunstâncias, imenso teatro ao ar livre. A Banda Fênix acompanha ao vivo todas as carreiras, numa verdadeira maratona musical capaz de provar o músico mais resistente.


     A árias das Cavalhadas são:
  1. Galopes: Mouros e Cristãos;
  2. Quadrilhas: Violeta, Flor da Noite, Três Sossegados, Noiva Encantada;
  3. Valsa: durante o Batismo;
  4. Galope Final: Cavalhada acabou.


    

sábado, 30 de maio de 2020

Festa do Divino - Sábado

Hoje é o Sábado do Divino, e a cidade é despertada com os afagos melodiosos das bandas de Couro e Fênix. Corações se sobressaltam, a Grande Festa profana chegou!



     As ruas se enchem de cores fortes. E são muitos os brilhos, os sons, os poemas. Fogos pipocam no céu, os foguetes de rabo sobem numa espiral de fumaça e explodem lá em cima. Cá em baixo, as roqueiras balançam as entranhas da gente, fazem tremer o chão e o espírito tão acostumados, ambos, com essas festanças exageradas do lado de cá.



     Meio dia toca a Banda Fênix da lateral da Matriz. O povo se ajunta devagar, hipnotizado pelos sons mágicos dos instrumentos. E tem também o vendedor de balão, de pipocas, de algodão doce. O público aplaude, extasiado com mais uma festança.



     Mas a surpresa maior são os Mascarados, e eles não demoram a aparecer. A princípio vem um, dois, quatro, dez. E agora a rua já está cheia de cavalos enfeitados, de máscaras de boi, de roupas extravagantes.



     Mais tarde tem a última novena, com o Coral Nossa Senhora do Rosário que canta em latim. Depois, o levantamento de mastro, a queima da fogueira, a Banda de Couro, zabumbas, retretas. E já corre o povo para a beira-rio atrás da incansável Fênix, multidão que se aperta na rua do Rosário e disputa espaço no largo lá embaixo. Faz-se silêncio, expectativa... De repente, abre-se o ventre do céu e as estrelas da noite se misturam com os fogos faiscantes, chuvas de brilho que derramam encantamento, enlevo, contemplação, arrebatamento.



     Por fim, fecha a noitada de festas com a apresentação de As Pastorinhas, em mais um ano de tradição e cultura.

     Tudo isso compõe a Festa do Divino.


Adriano Curado

A Festa de Pentecostes

Pentecostes é uma importante celebração do calendário cristão, onde se comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. O Pentecostes é celebrado 50 dias depois do Domingo de Páscoa.

Historicamente, o dia de Pentecostes ocorre no 7º dia depois do dia da Ascensão de Jesus, pois ele ficou 40 dias, depois da ressurreição, ministrando os derradeiros ensinamentos aos discípulos. Assim, se somarmos esses 40 dias mais os 3 em que ficou na sepultura, teremos 43 dias. Os 7 dias restantes são aqueles em que os discípulos permaneceram no cenáculo até a descida do Espírito Santo.

O Pentecostes judaico se refere à colheita e comemora a entrega dos 10 Mandamentos no Monte Sinai, 50 dias depois do Êxodo. Diferente dos cristãos que, como vimos, celebram a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.

A celebração do Divino Espírito Santo originou-se na promessa da rainha D. Isabel de Aragão, por volta de 1320, que prometeu peregrinar pelo mundo com uma coroa tendo uma pomba no alto e assim arrecadar donativos em benefício da população pobre. Ele queria alcançar uma graça especial, que era a concórdia entre seu esposo, o rei D. Dinis, e seu filho, o príncipe D. Afonso. A graça foi alcançada e ela cumpriu a promessa.

Tamanho foi o empenho da rainha, que se criou uma fervorosa devoção ao Espírito Santo, culto que se espalhou por terras portuguesas, especialmente no arquipélago dos Açores. De lá, espalhou-se para outras áreas colonizadas por açorianos, como a Nova Inglaterra, nos Estados Unidos da América e diversas partes do Brasil. Tornou-se aos poucos uma cerimônia onde uma criança era coroada e doava comida ao povo (fartura) e tinha o poder de libertar um preso (perdão).

