Benedito
Félix da Costa Ferreira: Imperador 2013
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Uma
figura importantíssima na Festa do Divino de Pirenópolis é a do
Imperador. Embora não haja restrições, nunca houve uma Imperatriz. Ocorreram festas memoráveis, e creio que a mais famosa seja de Chico de
Sá, em 1917. Mas posso citar também a de Agostinho de Pina (1953), que
doou novos instrumentos para a Banda Fênix e vestiu muitos
cavaleiros.
É
verdade que o Imperador já teve mais destaque. Era um personagem que
determinava os rumos dos festejos. O exemplo disso são as Cavalhadas, que dependiam
de prévia aprovação sua.
| Rafael Samuel Nonato: Imperador 2012 |
Exercia
também certa autoridade sobre os pirenopolinos, intervia em brigas
familiares e possuía o direito de libertar um preso da cadeia. Nos
dias atuais, entretanto, seu poder é mais simbólico. A festa
acontece com ou sem sua aprovação. Ele ficou restrito a guardião
da Coroa do Divino e do cetro, a fornecedor de refeições aos
participantes etc.
Sua
participação nos festejos é muito curta. O auge é o Cortejo
Imperial, tão belo e tão desprestigiado. Antigamente era um grande
evento social acompanhar o festeiro na manhã do Domingo do Divino.
As pessoas acordavam cedo, vestiam a melhor roupa e se posicionavam
uma atrás da outra, qual procissão.
| Mauro de Pina: Imperador 1966 |
Mas
agora tudo mudou porque os antigos desanimaram, preferem ir direto
para a Igreja, e os jovens viram a noite nos ranchões de dança.
Pouquíssimas pessoas participam do Cortejo Imperial, dá até dó.
O
Imperador sai de sua casa às oito horas, acompanhado da Banda Fênix,
da Banda de Couro, do Congo, da Congada, do cordão de virgens etc. e
segue sob um teto de bandeirolas vermelhas e brancas. Dá saudades de
outras festas, dos que já se foram para outro plano etc. Segue
dentro de um quadro formado por quatro varas atadas nas pontas por
quatro virgens.
| Thales José Jaime: Imperador 2011 |
A missa
solene é das mais belas apresentadas em Pirenópolis, cantada em
latim pelo coral local e com participação de muitos músicos. Até
bem pouco tempo Ita e Alaor eram figuras indispensáveis na
solenidade, sempre com seus violinos a tiracolo. Essa missa
geralmente é celebrada pelo bispo de Anápolis e costuma demorar
bastante, quase a manhã toda.
Terminada
a missa, na sacristia da Matriz é feito o sorteio do novo Imperador
do Divino, aquele que realizará a festa no ano seguinte. Antes, qualquer pessoa podia participar do sorteio (entrar na sorte), mas na
atualidade a Igreja restringiu os candidatos aos frequentadores da
paróquia. Primeiro são sorteados os mordomos (do mastro, da
fogueira, da bandeira etc.) e por último o Imperador.
| Geraldo de Pina: Imperador 1969 |
Numa
cerimônia simples dentro da Matriz, no domingo à noite, após as
Cavalhadas, o padre convida o Imperador do ano e o novo a se
aproximarem do altar. Nesse momento, a Banda Fênix toca o Hino do
Divino e toda a assistência canta. O celebrante então retira a
Coroa da cabeça do Imperador velho e na sequência coroa o novo
Imperador, quando então a banda repete o Hino.
O
Imperador do Divino deste ano é Benedito Félix da Costa Ferreira.
Adriano
César Curado
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| Marcus de Siqueira: Imperador 2009 |

Adriano, gostei demais da sua matéria, você nos dá uma verdadeira aula de história. Parabéns.
ResponderExcluirNão sabia que a cerimônia de coroação acontecia assim. Você é demais, historiador!
ResponderExcluirA tradição está se perdendo.Uma pena, dor no coração.Parabéns pelo posto primo, mais uma vez, DEMAIS!
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