Veio ao Brasil através dos colonizadores portugueses e foi registrada pela primeira vez em Pirenópolis no ano de 1819, quando Joaquim da Costa Teixeira foi sorteado Imperador do Divino. Alguns acham que a festa chegou muito antes em Meia Ponte. Em 1826, quando o padre Manuel Amâncio da Luz foi sorteado Imperador, começaram as apresentações das Cavalhadas.

As celebrações em culto ao Espírito Santo são espalhafatosas, com muitas cores, barulho, brilho, sinos, fogos. O Imperador distribui pãezinhos bentos, alfenins e verônicas ao povo. Mas seu poder já foi bem maior, época em que só ocorriam Cavalhadas se ele consentisse e patrocinasse, por exemplo. Também em nossa terra ele tinha o poder de soltar um preso da cadeia pública.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Sexta-feira é dia de As Pastorinhas

No ano de 1922, Alonso telegrafista, ao ser transferido para Pirenópolis, trouxe uma peça do teatro de revista, todo bailado, chamado As Pastorinhas. Com a ajuda de Benedito Pompeu de Pina, Alonso apresentou a peça na Festa do Divino de Joaquim Mendonça, mas foi uma apresentação ruim porque poucas eram as moças e não havia quase nenhuma estrutura.

Joaquim Propício, então, foi sorteado Imperador, ficando seu irmão Sebastião Pompeu incumbido de preparar as peças teatrais.  Pompeu decidiu-se logo pela peça Morgadinha, mas quis também repetir a apresentação de As Pastorinhas. Como Alonso estava desanimado, por conta da experiência anterior, deixou que os pirenopolinos tomassem a iniciativa. Sebastião foi às casas de família pedir para que as moças se apresentassem, sob sua responsabilidade, e logo conseguiu formar os cordões com vinte e quatro integrantes.

Enquanto isso, Propício orquestrava a peça e José Assuério de Siqueira copiava as falas dos personagens. Só que Alonso não quis doar o material para Pirenópolis, então Mestre Propício e José Assuério, na calada da noite, fizeram para si uma cópia clandestina. Foi um sucesso aquela apresentação da revista As Pastorinhas. Propício acrescentou mais três personagens, cujas músicas foram por ele compostas, que são Fé, Esperança e Caridade. Quando Alonso Telegrafista foi transferido de Pirenópolis, levou consigo os originais da peça, sem nunca nem desconfiar que deixava para trás uma cópia.

Desde então, As Pastorinhas é uma peça que vem sendo apresentada constantemente, até chegar aos dias atuais. Obviamente que, em tempo passado, apenas esporadicamente a população assistia esse teatro de revista, que se dava na época do Natal.

Depois foi incorporada à festa do Divino e durava horas. Tanto que as famílias que iam prestigiá-la levavam colchão para as crianças dormirem. Vale também lembrar que por muito tempo o criterioso Wilson Pompêo de Pina assumiu os ensaios e seleção do elenco, época de maior brilho do espetáculo. Depois vieram Ita e Alaor, que reduziram o tempo de duração. Dona Natália os sucedeu, e hoje Séfora e outros se incumbem dos ensaios.

Adriano Curado

A festa dentro de cada um de nós

Este ano não poderemos festejar Pentecostes como gostaríamos, por conta da maldita pandemia. Mas isso não significa que não iremos cultuar o Espírito Santo dentro do altar do nosso coração. E em nossas lembranças cabe um mundaréu de boas recordações para a maior festança pirenopolina.

Por esta razão, este blogue publicará, nas datas respectivas, que acontecimento se daria na ocasião. Não é saudosismo desnecessário, mas sim uma forma de manter acesa a chama da esperança em dias melhores.

Possivelmente a festa do Divino é celebrada em nossa comunidade desde os primórdios desta civilização, lá no século XVIII. E isso não é privilégio apenas de Pirenópolis, já que provavelmente quase todas as cidades do ciclo do ouro passaram por essa experiência. E agora vem a imposição de uma impossibilidade de mantermos nossa cultura... é realmente de abater qualquer espírito. Mas vamos celebrar no íntimo de nossa alma porque ali tem espaço para muita alegria.

Adriano Curado

Uma novena para os escolhidos


Estão na internet as filmagens das novenas do Divino e ali se veem alguns privilegiados que têm a bênção de terem sido escolhidos para assistir aos atos. Enquanto isso, o restante da população passa ao largo das celebrações.

Aqueles que têm acesso à internet ficam em casa tomados de emoção e imaginando como poderia ter sido a vida sem o coronavírus. Mas tem muito mais gente que não sabe acessar YouTube, Facebook, Instagram etc.; que inclusive nem possui um smartphone para instalar um aplicativo de WhatsApp. Estes últimos, no muito, acompanham pelo rádio.

E já que tomaram a decisão de realizar a parte religiosa da festa do Divino, então que se fizesse a coisa mais abrangente. Se estão liberados no estado de Goiás os cultos religiosos, desde que respeitadas as regras sanitárias, por que não abriram a Matriz para o povo? Neste instante, o leitor me pergunta: e o perigo de contágio? Então eu respondo: olha o tamanho do espaço do templo! Basta limitar os fieis e todos usarem máscaras. Ou então poderiam optar por um culto ao ar livre, ali próximo ao salão paroquial, com a participação dos que quiserem. Haveria então menos risco de aglomeração do que, por exemplo, uma fila de banco.

Discordo absolutamente das celebrações a portas fechadas, com poucos convidados privilegiados. Ou participa todo o universo católico, ou ninguém. Outro coisa, já que está ocorrendo parcialmente a parte religiosa da festa, inclusive com a participação do imperador nas novenas, então pode haver o sorteio do festeiro do ano que vem.

A festa do Divino de 2020 já está acontecendo, tenha você sido convidado ou não.

Adriano Curado

Fonte das imagens: Site da Irmandade do Santíssimo

terça-feira, 26 de maio de 2020

Tribunal de Justiça determina abertura da cidade


Na Decisão Liminar proferida pelo Desembargador Jairo Ferreira Júnior, fica o município de Pirenópolis obrigado a se abster de restringir o acesso de não moradores à cidade. Ficam suspensos, assim, os efeitos do artigo 4º e de seus parágrafos, do Decreto Municipal nº 3.449/2020, até o julgamento final da Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público em desfavor do mencionado município.

Isso quer dizer que as barreiras limitadoras de acesso à cidade devem ser retiradas, possibilitando assim que todo cidadão brasileiro aqui adentre. Essa é também a opinião deste blogue, que há tempos vem alertando para a ilegalidade dos atos municipais que selecionam quem pode ou não entrar em Pirenópolis. Tais atos extrapolam a competência regulamentar do município em desacordo com o que diz a Lei nº 13.979/2020, que foi editada pelo governo federal para combater o coronavírus.

Também deve ser observado que essas medidas são ineficazes para combater a pandemia, uma vez que é impossível impedir que alguns acessem a cidade. É o exemplo dos entregadores de mercadorias e daqueles que residem em Pirenópolis. A prova disso é que o caso de infectado é morador da cidade, mas que precisou ir a Goiânia.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O primeiro infectado em Pirenópolis


O coronavírus infelizmente chegou a Pirenópolis. Veio de carona com um empresário daqui que, por desconhecer o estado de saúde de um amigo em Goiânia, acabou contaminado. Isso ocorre na mesma semana em que o poder público local, na contramão dos demais municípios de Goiás, endureceu as regras de isolamento. Um novo decreto recém-saído do foto determina o limite de dezoito horas para o fechamento do comércio.

Este blogue há tempos insiste na tese de que é inútil, a esta altura dos acontecimentos, continuar com o isolamento da cidade. As barreiras sanitárias são necessárias, e por isso devem continuar, para monitorar pessoas que têm sintomas auferíveis da doença, como a febre. Mas fechar o acesso a todo aquele que aqui não reside é ineficaz. E a prova disso chegou agora com o primeiro caso na cidade. O vírus pode entrar por diversos outro meios, a exemplo daqueles que abastecem a população.

O caso noticiado parece que está sob controle e não há motivo para alarmes. O infectado está bem e já cumpre o final de sua quarentena. Não há relato de outros que tenham contraído aqui o vírus da pessoa dele.

Então é o momento de deixar livre o acesso da cidade, liberar essa barreiras e permitir que a vida volte a ter um pouco mais de normalidade. Assim fez a vizinha Corumbá de Goiás, que mantém o comércio em pleno funcionamento, fica às margens da BR-414 e ainda assim nenhum caso foi noticiado ali.

Vivermos como antes, infelizmente, somente depois de descoberta a cura, e isso está com previsão para o ano que vem ainda. Mas podemos minimizar a situação e tornar menos penosa nossa condição de exilados do inimigo invisível.

Adriano Curado

quinta-feira, 21 de maio de 2020

É tempo de reflexão


Sou contra a celebração da parte religiosa da festa do Divino de portas fechadas, pois essa ação só causará mais desconforto ao pirenopolino. É como se o relembrasse que ele está prisioneiro, mas a vida continua, a exemplo do que se deu com a chegada virtual da folia. Não vejo sentido em trancar-se um dúzia de "privilegiados" no templo, enquanto celebram os rituais, mas com transmissão pela internet para aqueles que são cativos da pandemia.

Soube eu de muita gente que se desesperou quando a encenação da folia passou pela sua porta, quase levando ao desespero. E por que razão isso ocorreu agora e não na Semana Santa? O motivo é bem simples de se explicar. A festa do Divino é o principal acontecimento para o pirenopolino, uma ocasião aguardada durante um ano, com fervor e ansiedade. E isso é uma espontaneidade que se vê em poucos lugares do mundo, tradição enraizada nas profundezas desta gente dos Pireneus.

De repente chega o vírus maldito e ninguém mais pode levar uma vida normal. Encontramos nossos amigos e não podemos estender-lhes as mãos ou mesmo conversar próximo, como sempre fizemos. Somos forçados a andar de máscaras pelas ruas e isso é algo que desconhecíamos. Nossa casa ficou pequena nestes meses de distanciamento social e a cada momento somos lembrados de que a ameaça nos ronda. Criou-se, dessa forma, uma atmosfera de medo, pavor mesmo, de morrer ou matar alguém que amamos. É uma fase complicada da humanidade.

Todos nós devemos aproveitar este instante incomum e refletir sobre nossa própria vida e a forma como a conduzimos. Também é o momento de repensar os festejos em honra ao Espírito Santo. Está correto o rumo que a grande festa está tomando? É mesmo por esse ou aquele caminho que devemos seguir? É tempo da celebração de Pentecostes, dentro do calendário católico, e todas as ações dos fieis devem ser voltadas para esse fim exclusivamente. Isso vai desde aquele que se dispõe a acompanhar uma folia, até o cavaleiro que corre as cavalhadas. Mas o que temos visto atualmente são os excessos.

Mas voltando ao assunto das celebrações a portas fechadas, isso vai provocar no povo mais sofrimento que o necessário. Tem gente que pode enlouquecer ao ouvir a transmissão da novena pelo rádio e não poder entrar na Matriz. Então o melhor a fazer é saltar este ano sem qualquer celebração e, ano que vem, com as festividades repensadas e renovadas, voltaremos em grande estilo.

Adriano Curado

Foto: Site da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Pirenópolis

domingo, 17 de maio de 2020

Chegada da fulia "virtual"


Que tristeza, meu Deus, ver a encenação de uma chegada de folia e eu não poder dela participar! Que lástima me relembrarem que esse vírus existe e eu não posso contra ele lutar! Maldade foi essa atitude de quem levou o pirenopolino às lágrimas, que causou aflição e comoção por onde passou... 

Foi uma chegada de folia virtual, com os pirenopolinos antenados de suas casas, com seus celulares nas mãos e um soluço do peito. 

Fazer isso para quê?!



quinta-feira, 14 de maio de 2020

Em tempo de pandemia

Li hoje no site do G1 que a Agência Europeia de Medicamentos previu que, em um cenário otimista, somente daqui a um ano poderá haver uma vacina contra o COVID-19. Isso é uma péssima notícia para todos nós, já que esse vírus maldito mexeu com nossas vidas, alterou a rotina, trancou-nos em casa. A princípio, imaginamos que seria algo passageiro, que bastava cumprir regularmente as determinações das autoridades e em 15 dias tudo passaria. Mas descobrimos que não será assim. E agora?

No que se refere à nossa cidade de Pirenópolis, uma nova era parece que surgi no horizonte, e quando digo isso quero me expressar em um cenário desolador que modificará toda nossa realidade.

Vamos começar pelo comércio voltado ao turista. Dificilmente esse seguimento sobreviverá da forma como é hoje. Aquele que não for o proprietário do ponto comercial e tiver funcionários numerosos infelizmente vai acabar. É que a proximidade de Brasília e do alto padrão de vida ali vivido fizeram de Pirenópolis um local caro, tanto para o consumidor, quanto para aqueles que exercem a atividade comercial. Não há alugueis para esse fim por menos de 5 mil reais. E ainda que se abra para a vinda do turista, haverá limitação de número de pessoas nos estabelecimentos e, de consequência, drástica diminuição dos lucros.

E quanto aos bares? Esses possivelmente não abrirão mais em longo período de tempo. Não há previsão de retomada de tais atividades, e para isso basta ver o exemplo mundial. O mesmo se diga de cinema, teatro etc.

Mas o que mais deve nos atingir mesmo será a anulação do nosso calendário de festividades. Aos poucos vamos deixar de celebrar nossas festas, cultuar nossas divindades e confraternizar como há muito temos feito. Começou na Semana Santa, passou pela Festa do Divino, mas deve ir muito além. Não haverá festa do Morro, da Capela e, pasmem!, talvez nem o Natal.

Não nos resta outra opção que a do conformismo, pois não sabemos como essa doença atuará em nosso organismo. Nem queremos que ela se alastre entre nossos amigos e parentes de grupo de risco. Temos que nos adequar à grotesca alegoria das máscaras, que não trazem a alegria dos carnavais e mascarados das Cavalhadas.

Adriano Curado

segunda-feira, 4 de maio de 2020

É tempo de reflexão


O isolamento social que a pandemia nos impôs infelizmente não permitirá que a Festa do Divino aconteça este ano. E é bom lembrar que não se trata de mais uma festa dentro do calendário cultural pirenopolino. É uma grande celebração que se enraizou na alma do povo. Por isso será doído sua ausência e um vácuo sobrará sem algo para preenchê-lo.

Mas temos sempre que tirar proveito dos revezes da vida e usar isso para melhorias. Então surge agora a oportunidade de repensar as celebrações do Divino Espírito Santo, pois muita coisa foi perdendo a essência no transcorrer do tempo.

Percebam no que vai se transformando o pouso da folia, por exemplo. Ou notem como restaram poucos mascarados tradicionais, de máscara artesanal e cavalo ricamente ornamentado. Não faz muito tempo e o festeiro tinha mais glamour, inclusive em época mais remota ele possuía o poder de libertar um preso da cadeia. Do caixeiro ao pegador de lança, ninguém cobrava, já que o trabalho era em devoção ao Espírito Santo.

Vamos prestar atenção e melhorar ainda mais, para que ano que vem façamos uma grande festa. É tempo de reflexão, de voltar às origens e fazer uma Festa do Divino nos moldes tradicionais.

Adriano Curado

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Dia do Trabalhador

O Dia do Trabalhador ou do Trabalho é comemorado internacionalmente em quase todos os países do mundo. A data é uma homenagem ao dia 1 de maio de 1886, quando uma greve foi iniciada em Chicago, com o objetivo de conquistar condições melhores de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a 17 horas, para oito horas. Nessa manifestação, houve confronto com policiais o que resultou em prisões e mortes de trabalhadores.

No Brasil, foi Getúlio Vargas quem criou o chamado Dia do Trabalho, em vez de Trabalhador como era defendido pela esquerda da época. Nesta data os governos instituíram o hábito de anunciar o novo salário mínimo. Também nesta data foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1º de maio de 1943.

Infelizmente, as reformas Trabalhista e Previdenciária embaçaram um pouco o lustre deste dia, mas a luta em prol dos trabalhadores é constante.